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Cultura e os Processos de Saúde e Doença

Por:   •  21/2/2018  •  1.014 Palavras (5 Páginas)  •  374 Visualizações

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- A Dinâmica Cultural

As novas discussões sobre a relação saúde/doença aplicam-se com um conceito de cultura fundamentalmente diferente daquele presente nos trabalhos de Ackerknecht e Rivers ou dos antropólogos que agiam em projetos aplicados. Segundo eles, a cultura existe a priori da ação. Baseiam-se em normas, práticas e valores vistos como anteriormente estabelecidos e fixos que determinam os pensamentos e as atividades dos membros de uma cultura.

A cultura é apresentada na interação social, onde os atores comunicam e negociam os significados ancorados em arranjos particulares de instituições e padrões de interações interpessoais.

Cultura nada mais é que uma unidade de valores, crenças, normas, etc. é uma construção simbólica do mundo sempre em modificação. É um procedimento simbólico fluido e aberto.

- A Doença como Processo

Conforme a visão de cultura como procedimento simbólico, a doença é considerada como um processo e não um momento exclusivo nem uma classe fixa. É uma ordem de eventos justificada por dois objetivos:

- Compreender o sofrimento no sentido de estabelecer a experiência vivida;

- Se possível suavizar a dor.

O estudo do significado da doença aparece através do seu sistema. Assim, para entender a clareza e o significado é necessário seguir todo episodio da doença.

Por sua vez, os sintomas da doença não são por características claras. Podendo causar interpretações divergentes entre pessoas, mesmo estas tendo o mesmo conhecimento e identificação diagnóstica.

- A Doença como Experiência

Enfim, vamos estudar o conceito da doença como experiência. A doença não é mais um quadro de sintomas-físicos universais visto numa existência empírica, mas um processo subjetivo no qual a experiência corporal é medida pela cultura.

Numa mesma sociedade, a dor é vivida de forma diferenciada, depende muito de elementos como sexo e classe social. Um exemplo de tal experiência é que entre os descendentes dos açorianos na Ilha de Santa Catarina, os homens não sentem dores e sintomas de saúde na mesma proporção que as mulheres.

Outro exemplo é a experiência vivida pelas mulheres no parto. Enquanto certos grupos sofrem com a dor e o medo, em outros lugares ou classes, passam pela mesma situação com pouca referência a dor.

Não é que a dor simplesmente se apresenta diferentemente, dependendo da cultura ou do grupo. A relação corpo/cultura vai mais além da questão do sofrimento físico. O que o corpo sente não separado da sensação, isto é, a experiência corporal só pode ser compreendida como uma realidade subjetiva na qual o corpo, sua concepção, e os significados se juntam numa experiência particular que vai além dos limites do corpo em si.

Cada vez mais aprendemos como as experiências da vida e suas interpretações dominam os processos de adoecer e sarar. Esta nova área vem de encontro à antropologia para notar que os processos de saúde e doença não só consistem em processos puramente biológicos, e que os processos simbólico-culturais, sociais e individuais – que formam o significado da experiência são elementos no avanço de uma doença.

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