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A Retomada de relações diplomáticas entre EUA e Cuba

Por:   •  26/12/2018  •  4.938 Palavras (20 Páginas)  •  477 Visualizações

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No presente artigo, será dado um enfoque à vertente neoliberal das relações internacionais, uma vez que esta pode ser aplicada na assimilação de atuais fatos que chamaram a atenção no ambiente internacional: a retomada de relações diplomáticas entre os principais defensores da república - os Estados Unidos - e um dos Estados que ainda hoje se mantem persistente na aplicação do regime militar socialista como forma de governo no pós Guerra Fria - Cuba. Ao identificarmos as principais questões associadas à aproximação desses extremos e as vincularmos com as hipóteses teóricas, fica mais fácil perceber as relações de causa e efeito que serão provocadas dentro da ordem na qual estamos inseridos. Os benefícios com base na cooperação entre os dois países estão sendo discutidos por todo o globo, uma vez que a ação impactará o comportamento de muitos Estados, inclusive do Brasil. É evidente a relevância deste exame para o aprimoramento dos debates e do conhecimento crítico e teórico das relações internacionais nos dias de hoje.

- A Reaproximação de Cuba com os Estados Unidos

O rompimento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA foi desencadeado em um contexto de Guerra Fria. A ilha, em 1959, passou a ser governada pelo militar Fidel Castro e já a partir do ano 1962 (ano marcado também pela Crise dos Mísseis) a “boa vizinhança” acabou, impulsionada por estatizações de empresas que estavam acontecendo em solo cubano. O governo estadunidense construía políticas para conter o avanço dos ideais comunistas no dado período e, só a partir de 1977 as nações decidiram conversar novamente, contudo as seções só eram feitas para discussões de interesses de nível menor. Ainda com o intuito de aumentar as políticas de embargo, os EUA implementou leis como a Torricelli (1992) e a Helms-Burton (1996).

Cuba firmou parcerias para lhe fornecerem suporte ideológico, energético, econômico e no campo da saúde. A URSS, por exemplo, oferecia petróleo barato em troca do açúcar cubano. Ao longo dos anos e agravadas pela a queda da União Soviética, uniões como essa foram desfeitas. Em determinado período, aconteciam apagões em Cuba que chegavam a durar 14 horas diárias; além disso, uma epidemia de neurite - causada pela má alimentação – chegou a afetar 50.000 cidadãos. Fatores como esses fizeram com que a queda do regime totalitário em Cuba parecesse eminente, traduzida em obras ao exemplo de “Castro’s final hour”, de Andrés Oppenheimer (Simon & Schuster) e “Fin de siècle à la Havane”, de François Fogel e Bertrand Rosenthal, lançadas em 1993.

Raúl Castro, irmão mais novo de Fidel assumiu o comando cubano em 2006. O novo governante trouxe novas propostas e modernizações para Cuba, como diminuir o tamanho do Estado, que antes controlava mais de 90% da economia e empregava 85% dos trabalhadores, abrir as portas para empresas e investidores estrangeiros e eliminar restrições (inclusive aos dissidentes) para sair do país. Após dezoito meses de negociações secretas tendo o Canadá como mediador e o Papa como encorajador, Obama e Castro concordaram em iniciar um novo relacionamento entre os dois países. Portanto, no dia 17 de Dezembro de 2014 EUA e Cuba oficializavam sua reaproximação diplomática. Apesar das diversas expectativas, as negociações apenas começaram; a previsão é de que nos anos que seguem, muitos assuntos sejam abordados - entre eles a segurança nas áreas costeiras e o crime organizado na região caribenha - e tratados em cooperação para maximizar os ganhos dos dois Estados sejam firmados e cumpridos com o apoio do resto da Sociedade Internacional.

- A Corrente Neoliberal das Relações Internacionais

Dado um período em que a Guerra Fria começara a se enfraquecer, que os Estados firmavam acordos de maneira crescente, que OIs e ONGs ganhavam espaço e influência no cenário internacional, que os avanços tecnológicos integravam os povos de uma forma cada vez mais eficaz – sendo criado o termo “aldeia global” na década de 60 (por Marshall McLuhan) – bem como as leis e normas que passavam a estabelecer direitos e deveres para os sujeitos das RI (formando Regimes Internacionais – termo usado na literatura acadêmica pela primeira vez em 1975, por John Ruggie), o idealismo liberal passou a ser reformulado e exposto em uma vertente particularmente “interdependente” por pesquisadores ao exemplo de Robert Keohane e Joseph Nye, principalmente nas obras “Transnational Relations and World Politics” (1971) e “Power and Interdependence: World Politis in Transition” (1977). No início deste último livro citado, com tradução em espanhol, os autores descrevem a nova era a qual se propunham estudar:

“Vivimos en una era de interdependencia. Esta vaga afirmación expresa pobremente un sobreentendido que, sin embargo, corresponde a un difundido sentimiento de que la propia naturaleza de la política mundial está cambiando. El poder de las naciones – aquella secular piedra basal de analistas y estadistas – se ha tornado más elusivo (...). Estamos ingresando a una nueva era. Los viejos modelos internacionales están desmoronándose; los viejos slogans carecen de sentido; las viejas soluciones son inútiles. El mundo se ha vuelto interdependiente en economía, en comunicaciones y en el campo de las aspiraciones humanas” (1988, p. 15).

Ainda complementam:

“(...) lós progresos en el manejo de la agenda tradicional ya no son suficientes. Ha surgido una gama de cuestiones nueva y sin precedentes. Los problemas energéticos, de los recursos, del medio ambiente, de la población, del empleo del espacio y de los mares se equiparan ahora con cuestiones de seguridad militar, ideológicas y de rivalidad territorial, las que tradicionalmente habrían conformado la agenda diplomática” (1988, p. 43).

As afirmações dos autores fazem referência à Crise do Petróleo e às perdas geradas na Guerra contra o Vietnã, às insuficiências não somente ideológicas, mas práticas e visíveis para se legitimar o conflito entre Estados. A solução pacífica de contendas, a diplomacia, cooperação, integração de interesses e a busca coletiva por objetivos comuns se apresentavam como sendo os recursos mais viáveis para alcançar o desenvolvimento mútuo das nações, melhorando o ambiente internacional e a qualidade de vida dos cidadãos – que ainda sofriam resquícios do medo da eclosão de uma possível guerra nuclear. É formulada, portanto, uma crítica contundente à busca desenfreada por poder defendida por teóricos realistas como Morgenthau, Carr e até John Mearsheimer (“The Tragedy

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