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Karate, da Prática a Reflexão

Por:   •  30/3/2018  •  6.722 Palavras (27 Páginas)  •  232 Visualizações

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Karate na Educação Física

Os conteúdos da Educação Física trabalham com determinadas modalidades historicamente e socialmente produzidas; esportes, jogos, brincadeiras, ginásticas e lutas fazem parte deste universo. Neste contexto Kanazawa (2010) expressa que a palavra Karate significa a arte da mão vazia. Ao proporcionar às crianças a prática não devemos percebê-lo a partir dos princípios da esportivização, mas como uma prática corporal que rica em significados, numa relação de filosofia de vida, que favorece a consciência corporal e habilidades gerais do ser humano. O objetivo da arte é a união do BU - guerreiro - e do DÔ - caminho – o meio de aplicação da sua filosofia.

A partir da realidade pesquisada com as possibilidades para a prática do Karate como uma forma de refletir sobre os diversos conteúdos da Educação Física, evidenciamos que esta arte agrega saberes relevantes ao universo de movimentos. Os espaços educativos possuem a responsabilidade de articular saberes que possam contribuir com a promoção do sujeito autônomo e integrado. Gohn (2010 p.15 - 16) expressa que “[...] a educação não formal é aquela que se aprende no mundo da vida, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos.”

Ao agregar o Karate, na Educação Física, no espaço não formal de educação, devemos possibilitar a ampliação da cultura de movimento. Para Nakayama (1977), o Karate é uma arte de defesa pessoal de mãos vazias, em que o sujeito domina todos os movimentos do corpo por meio de técnicas bem controladas, de acordo com sua força de vontade, as quais são dirigidas para o alvo de maneira precisa e espontânea. É classificado como um tipo de luta, entendido como disputa, em que os oponentes devem ser subjugados, mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio de imobilização ou exclusão de um determinado espaço, na combinação de ações de ataque e defesa.

Como conteúdo, o Karate é pouco utilizado no âmbito escolar, ou em espaços educativos, o seu trato pedagógico levanta questionamentos e preocupações diversas entre os alunos e pais pelo estigma decorrente dos processos históricos e sociais instituídos. Portanto torna-se necessário dialogar sobre a violência e a real intencionalidade da cultura. Também devemos considerar que é uma cultura pouco reconhecida pelos professores. Nascimento e Almeida, (2007) apontam que o tema/conteúdo lutas é pouco acessado e, inclusive, o seu trato pedagógico suscita questionamentos e preocupações diversas por parte dos profissionais atuantes na Educação Física. Portanto, quando tratamos do tema lutas em espaços educacionais, apesar de ser um conteúdo bem polêmico, apresenta inúmeras vantagens para a aprendizagem e desenvolvimento pessoal.

Torna-se necessária a revisão de conceitos éticos e morais coerentes, portanto precisamos estabelecer estratégias eficazes nos processos de ensino. O Karate pode ser um grande instrumento auxiliador no processo de cidadania, tornando-se um meio de socialização, educação, integração e desenvolvimento do indivíduo. É necessário proporcionar às crianças possibilidades para o desenvolvimento nos planos psicomotor, afetivo, cognitivo. O Karatê é um espaço de desafio para desenvolver o caráter, honestidade, esforço, respeito, autocontrole. Estudar, compreender as técnicas estimulam a autoconfiança, necessária para a autodefesa. Autodefesa é um estado mental, não uma combinação de técnicas. A melhor autodefesa é evitar conflitos entre pessoas.

O Karate é, realmente, um conteúdo fundamental nas aulas de Educação Física e deve priorizar o diálogo, que poderá ocorrer por meio das brincadeiras. A criança pode aprender a ter autocontrole por meio do processo de reflexão em conjunto com a prática. O fato de incluir brincadeiras na aprendizagem nos remete a necessidade de refletir sobre o brincar, sua importância e a sua vinculação com as aulas de Educação Física.

Também precisamos confrontar com o que a mídia impõe sobre as artes marciais, pois muitas práticas apresentadas não expressam a real intencionalidade da auto defesa, da harmonia, do respeito, da disciplina, etc. Pela via da competência da comunicação e social para que cada conteúdo seja mostrado sua real situação pedagógica, Kunz (2003, p.139) nos alerta que,

“Vale lembrar, mais uma vez, que o ensino escolar para uma formação crítica-emancipatória e que considera cada área especifica, hoje denominada de disciplina, como um campo de pesquisa e estudo, pretende preparar o aluno para uma competência do agir”. Essa competência do agir se resume em última análise, à competência objetiva/pratica ou instrumental, à competência social e à competência comunicativa.”

O Karate tem seu poder de encantamento e apresenta um potencial de estabelecer diversas habilidades e capacidades, de socializar crianças, jovens e adultos em todo o mundo, devido aos seus movimentos, transmitindo aos seus praticantes como autodefesa, autocontrole que proporcionam paz a seus praticantes e aproxima pessoas, restringindo as barreiras sociais e econômicas.

A característica do Karate como esporte deve ser entendida como autodefesa e autocontrole sobre diferentes aspectos que envolvem a reflexão das práticas desenvolvidas, e não a violência como forma de agressão física ou psicológica. Aranha (2011, p.?) argumenta que,

“Um ponto bastante importante no Karatê é a postura do aluno no dojô (local de treinamento). Neste, existe algumas regras básicas que devem sempre ser ensinadas para poder contribuir com a formação do aluno, além de preservar a filosofia do Karatê. Todo aluno ao entrar no dojô deverá fazer o cumprimento (reverência) e posteriormente dirigir-se ao professor fazendo mais uma vez a reverência dizendo a palavra “oss” (que significa: olá, até amanhã, com licença, por favor, obrigado).”

Os principios éticos são determinantes para as crianças, uma vez adquiridas virtudes, atitudes de respeito, as crianças poderão adotar posturas de aceitação e enfrentamento positivo, com isso poderão tratar com mais coêrencia os problemas da envolvidos nas relações e também enfrentar as dificuldades do dia a dia. O próprio preconceito em relação às lutas, principalmento nos espaços educativos, é algo que surgirá no processo, pois há vários fatores de negação. Guimarães e Guimarães (2002, p.11) argumetam que:

O Karatê-Dô proporciona ao seu praticante uma arena de combate interior, onde a submissão como

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