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O PAPEL DO BRICS NA POLITICA EXTERNA BRASILEIRA

Por:   •  21/8/2018  •  5.234 Palavras (21 Páginas)  •  366 Visualizações

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A PROEMINÊNCIA DE UMA NOVA ORDEM GLOBAL

Podemos verificar que ao decorrer dos anos os debates relacionados ao sistema internacional foram concentrados em dois pontos: na habilidade de influenciar que os países possuem e no posicionamento que ocupam através do contexto de poder entre os Estados. Começam a surgir possibilidades de se constituir uma nova ordem global provocando assim grandes debates dentro do sistema internacional, envolvendo polaridade e hegemonia como uma forma de evidenciar o quão transitivo está sendo o período histórico contemporâneo.

Quando as potências emergentes passam a ser inclusas num posicionamento de responsabilidade, perante fóruns paralelos e a organizações internacionais, tem colaborado para uma ampla diversificação e pluralidade na conjuntura da ordem global, resultando no surgimento de um sistema multilateral de economia onde o maior desafio consiste na adequação da balança de poder manifestada em termos de normas institucionais reguladoras e de desigualdade dos pesos econômicos.

A consolidação do G20 como órgão de decisão em matérias econômico-financeiras é um dos principais objetivos viabilizados com decisivo apoio dos BRICS. O BRICS é influente dentro do G20, e os dois grupos juntos influenciam outros foros. Sendo o G20 um foro criado para dar respostas à crise global, é natural que os membros do BRICS tenham um peso relevante também nos órgãos de governança financeira, como o FMI e o Banco Mundial. (PIMENTEL, 2013, pg. 183).

O aumento crescente da importância dos países emergentes dentro da economia política global tem mostrado que o surgimento de novas estruturas de poder é de extrema importância para que os mecanismos de resolução de crises obtenham uma eficaz implementação, podendo levar em conta a pluralidade de interesses que não mais encontram suas limitações nas grandes potências do ocidente.

Sendo um país emergente ou uma potência, nenhum país na atual ordem do sistema mundial, domina a capacidade de mostrar um papel de liderança capaz de orientar uma saída para a crise seguindo por seus modelos, reforçando assim a importância que novos polos de poder desempenham tomando cada vez maior espaço.

Através de demandas diversificadas que fazem o cruzamento em um ambiente definido por crescente independência entre definições relacionadas ao caráter global e local, essas coalizões internacionais proporcionam através de seu dinamismo, dentro de um prazo médio ou longo, impactantes mudanças na forma de se comportar dos atores, resultando em gradativas ou rápidas transformações na estruturação de interatividade internacional. “Havia, assim, uma tentativa de ampliar gradualmente o círculo dos países cuja participação era percebida como necessária para assegurar eficácia e legitimidade a certas decisões e iniciativas das economias centrais”. (COZENDEY, 2013, p. 162).

É muito importante analisar a conjuntura internacional desde a origem que remonta o sistema mundial moderno, para assim compreender as transformações do mundo contemporâneo. Podemos verificar que durante a segunda parte do século XX, o sistema de países foi testado por divergentes ordens globais, caracterizadas pelo expansionismo comercial mundial, acumulação de riquezas, guerras, nos quais os Estados Unidos e os países da Europa revezaram-se nas questões de controle, dando origem assim, as potências hegemônicas com seu vasto poderio econômico e politico. A modificação desse modelo de dominação, com o decorrer da história até a atualidade, evidencia um esforço de rearranjo de poder abrindo caminho para o surgimento de novas lideranças que possam conduzir e orientar, de uma maneira, maiormente democrática, um processo no sistema internacional conhecido como multilateralização para articular os diferentes temas globais.

A grande desigualdade observada no que se refere ao desenvolvimento distributivo da riqueza entre os Estados é um aspecto econômico fundamental no sistema mundial da atualidade. A depender das estratégias econômicas e políticas de cada país, pode haver possibilidade seletiva de mudança dentro desse sistema.

A Crise financeira que ocorreu em 2008 provocou um grande abalo no mundo todo, porém Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países emergentes que se encontravam com um bom desempenho econômico no momento, se tornaram atores mais ativos nos debates aos rumos que o sistema econômico global deveria tomar, a proximidade entre os grandes países periféricos também foi colada em evidencia. “Além disso, a crise econômico-financeira oferecia ao grupo uma oportunidade singular para fazer valer seu crescente peso econômico”. (LEÃO, 2013, p. 80).

Através desse evento, ficou cada vez mais evidente a potencialidade participativa que esse grupo detém sobre decisão política dentro dos mecanismos multilaterais, tornando-se, além disso, as grandes representatividades do novo arranjo de economia e comercio global. A ordem global atual pode ser refletida através de um entrosamento entre estruturações multirregionais e o concerto de grandes potências. Consistindo, de um lado, em grandes potências sem regiões funcionais (China, Rússia, Índia e os Estados Unidos) e, de outro lado encontra-se a União Europeia com uma região, até certo ponto, funcional.

Se pararmos para analisar em termos de grandes economias regionais, o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, são os países e economias de maior importância em suas relativas regiões, são responsáveis por uma grande parte da produção, da população e também pela parte mais expressiva do comércio interno e externo que ocorre tanto na África quanto na América do Sul, dessa forma possuindo o potencial necessário para, por meio de estratégias globais, assegurarem seus posicionamentos políticos conjuntos dentro de temas concernentes à agenda global.

Nos primeiros anos do século XXI, a China ascendeu ao posto de segunda economia do mundo e de maior exportadora global (2010); o Brasil passou à posição de sexta maior economia do planeta (2011); a Índia mantém elevadas taxas de crescimento anual, sendo a nona maior economia; a Rússia recuperou sua autoestima com base na estabilidade econômica, situando-se como a décima primeira maior economia; e a África do Sul apresenta-se ao mundo reconstruída em sua dignidade nacional com o fim do apartheid e com o fortalecimento de sua democracia e de sua economia. (REIS, 2013, pg. 53).

Dessa forma, o desenvolvimento de blocos com múltiplos objetivos é um ponto primordial para compreender a transição atual, pois podemos

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