Analise - Dr. Strangelove e a Barganha

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Tal situação fica crítica entre os dois, Ripper e Mandrake, quando este primeiro dá a falsa notícia do ataque da URSS, instaurando o medo da concretização da guerra em Mandrake e influenciando-o a se colocar contrário a decisão do General Ripper, argumentando sobre a quão precipitada e infundada é essa medida com base nos noticiários que mostravam tranquilidade no país e não uma nação sob ataque como dizia Ripper. Mandrake descobre que nenhuma ordem de guerra foi emitida pelo Pentágono e tenta parar Ripper, mas ambos estão trancados no escritório. No momento em que Mandrake diz que não pode aceitar a ordem do general e que irá tentar impedir, Ripper o ameaça revelando um revolver sobre a mesa após ter trancado todas as saídas do escritório. Nesta situação notamos o uso da ameaça pelo general como meio para atingir seu objetivo que, no momento, era impedir que o Capitão Mandrake atrapalhasse de alguma forma seu plano. Ao mostrar a arma, o general tenta constranger Mandrake para que não faça nada. Notamos também que ele utilizou de uma ameaça fracionada, pois demonstra o risco do não cumprimento dela, e não a certeza da morte. Quando o general se coloca naquela situação tem um incentivo para comprometer-se com a ameaça, pois, se bem-sucedida não será preciso cumpri-la. Mas a eficácia da ameaça depende da credulidade do outro. A ameaça seria ineficaz se o ameaçador não pudesse demonstrar que teria um incentivo para cumprir a ameaça caso esta falhasse e isso é mostrado por meio da insanidade que se percebe em Ripper. A ameaça como método de barganha política e uma tática perigosa, devendo ser usada como último recurso por possuir alto teor destrutivo por ambos os lados se ela não funcionar de imediato. Ameaças apresentam conteúdo de predomínio inteiramente a questões individuais, igual ao que ocorre a uma confrontação de ações, isso porque é uma tática que não leva em conta nenhum interesse do outro. Até um equacionamento das ações é desapressado nesse tipo de situação, ameaças levam em conta um alto poder de comprometimento do ameaçante.

No Pentágono, Buck Turgidson, um general exagerado e patriota, comunica o Presidente Merkin Muffley e outros dirigentes e assessores sobre o ataque na sala de guerra. Segue com o presidente dos Estados Unidos, seus conselheiros e um oficial da força área britânica reunidos no pentágono para evitar que o bombardeio ocorra e provoque um incidente diplomático que terá como consequência uma guerra nuclear que vai pôr fim a vida na terra. O presidente Muffley fica chocado ao saber que tais ordens podem ser dadas sem a sua autorização, mas Turgidson lembra que o Plano R pode ser ativado por um oficial para lançar um ataque contra os soviéticos, se caso todos os superiores foram mortos em um primeiro ataque a Washington, só assim é permitida tal ação. Turgidson relata que seus homens estão tentando cada código de três letras possíveis para emitir a ordem de suspenção, mas que isso poderia levar mais de dois dias, mas os aviões irão atingir os seus objetivos em cerca de uma hora. Muffley então, ordena ao chefe do exército que invada a base e prenda o General Ripper.

Turgidson tenta convencer Muffley a deixar o ataque continuar e usar o elemento surpresa para aniquilar as forças armadas soviéticas completamente antes que eles possam retaliar. Muffley, no entanto, se recusa a ser parte do primeiro ataque nuclear. Em vez disso, ele traz para a Sala de Guerra, onde há um quadro com informações secretas, o embaixador soviético Alexei de Sadeski para participar da reunião de cúpula no pentágono e deixá-lo a par dos acontecimentos que poderiam mudar os rumos da humanidade, recebendo-o com um banquete e alguns charutos, tudo com a intenção de bajular. Essas ações são observadas na Barganha como movimentos contenciosos de ingraciação, um modo de conseguir chegar em seus objetivos ganhando a confiança do outro, porém deve ser aplicada com cuidado, já que quanto menos necessária esse tipo de ação melhor sua eficácia, pois seu inimigo pode perceber essa tipo de tática e não funcionar. Sempre tentar apresentar laços comuns entre o outro nesse tipo de ação, já que assim um equacionamento fica evidente como melhor caminho a ser escolhido, quando se tem laços comuns à confiança aumenta. Sempre tentar manter uma aparência soberana, de possuir poder e demonstrar sutilmente mesmo que não há possua, importante saber bajular nesses casos, mas não podemos deixar que o inimigo perceba que na verdade estamos frágeis com a situação.

Muffley chama o Sadeski para que este faça um telefonema para o presidente soviético Dimitri Kissov. Muffley avisa o Premier sobre o ataque iminente e oferece revelar as posições e metas dos aviões para que os russos possam evitar o ataque. O presidente americano porém culpa seu general Ripper pelo ataque, para assim dessa forma a culpa não cair sobre ele, e demonstrar total compaixão e indignação com essa atitude de seu General , expondo seu completo repúdio. E apoiando o Presidente russo a escolher uma maneira de atacar seus próprios aviões americanos, para destruir e ambos os lados saírem beneficiados, achando um equacionamento. A princípio podemos perceber, que os meios como o presidente norte americano utiliza da manipulação da culpa sobre o premier russo é uma tática bastante comum na barganha para amenizar as consequências dos atos até então realizados.

Na cena final do escritório do General Ripper , onde ele percebe que logo as forças norte americanas que foram mandadas pelo presidente estarão invadindo a sua sala, ele fica com medo de ser torturado e acabar cedendo e entregando o código para comunicar com as aeronaves e cancelar o ataque. Frente a essa situação, ele tem que tomar decisões rápidas, pois possui pouco tempo, ele entra no banheiro com uma arma, não diz nada para seu oficial Mandrake e comete suicídio. Podemos notar que Ripper estava em um nível de alto envolvimento com as ações, tanto que não admite voltar atrás e comete o suicídio, nesse tipo de situações ocorridas na barganha nos damos o nome de Brinkmanship, são circunstancias em que o indivíduo está tão envolvido que ambos os lados vão sofrer as consequências, e o perigo da guerra total se concretizar aumenta, por que a ameaça não e controlada.

Ganhos, preocupações relativas e a natureza de soma zero da Guerra Fria prejudicam o controle de armas e outras formas de cooperação entre os EUA e os soviéticos. Turgidson resume preocupações com ganhos relativos. Por exemplo, ele não vê valor na transparência fornecida pela presença do Embaixador De Sadeski na sala de guerra e calcula sempre as coisas em uma perspectiva de soma zero ou ganhos relativos entre eles e a