Dadaísmo e Surrealismo: Zonas fronteiriças da relação interartes

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- nonsense – “sem sentido” em inglês - é uma expressão inglesa que denota algo disparatado, sem nexo. A expressão é utilizada para denominar um estilo característico de humor perturbado e sem sentido, que pode aparecer em diversas artes.

- os artistas Surrealistas optaram pelo “figurativo” – porém, não para “mostrar” o que era verossímil (que aparenta ser verdadeiro).

- As obras apresentavam imagens oniricas, pensamentos que se restringem ao plano simbólico e não se enquadram ao que é verdadeiro, ao que existe na realidade.

Porém, deve-se ressaltar que o Surrealismo utiliza a realidade como parte do processo criativo, mas a desconstrói e a desestrutura, no momento em que agrega vários elementos, sem nenhuma relação direta. Por isso, essa vanguarda liga-se mais ao inconsciente e ao devaneio.

- Os surrealistas utilizavam a realidade como parte do processo criativo, mas, quando os artistas aproximam imagens desconexas e elementos inusitados nas suas obras eles “desconstroem e desestruturam” a realidade. Eles constroem outra “realidade” (que não existe), diferente da convencional, diferente da realidade que conhecemos.

- Os artistas criam uma realidade repleta de elementos simbólicos que NÃO tem relação direta com a realidade que conhecemos. Por isso o Surrealismo tem relação direta com o inconsciente e com o devaneio.

Devaneio: Ausência de razão. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens: passar as horas em devaneio. Resultado de sonhos, quimeras, fantasias, ficções.

A mescla de elementos despersonifica-os, fazendo com que todos eles passem a desempenhar função totalmente distinta daquela que desempenhavam, quando ainda participavam de seu ambiente original.

- A mistura de elementos inusitados na obra surrealista faz com que eles “percam” o significado que possuem na realidade convencional. Esses elementos (quando colocados na obra) ganham “um outro” significado. Ganham um significado “novo”.

Salvador Dalí, na tela reproduzida abaixo, potencializou os princípios surrealistas. Além de misturar a imensidão atemporal do deserto com a exatidão e a linearidade temporal dos relógios, derretidos, deformados, mas presentes na zona fronteiriça do sonho e da realidade, o artista usou a técnica ilusionista, que permite a inserção de elementos da realidade no espaço onírico. Isso retoma a visão-clichê do oásis no meio do deserto, que torna possível o que é impossível. As telas que se inserem nessa categoria são chamadas “pinturas oníricas”, que, conforme Freud, têm o “‘labor do sonho’, como, por exemplo, a existência de elementos contrários lado a lado, a condensação de dois ou mais objetos ou imagens, o uso de objetos que têm um valor simbólico (…).” (ADES, 2000, pp. 95-6).

[pic 3]

[pic 4]

As telas que pertencem a essa categoria,

(com elementos da realidade no espaço

onírico) são chamadas de

“pinturas oníricas”.

Então, o que são pinturas oníricas?

- são pinturas que “apresentam” elementos da realidade no espaço onírico; são pinturas que “apresentam” elementos da realidade em “paisagens de sonhos”. São pinturas que “mostram” elementos da realidade em “locais” que existem nos sonhos;

As telas que se inserem nessa categoria são chamadas “pinturas oníricas”, que, conforme Freud, têm o “‘labor do sonho’, como, por exemplo, a existência de elementos contrários lado a lado, a condensação de dois ou mais objetos ou imagens, o uso de objetos que têm um valor simbólico (…).” (ADES, 2000, pp. 95-6).

Tal antagonismo é o elemento responsável pela exacerbação do aspecto surrealista em A persistência da memória.

- Esse antagonismo (essa ideia contrária) aumenta a ideia do aspecto surrealista na obra de salvador Dalí, “A persistência da memória”.

Outra característica de Dalí é a formação da “imagem paranóica”, que pode ser exemplificada com Retrato de Mae West. Nesse tipo de obra, duas imagens convivem, para demonstrar que uma sugere a outra, pela similaridade de formas. Mario de Micheli, em As vanguardas artísticas, explica esse processo:

Com base num processo claramente paranóico, foi possível obter uma imagem dupla, isto é, a representação de um objeto que, sem a mínima modificação figurativa ou anatômica, seja, ao mesmo tempo, a representação de um outro objeto absolutamente diferente, também despojado de todo tipo de deformação ou anormalidade que qualquer arranjo poderia ocultar. O resultado de uma imagem assim é possível graças à violência de pensamento paranóico, que se serviu, com astúcia e destreza, da quantidade necessária de pretextos, coincidências, etc., aproveitando-se delas para fazer aparecer a segunda imagem; neste caso, ela toma o lugar da idéia obsessiva. (MICHELI, 1991, p. 164).

PINTURA SURREALISTA: Es una de las obras más controvertidas del genial artista catalán Salvador Dalí. Realizada en "gouache" sobre vulgar papel de periódico mide 31 x 31 cm y se encuentra en el Instituto de Arte de Chicago. Esta pieza fue trabajada sobre una fotografía de la polémica actriz Mae West que salió publicada en un rotativo de la época. A partir de esta foto, el artista crea un escenario realista en forma de apartamento utilizando los rasgos faciales de la actriz como si de mobiliario u ornamentos se tratara. Por ejemplo, el pelo es usado como una cortina, los ojos simulan cuadros colgados en una pared y la boca se convierte en un cómodo sofá rojo. Esta imagen final llevó a Dalí a encargar, en los años 30, un tresillo semejante por petición de Edward James y a finales de los años 60, con la ayuda del arquitecto español Oscar Tusquets, reprodujeron dicho apartamento surrealista en tres dimensiones para el Teatro-Museo Dalí de Figueras, en Girona.

É uma das obras mais controversas (polêmicas?) do genial artista catalão Salvador Dalí. Feita em guache sobre papel vulgar de revista – mede 31 x 31 cm – está no Instituto de Arte de Chicago. Esta obra foi feita sobre uma fotografia da polêmica atriz Mae West que foi publicada em um jornal da época. A partir desta foto o artista cria um cenário realista em forma de apartamento utilizando as