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Paulo Nader

Por:   •  10/1/2018  •  9.422 Palavras (38 Páginas)  •  427 Visualizações

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2ª BLOCO - A RAZÃO NA FILOSOFIA

Origem Da

Razão Humana

Na cultura Ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: do latim ratio e do logos em grego que significa: contar, reunir, calcular. Por isso, logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para os outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são.

Desde o começo da filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela fosse considerada oposta a três atitudes da mente:

a) Ao conhecimento ilusório, isto é, ao conhecimento da mera aparência das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas; para a razão, a ilusão provém de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas tais como aparecem e tais como parecem ser.

b) Às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas, caóticas, desordenadas, contrárias umas às outras, ora dizendo “sim” a alguma coisa, dizendo “não” a essa mesma coisa. A razão é vista como atividade ou ação (intelectual e da vontade) oposta à paixão ou à passividade emocional.

c) À crença religiosa, pois, nesta, a verdade nos é dada pela fé numa revelação divina, não dependendo do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou pelo nosso intelecto.

Em suma: desde o começo, a filosofia considerou que a razão opera seguindo certos princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a própria realidade, mesmo quando os empregamos sem conhecê-los explicitamente.

A Atividade Racional

A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento: a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).

A razão: Inata ou Adquirida?

De onde vieram os princípios racionais? De onde veio a capacidade para a intuição (razão intuitiva) e para o raciocínio (razão discursiva?). Nascemos com eles? Ou nos seriam dados pela educação e pelo costume? Durante séculos, a Filosofia ofereceu duas respostas a essas perguntas. A primeira ficou conhecida como inatismo e a segunda, como empirismo. O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas ideias verdadeiras, que, por isso, são ideias inatas. O empirismo, ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas ideias, é adquirida por nós através da experiência (grego – empeiria).

O inatismo platônico: Platão defende a tese de inatismo da razão ou das ideias verdadeiras em várias de suas obras, mas as passagens mais conhecidas se encontram os diálogos Mênon e A República. No Mênon, Sócrates, dialoga com um jovem escravo analfabeto demonstre sozinho um difícil teorema de geometria (Pitágoras). As verdades matemáticas vão surgindo no espírito de escravo à medida que Sócrates vai lhe fazendo perguntas e vai raciocinando com ele. E A República, Platão desenvolve uma teria que já fora esboçada no Mênon: a teoria da reminiscência. Nascemos com a razão e as ideias verdadeiras, e a filosofia nada mais faz do que nos relembrar essas ideias.

O inatismo cartesiano: Descartes discute a teoria das ideias inatas em várias obras, mas as exposições mais conhecidas encontram-se e duas delas: Discurso do método e nas Meditações metafísicas. Nelas, Descartes mostra que nosso espírito possui três tipos de ideias que se diferenciam segundo sua origem:

a) ideias adventícias (vindas de fora): são aquelas que se originam de nossas sensações, percepções, lembranças; são as ideias que nos vêm por termos tido a experiência sensorial ou sensível das coisas a que se referem. Ex: a ideia de árvore, de pássaro, de instrumentos musicais, etc. São nossas ideias cotidianas e costumeiras.

b) ideias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com pedaços ou partes adventícias que estão em nossa memória. Ex: cavalo alado, fadas, duendes, dragões.

c) ideias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a partir de nossa memória.

Os empiristas ingleses: na verdade, o empirismo é uma característica muito marcante da Filosofia inglesa. Na Idade Média, por exemplo, filósofos importantes como Bacon e Guilherme de Ockham eram empiristas; em nossos dias, Russell foi um empirista.

Que dizem os empiristas? Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto é, com as sensações. Antes da experiência nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado.

Os Problemas Do Inatismo E Do Empirismo: Soluções Filosóficas

A solução de Leibniz no séc. XVII: ele estabeleceu uma distinção entre verdades de razão e verdades de fato. As verdades de razão enunciam que uma coisa é, necessária e universalmente, não podendo de modo algum ser diferente do que é e de como é. Ex: é impossível que o triângulo não três lados e que a soma de seus ângulos não seja igual à soma de dois ângulos retos.

a) As verdades de razão são inatos. Isso não significa que uma criança, por exemplo, nasça conhecendo a matemática e sabendo realizar operações matemáticas, demonstrar teoremas ou resolver problemas nessa área do conhecimento. Significa que nascemos com a capacidade racional, puramente intelectual, para conhecer ideias que não dependem da experiência para serem formuladas e para serem verdadeiras.

b) As verdades de fato, ao contrário, são as que dependem da experiência, pois enunciam ideias que são obtidas através da sensação, da percepção e da memória. As verdades de fato são empíricas e se referem a coisas que poderiam ser diferentes do que são, mas que são como são porque há uma causa há uma causa para que sejam assim.

Em suma: observamos que, para Leibniz, o princípio da razão suficiente ou a ideia de causalidade universal e necessária permite manter as ideias inatas e as ideias empíricas.

A solução

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