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Fichamento Rede de Atenção Psicossocial: qual o lugar da saúde mental?

Por:   •  18/11/2018  •  2.442 Palavras (10 Páginas)  •  270 Visualizações

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Uma rede composta por serviços, domicílio e comunidade torna-se útil para a construção compartilhada do cuidado, onde trabalhadores e usuários somam saberes técnicos e experiências. Porém, alguns discursos mostraram que a conexão entre a rede se dá através do trabalhador que media o caminho do usuário de serviço em serviço, onde não há uma demanda organizada e o processo de trabalho é composto por uma diversidade de ações e linhas de cuidado.

Nesse contexto, se observa que o município não obedece um modelo piramidal, não há uma “porta de entrada” fixa, as demandas podem vir de qualquer setor e nível de complexidade da rede. As equipes se articulam entre os serviços e se adequam à necessidade do usuário. Há um aproveitamento da mobilidade dos profissionais entre os serviços para fazer essa articulação, o que revela o potencial dos profissionais para o cuidado em rede, o controle sobre seu processo de trabalho e a capacidade de governarem a produção do cuidado que está sob seu domínio.

A articulação entre os serviços e o matriciamento em saúde mental na atenção básica, ajuda a evitar a fragmentação do atendimento e facilita o planejamento das ações em território. Assim, pode ser construído um projeto terapêutico que vai além das fronteiras de um único serviço, contando com vários atores para dar continuidade ao cuidado.

A atenção à saúde mental em Sobral constitui quase como um modelo des-hierarquizado, onde o usuário é cuidado integralmente podendo circular entre os diversos níveis de complexidade, através da articulação entre os serviços de saúde mental e com toda a rede assistencial. Esse fator impulsiona a desconstrução da ideia de que o cuidado ao usuário de saúde mental precisa ficar limitado a um ambiente restrito a ele.

- CITAÇÕES

“O pressuposto é que não há um equipamento ou mesmo equipe de saúde considerado autossuficiente na produção do cuidado.” (p.254)

“Como evidenciado, os procedimentos burocráticos do sistema de referência e contrarreferência ocorrem de maneira engessada e rígida, sem possibilidade de flexibilização. Desse modo, a circulação dos usuários fica obstaculizada por inúmeros procedimentos que lhes dificultam os atendimentos. Trata-se de exigências formais segundo as quais consultas especializadas só podem ser marcadas se referenciadas por meio da rede básica de saúde. Tal exigência enrijece o acesso dos usuários aos serviços prestados.” (p. 254)

“Contudo, o sistema precisa funcionar de acordo com as necessidades de seus usuários, e não com base em forma preestabelecida, na qual os usuários é que têm de se encaixar.” (p.255)

“É preciso, portanto, reconhecer a existência de um tipo de rede que se constitui sem modelo, que não parte de uma estrutura, pois se constrói em ato, com base no trabalho vivo de cada trabalhador e equipe, mediante fluxos de conexões entre si, na busca do cuidado em saúde, seja em encaminhamentos realizados, procedimentos partilhados, projetos terapêuticos que procuram consistência no trabalho multiprofissional.” (p.255)

“As redes atravessam equipes e equipamentos de saúde, podem se articular de uma unidade básica para emergência, ou desta para um hospital; enfim, os caminhos a serem percorridos são acionados sempre para cada caso[...].” (p.256)

“Para Alves (2001), um dos dispositivos estratégicos mais eficientes para a superação do modelo manicomial são os Centros de Atenção Psicossocial.” (p.256)

“Os Caps subvertem a lógica da hierarquização e se organizam agregando os diferentes níveis de atenção à saúde em uma só unidade. Fazem, pois, surgir importantes questões na própria organização do SUS. Prestam atendimento especializado dos casos de transtornos mentais e são responsáveis pelo acompanhamento dos pacientes nas unidades de internação nos hospitais gerais. Podem atuar em nível de atenção primária, no acompanhamento e apoio matricial de casos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), perpassando, portanto, todos os níveis de complexidade da rede de saúde (ONOCKOCAMPOS; FURTADO, 2006).” (p. 257)

“No apoio matricial em saúde mental, há a configuração da construção de um projeto terapêutico amplo, onde a equipe de referência não apenas está envolvida no caso, mas articula outros atores para a condução deste (CAMPOS, 1999).” (p.257)

“O apoio matricial consiste em atividades de atenção e de educação permanente realizadas pelos profissionais dos serviços de saúde mental em parceria com os profissionais do Programa Saúde da Família.” (p.259)

“Consoante discute Franco (2006), todo cuidado em saúde sempre se produz em rede, por meio de articulações entre os serviços de saúde nos seus diversos níveis, entre as equipes, os saberes, as práticas e as subjetividades, remetendo à ideia de imanência e de interdependência. Assim, existe cuidado compartilhado quando há entre trabalhadores, e destes com usuários, o compartilhamento de saberes e fazeres, o encontro, mútuo reconhecimento, e intercessão do saber científico com o saber da experimentação da vida, popular, que entrelaça as diversas racionalidades e a dimensão sensível e afetiva. Cuidado compartilhado é uma forma de fazer, e neste sentido é uma tecnologia de trabalho em saúde.” (p. 261)

“A construção de redes revela um trabalhador ativo, implicado e construtor de linhas de cuidado que também não obedecem a uma ordem na sua singularidade; ela se forma para atender à necessidade de cuidado e a um projeto terapêutico igualmente singular.”(p. 262)

“A organização dos serviços de saúde mental de Sobral se aproxima de um tipo em que há espaços para a constituição de redes mediante de conexões e fluxos produzidos pelos próprios trabalhadores, no cuidado cotidiano, e dentro de um critério de liberdade que constitui o trabalho vivo em ato.” (p.263)

“[...] o processo de trabalho em saúde opera em rede, pois parte da constatação segundo a relação dos trabalhadores entre si, e deles com usuários, possibilitando a interlocução entre os atores na construção de redes na produção do cuidado.”(p. 264)

“[...] o processo de trabalho em rede se constrói com base na desconstrução dos modelos preestabelecidos e normativos, engessados em funções cristalizadas.”(p. 264)

“[...] os serviços de saúde mental se articulam entre si e também com os demais componentes da rede de serviços integrantes do sistema de saúde. Rompem com a ideia de hierarquização

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