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A Humanização no Parto

Por:   •  9/2/2018  •  4.047 Palavras (17 Páginas)  •  283 Visualizações

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Nesta época, as propostas do movimento feminista e do movimento sanitarista brasileiro caminhavam na mesma direção. Desta convergência de propostas derivou o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Lançado em 1983, trazia de modo inovador dentro das políticas públicas de saúde o conceito de atenção integral à mulher e o direito de exercer ou não a maternidade. Desde então diversos órgãos públicos e programas, governamentais de assistência à mulher foram criados, dentre estes podemos destacar o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher; Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais dos Direitos da Mulher, além de Delegacias de Atendimentos às Mulheres.

O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher foi criado na intenção de alcançar dois objetivos gerais: intervir nos problemas relacionados à saúde reprodutiva (gestação, parto e puerpério) e, “ampliar a noção de mulher, para além de sua interface com a reprodução humana”. No entanto, a eficiência de tal programa permanece questionada quando evidenciamos que raramente assiste a mulher além do foco reprodutivo e ainda, as taxas de morbimortalidade permanecem elevadas .

Na última década, o Ministério da Saúde na intenção de reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal, instituiu o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Tal programa, baseado nas necessidades da mulher na gestação, no parto e do recém-nascido, constituiu-se de medidas que asseguram maior acesso e qualidade do acompanhamento pré-natal, parto, puerpério e neonatal, além da ampliação das ações relacionadas à gestação de alto risco .

A implementação de programas de referência hospitalar, adequação das maternidades, capacitação dos profissionais de saúde, aquisição de equipamentos, disponibilização de mais leitos obstétricos e reestruturação da área física para atenção às gestantes, vem sendo incentivados pelo Ministério da Saúde como objetivo de organizar a rede de saúde de atendimento de maior complexidade à saúde da mulher brasileira .

3 Humanização na Assistência ao parto

Abordar o tema “humanização” implica em acreditar-se que a assistência é prestada de forma “desumanizada” e isto, ao longo do tempo, se deu pela excessiva tecnização da assistência onde, historicamente, o trabalho técnico é realizado pelo médico e as condutas de maior contato humano pelos demais membros da equipe. Associado a essa cultura está a idéia, por parte dos usuários, que a parte mais importante desta assistência corresponde às orientações técnicas.

Encontrar um único conceito para definir o termo humanização não é fácil e por este ser amplamente enfocado nas grandes áreas do conhecimento, a humanização é enfatizada nas mais variadas abordagens e vertentes emergentes que norteiam esse.

Para o Novo Dicionário Aurélio em sua segunda edição ampliada e revisada (1986, p. 908)

Humanizar. V.1. Tornar Humano; dar condição humana. 2. Tornar benévolo, afável, tratável; humanar.

3. Fazer adquirir hábitos sociais polidos; civilizar. 4. Bras.; CE. Amansar (animais). P. 5. Tornar-se humano; humanar-se.

No entanto todos estes sinônimos não conseguem traduzir todos os significados desta palavra quando se trata de condutas humanizadas na assistência à saúde.

A humanização da assistência ao parto requer o respeito à fisiologia feminina sem intervenções desnecessárias, reconhecendo ser o parto um processo natural, oferecendo assim um suporte emocional à mulher que durante esse processo encontra-se fragilizada com ansiedades e medos.

Nesta perspectiva as casas de parto visam valorizar o fenômeno do parto e nascimento em sua essência, como um processo natural e funciona como uma unidade autônoma dispondo de recursos materiais e humanos compatíveis para prestar assistência de qualidade às gestantes, parturientes e recém-nascidos .

É importante enfatizar que a assistência humanizada não é só condição técnica, mas prioritariamente a solidariedade, o respeito e o amor pelo ser humano. Sendo importante salientar que de todos os profissionais da saúde envolvidos na assistência, o enfermeiro obstetra, é o que tem maior responsabilidade nesta humanização, uma vez que mantém sob sua responsabilidade um grande número de profissionais de enfermagem, que deverão estar comprometido com esta assistência.

Durante o período gravídico puerperal a mulher se vê num impasse de sentimentos, que se depara por conflitos emocionais e a mudança do corpo, que a toma vulnerável e sensível. Ela vivência uma ambivalência constante, devido a fatores psicológicos e hormonais.

No terceiro trimestre, ocorre a presença de temores, premunições tendendo ao aumento da ansiedade. Durante a gravidez a gestante apresenta uma série de necessidades que a enfermeira precisa atender, e uma delas é a necessidade de educação e orientação em relação ao que esta acontecendo em seu corpo, bem como sua preparação imediata para o trabalho de parto, o próprio parto e a assistência ao recém nascido .

Assim, humanizar pressupõe o desenvolvimento de algumas características essenciais ao ser humano, entre elas as que se fazem urgentes e necessárias em todos os aspectos, como a sensibilidade, o respeito e a solidariedade.

Humanizar a assistência implica em humanizar os profissionais de saúde, em humanizar as pessoas. Inclui a atitude e a postura que se assume diante da vida e do modo como interagir com os outros.

Quando se trata da assistência à mulher por ocasião do trabalho de parto e parto é fundamental que este seja um momento de confiança e segurança entre profissional e cliente. Torna-se necessário um cuidado diferenciado com orientações a cada procedimento, valorizando a participação ativa das parturientes e respeitando o momento de dor.

Segundo o Ministério da Saúde hoje é imperativo a segurança na assistência hospitalar ao parto que deve garantir os benefícios dos avanços científicos, mas principalmente deve resgatar a autonomia da mulher diante do parto num exercício de cidadania feminina .

Alguns movimentos defendem que a humanização na assistência ao parto seja visto como um processo que respeita a individualidade das mulheres, colocando-as como protagonista e buscando uma adequação da assistência à cultura, crenças, valores e diversidades de opiniões dessas pessoas.

A necessidade dessa

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