OBSERVAÇÃO DE PESSOAS FALANDO E/OU GESTICULANDO PARA SI MESMAS EM AMBIENTES PUBLICOS NA GRANDE FLORIANÓPOLIS.
Por: eduardamaia17 • 30/10/2018 • 2.264 Palavras (10 Páginas) • 246 Visualizações
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6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Quando pensamos em psicologia como ciência tem alguns questionamentos que nos sãos pertinentes, tais como: Por que falamos sozinhos (as)? O que nos leva a falar sozinhos (as)? Por que discutimos com nós mesmo?
Ao nos depararmos com estes questionamentos estudiosos defendem o uso da observação como é o caso de Richardson (1999), Lakatos e Marconi (2002) e Gil (1999) que consideram a observação como a base de toda investigação no campo social, e pode ser utilizada em qualquer nível de complexidade da investigação científica.
Na busca de explicação do “Por que falamos sozinhos? ” Vários outros estudiosos defendem a tese de que falar sozinho, ou auto questionar-se não se trata de nenhuma anormalidade mental, mas de uma mera necessidade interna de nossa cognição.
Para os esses estudiosos, dizer uma palavra em voz alta faz com que o cérebro trabalhe mais rápido e fique menos sucessível a erros, uma curiosidade sobre tal, são as técnicas japonesas de gesticular e falar sozinho no trabalho:
A técnica japonesa surgiu no começo do século XX, nas linhas férreas. Na movimentação da estação de metrô os funcionários criaram esta técnica para checar se estava tudo em ordem com a sinalização e limpeza, eles gesticulam, apontam, falam sozinhos, pra cima, pra baixo e pros lados. A técnica chamada de “shisa kanko” que pode ser traduzida como “apontar e falar” hoje se repete em todas as empresas japonesas e segundo os pesquisadores ela ajuda a melhorar o desempenho em técnicas que exigem uma maior atenção (GOMES, 2016)
Pesquisadores afirmam que o ato de falar sozinho é algo comum ao ser humano, existem vários fatores que levam ao mesmo entendimento, tais como: conversas internas, compreensão e transformação de nossos sentimentos. Para neuropsicologia o cérebro humano precisa destes (monólogos) para um eficaz entendimento linguístico e uma correta interpretação dos pensamentos e sentimentos. O antropólogo Americano Andrew Irving na época de seu doutorado é ficou interessado em descobrir os pensamentos das pessoas, o mesmo realizou um estudo sobre como os pensamentos se modificam frente à aproximação da morte. O pesquisador pediu aos seus voluntários, todos com doenças graves em estado terminal que gravassem todas as vezes que falavam seus pensamentos em voz alta. Irving constatou com seus estudos que frente à morte as pessoas vão desde a infância até as crenças religiosas questionando-se o que as esperam para além da vida. O estudioso reuniu vídeos e relatos de seus voluntários caminhando e conversando consigo mesmas, vivendo suas vidas, da maneira de sempre, como se não tivessem sendo acompanhadas, então criou uma espécie de retrato de consciência os quais expôs na cidade de Nova Iorque e deu o nome de “New York Stories: The lives of Other Citizens” (Histórias de Nova York: As vidas de Outros Cidadão).
“Sempre existe uma assembléia de vozes acontecendo simultaneamente em público o tempo todo, mas você não consegue ouvi-lá” (Andrew Irving apud JABR, 2013).
De acordo com experimentos escritos pelos professores Gary Lupyan e Daniel Swignley no Quarterly Journal of Experimental Psychology o ato de falar sozinho ajudam as pessoas a funcionarem mais rapidamente, em suas pesquisas concluíram que, aqueles voluntários que falavam em voz alta a instrução que lhes foram dadas chegavam mais rápido ao objetivo ao contrário daqueles que se mantinha calados. Assim os pesquisadores alegam que com este processo de linguagem pode ser benéfica não só para se comunicar, mas também para aumentar o pensamento.
Jean Piaget, biólogo e estudante de epistemologia, através de sua pesquisa investigou como se constrói o conhecimento e desenvolvimento humano. Em um dos estágios de sua teoria descreve algumas características do desenvolvimento infantil que vão ao encontro deste trabalho. Piaget na fase Pré-operatória nos explica que uma das características da criança nesta fase é a fala solitária, representando uma espécie de “monólogo”, onde a criança não leva em consideração a fala do adulto e nem está interessada em diálogo, apenas fala em voz alta, conversando consigo mesma, o biólogo afirma ainda que mesmo estando em um meio social a criança pode ter este mesmo comportamento, sem levar em conta o ambiente em que está inserido, o que ele chamou de monólogo coletivo.
A comunicação verbal perfaz apenas 7% da comunicação humana, na realidade, 93% da comunicação humana ocorre de forma não verbal, através do tom de voz, a intensidade, a postura, o micro expressões, a forma de andar, etc (SBLDD, 2012).
Já a comunicação não verbal abrange cerca de 93% das possibilidades de expressão, em um contexto de interação social, tais como a entonação da voz, os ruídos vocálicos, a tosse e o suspiro provocados por tensão; e em 55%, pelos sinais silenciosos do corpo como as próprias características físicas, como gesticulação de membros e a dança.
Porém a linguagem corporal e os gestos não são universais, são formas de comunicação não verbal que variam de cultura para cultura ainda que os indivíduos tenham em vista os mesmos objetivos com seus atos, estes podem variar de região para região podendo expressar sentidos contrários, como menciona (Rodrigues, 1987):
[...] o corpo, os gestos e as práticas corporais devem ser interpretados e decifrados, mais ou menos, como se decifram os símbolos do inconsciente – pois desde cedo aprendemos a absorvê-los de modo tão consciente como aquele pelo qual adquirimos as regras do idioma que falamos (Rodrigues, 1987, p.93).
Assim, podemos dizer que o desenvolvimento da gestualidade tem relação com o meio em que o indivíduo está inserido, as suas referências, suas influências, relações com os indivíduos à sua volta, a educação que recebem no meio familiar ou fora, em geral nas experiências vividas e adquiridas na relação com os outros e com o mundo.
Em relação à linguagem não verbal da dança identificado na observação feita no Terminal de Integração do Centro de Florianópolis, existem registros que a identificam como uma das primeiras manifestações artísticas do ser humano, onde com seus movimentos eram simbolizados evocações e rituais, as danças variam de acordo com as culturas, ritmos e o meio em que o indivíduo está inserido. Para Bourcier (2001), as primeiras representações de dança deram-se no campo sagrado estando, portanto, ligada a atos e cerimônias.
O gesto contém forças reveladoras de um poder de persuasão impossível para a palavra. Ele põe em
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