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Fichamento Relações Internacionais

Por:   •  6/3/2018  •  2.613 Palavras (11 Páginas)  •  315 Visualizações

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Outra doutrina importante para o exame das Relações Internacionais, foi a Escola Inglesa que teorizava a “Sociedade Internacional” a partir dos estudos do holandês Hugo Grotius conhecido como “pai do Direito Internacional”, que de certa maneira formou a essência dos Tratados de Westphalia defendendo “a necessidade de se estabelecer normas de comportamento para os Estados da Europa mesmo sob condição de guerra”, e dos de Hedlley Bull que argumentava que o suporte central da Escola Inglesa era a sociedade internacional , que mesmo sem um governo central de autoridade internacional não impede sua existência, e as relações internacionais como a formulação de uma teia de interações cooperativas e de partilha de valores culturais.

Por último o Grande Debate final e mais complexo com suas críticas originadas do feminismo, pós-modernismo e da teoria crítica, esta última trabalhava para recuperar a teoria de Karl Marx como ponto de apoio de reflexão e rejeitava a “ideia realista da existência de um sistema de Estados que funciona segundo leis imutáveis e universais” para eternizar o poder das grandes potencias em escala mundial determinadas pelo desenvolvimento do capitalismo, defendendo que toda teoria deve funcionar como incentivo para mudanças nas relações sociais em todo mundo. A crítica pós-modernista julga todas as teorias das Relações Internacionais por serem todas de mesma metanarrativa filosófica Iluminista onde a ciência tem mais importância que o saber. Para os pós-modernistas “o Estado como realidade objetiva, simplesmente não existe; trata-se de mera ficção construída por acadêmicos e cidadãos, com a finalidade de dar significado as ações sociais que empreendem entre si”. Por fim o questionamento de gênero é recente nas Relações Internacionais, pois segundo estudiosos estas seriam uma extensão dos temas nacionais e que apenas tratam da “alta política” diferindo-se das questões de gênero que seriam relacionadas à “baixa política”. Esta questão pode ser abordada nas Relações internacionais de duas formas: da omissão dos relatos aos feitos desempenhados pelas mulheres que mesmo tendo cumprido papéis relevantes na história são ignoradas pelos homens na hora de expor tais processos, e da crítica ao ponto de vista exclusivamente masculino teórico das Relações Internacionais, exprimindo apenas valores masculinos sem a verdadeira concepção das relações internacionais.

A disciplina de Relações Internacionais está fundada sob a marca política-ideológica do Liberalismo, que propunha que as ideias de livre-comércio de aproximar os indivíduos a culturas diferentes os tornando mais flexíveis e compreensivos, criando um inter-relacionamento econômico entre Estados buscando a prosperidade geral e dificultando assim a possibilidade de guerras; a democracia que repudia a guerra e tende a sensatez a solucionar os problemas por diálogos e negociações com muitos participando dessas decisões; e ao Direito Internacional que complementa as ideias anteriores, pois o Direito em si fornece certa ordem à anarquia internacional estabelecendo algum equilíbrio entre os Estados, seriam suficientes para a prosperidade e paz mundial. Tais ideias foram fortalecidas por Woodrow Wilson após o término da Primeira Guerra Mundial na política internacional, que também alegava a incapacidade do sistema de adquirir uma paz durável, sendo necessário um novo pensamento às relações internacionais intervindo com seu documento chamado e “Catorze Pontos de Wilson” em 8 de janeiro de 1918 que sugeria convenções de paz, livre navegação e o comércio deliberado entre as nações, redução dos armamentos, atenção às reivindicações das colônias, a formação de uma associação geral das nações entre outras medidas para selar a paz e evitar mais guerras. Por isso, as Relações Internacionais em sua fase inicial buscavam a utopia de promover a paz mundial antes de consolidar sua base teórica para o conhecimento da realidade internacional. Com a crise dos nos 1930, a Segunda Guerra Mundial e a bipolarização do mundo na Guerra Fria, foi desconsiderado o Liberalismo com sua luta pelo poder distanciada do desejo de paz, logo o Realismo foi mais aceito durante essa época conseguindo exprimir as perspectivas que davam sentido as relações internacionais em todos os aspectos. Contudo, ao fim da Guerra Fria e a incapacidade dos realistas de preverem a queda do socialismo foi retomada a teoria Liberal para dar conta das relações internacionais contemporâneas, que com uma percepção mais adequada aos ideais de Wilson foi possível compreender o mundo no agora Neoliberalismo.

Ainda assim o Realismo é um pensamento de tradição nas Relações Internacionais, desenvolvido de inúmeros pensadores dessa doutrina como Maquiavel, Sun Tzu, Tucídides e sendo Thomas Hobbes o que de fato estabeleceu normas compreensíveis para as relações internacionais contemporâneas, advindas de sua ideia de que no estado de natureza anárquico de todos contra todos dos homens, só se escapa da guerra instituindo uma sociedade, os realistas contemporâneos desenvolveram um mapa teórico que consistia nos seguintes pontos

1) A leitura da história ensina que os homens são, por natureza, egoístas e eticamente defeituosos, e não podem se libertar dessas deficiências;

2) De todas as maldades de que o homem é capaz, nenhuma é mais inexorável ou perigosa do que sua instintiva luta pelo poder e seu desejo de dominar os demais;

3) A possibilidade de erradicar a instintiva luta pelo poder é uma aspiração utópica;

4) Sob tais condições, a política internacional é a luta pelo poder, ‘uma guerra de todos contra todos’;

5) A obrigação básica de todo Estado – objetivo ao qual os outros objetivos nacionais devem estar subordinados – é promover o ‘interesse nacional’, definido como aquisição de poder;

6) A natureza do sistema internacional determina que os Estados persigam a capacitação militar para deter o ataque dos inimigos potenciais;

7) A economia é menos relevante do que o poder militar para a segurança nacional; a economia é importante como meio de obter poder e prestígio;

8) Os aliados devem aumentar a capacidade de defesa do Estado, mas sua lealdade e confiabilidade não devem ser anunciadas;

9) Os Estados nunca devem confiar sua proteção a organizações internacionais ou ao direito internacional e devem resistir aos esforços para regular a conduta internacional; 32

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