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Relação entre produtividade e indicadores econômicos e financeiros para propriedades leiteiras em Minas Gerais e Goiás em 2014

Por:   •  5/4/2018  •  15.336 Palavras (62 Páginas)  •  478 Visualizações

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Ferrazza (2012) ressalta que na atividade leiteira a conciliação entre indicadores técnicos, como a produtividade, e indicadores econômicos otimiza a tomada de decisão na empresa rural. Segundo Nascif (2014) o atual desafio na pecuária leiteira é a gestão com foco no produtor. O objetivo deixou de ser apenas aumento da produção para obter eficiência técnica para passou a ser aumento da produção visando eficiência econômica, que “não necessariamente passa pelo ótimo produtivo”, o que sugere, portanto que o “aumento da produção não significa, necessariamente aumento da rentabilidade” (NASCIF, 2014, p.30).

No meio rural, os produtores precisam controlar os aspectos técnicos, econômicos e financeiros, de forma a obter dados consistentes para a correta tomada de decisão e ter, assim, possibilidade menor de errar nas escolhas devido ao empirismo ou à falta da informação correta.

Este trabalho objetivou correlacionar indicadores técnicos, econômicos e financeiros de propriedades produtoras de leite (PPl’s) localizadas em Minas Gerais. A conclusão foi que altos índices de produtividade não acarretam, necessariamente, indicadores financeiros e econômicos satisfatórios, em decorrência da gestão pouco eficiente e da má utilização dos recursos existentes na propriedade.

Para isto, utilizou-se o estudos de casos com propriedades vinculadas a um projeto denominado GepLeite (Gestão Eficiente da Propriedade Leiteira). A pesquisa constituiu-se de três etapas distintas, sendo a primeira delas a coleta de dados das 10 propriedades (amostra obtida por disponibilidade dos dados); uma segunda etapa, de tabulação e cálculo dos indicadores financeiros, econômicos e técnicos e, por fim, a terceira, que consistiu no tratamento e na análise dos dados coletados.

O resultado desta pesquisa pode trazer subsídios para discussões, entre técnicos e produtores da área, sobre as condutas que estão sendo adotadas durante a assistência técnica, a maneira de gerir a propriedade e o modo de utilizar os recursos existentes.

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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

A cadeia produtiva do leite possui algumas particularidades que merecem destaque, como sua presença na história do Brasil e a importância que exerce sobre a economia. O setor tem origem na colonização brasileira, sofreu profundas transformações estruturais e hoje tem papel fundamental no agronegócio do País na geração de emprego e renda por estar presente na maioria do território nacional e abranger do pequeno ao grande produtor.

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Breve história da pecuária leiteira no Brasil

A produção de leite brasileira se deu de forma crescente, acompanhando o processo de urbanização do País, com destaque para a década de 1950, com o objetivo de atender o mercado consumidor, já que este era considerado um alimento importante (ZOCCAL; STOCK, 2011). Segundo Rubenz (2003), nesse decênio a pecuária leiteira começou, timidamente, sua modernização, induzida pelo surto de industrialização que ocorria no País.

Wilkinson (1993) resume os três períodos na evolução do setor leiteiro no Brasil. O primeiro vai de meados dos anos 1960 até início dos anos 1980, quando a demanda por leite e derivados, junto com a integração de mercados nacionais, por meio da malha rodoviária, cresceram em decorrência da urbanização. Nos anos 1970, com as políticas de tabelamento de preços, desenvolveu-se um processo de tecnificação parcial da base agropecuária. A década de 1980 corresponde ao segundo período, em que todas as camadas de renda sofreram retração na renda devido à crise econômica nacional. Houve queda na demanda pelos produtos lácteos, assim como os recursos para o setor, causando o bloqueio da modernização e alta nas importações. A terceira etapa, na década de 1990, ocorre com a liberação de preços e abertura da economia, sendo que em 1994, com o Plano Real, a renda e o consumo por produtos lácteos tornou se elevar.

A partir de meados da década de 1990, a cadeia produtiva de lácteos, no âmbito nacional, vem sofrendo profundas transformações estruturais e organizacionais decorrentes do estabelecimento de políticas econômicas, como a abertura comercial e a desregulamentação da economia (YAMAGUCHI et al., 2006). Com estas mudanças, os produtores se viram diante de um aumento da concorrência externa e do consumo interno. A produção sofreu um forte aumento, alcançando taxas maiores que o consumo anual (MARTINS; YAMAGUCHI, 1998), embora este segundo também estivesse em processo de crescimento.

Segundo Rios (2001), até a abertura da economia o agronegócio do leite enfrentava precariedade para investimentos em pesquisa e acesso a tecnologias, fazendo com que houvesse poucos produtos ofertados para os consumidores. Após as mudanças estruturais ocorridas em meados dos anos 1990 e com a introdução da modernização, a estrutura do setor modificou-se. O desenvolvimento de novos produtos e investimentos em pesquisa passaram a ser pré-requisitos para manter-se no mercado. A autora ressalta que em contrapartida, é necessário que se conquiste vendas em grande escala e transposição de mercados regionais.

A visão geral do produtor passa a ser empregar tecnologias que permitam o aumento da produtividade para permanecer no mercado, já que sua receita foi pressionada pelo processo de modernização ocorrido na década de 1990 (BREITENBACH; SOUZA, 2008). Para isto, é cada vez mais comum investimentos em máquinas e equipamentos, mão de obra especializada e assistência técnica.

De acordo com Brum (2014) além da melhoria técnica, a preocupação com índices financeiros e econômicos é cada vez mais decorrente entre produtores rurais. Novas habilidades e técnicas vem sendo aprimoradas para a tomada de decisão consciente a fim de atingir eficácia no empreendimento.

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Propriedades leiteiras e Agricultura Familiar no Brasil

O Brasil possui uma das cadeias produtivas leiteiras mais vastas e heterogêneas do mundo (MARTINS et al., 2013). Segundo dados do Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2006), a atividade leiteira estava presente em mais de 1,3 milhão de propriedades, o que corresponde a 26% dos estabelecimentos rurais brasileiros.

Uma característica notável do sistema de produção

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