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OS REFLEXOS DA ATUAÇÃO DAS TRADINGS COMPANIES NAS EXPORTAÇÕES DE COMMODITIES BRASILEIRAS

Por:   •  31/10/2018  •  3.271 Palavras (14 Páginas)  •  294 Visualizações

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2 ATUAÇÃO DAS TRADINGS NA EXPANSÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

O potencial do segmento agrícola brasileiro possui notório reconhecimento através das exportações das principais commodities agrícolas, estando entre as primeiras posições no ranking mundial para diversos produtos, principalmente aqueles de menor valor agregado.

Entretanto, não obstante todo o potencial advindo da força do trabalho dos agricultores, da abundância de recursos naturais, do clima favorável e das grandes áreas a serem exploradas, precisamos ainda vencer as limitações que nos deixam aquém da produtividade alcançada por outros países exportadores. O conceituado periódico britânico The Economist publicou um caderno especial em 2010 sobre a força global do agronegócio brasileiro onde destaca que mais investimentos e transformações são necessários para que o setor agrícola possa prosperar nas próximas décadas, quais sejam: infraestrutura – transportes, portos e estocagem devem ser melhorados; a terra deve ser utilizada de forma mais produtiva através de técnicas inovadoras e as pesquisas com relação a variedades de culturas que se adaptem ao clima e as condições do solo brasileiro.

O crescimento exponencial das nossas exportações nos últimos 30 anos é fruto de diversas ações que envolvem os investimentos governamentais, mesmo que não no nível necessário, a exploração de novas áreas produtivas, tais como o Centro-Oeste, o MATOPIBA e mais recentemente a região do agreste do país, as pesquisas desenvolvidas pela EMBRAPA, a adequação às exigências sanitárias e aos padrões dos mercados consumidores e, segundo a matéria do The Economist, a entrada no país de grandes corporações multinacionais que trouxeram know-how e novas tecnologias, bem como o acesso a linhas de crédito internacionais.

Entretanto, engana-se aquele que ainda imagina um país dominado apenas pelas trading companies multinacionais, pois hoje grandes empresas produtoras e exportadoras, o que inclui as grandes cooperativas, já possuem força e porte dentro do território nacional equivalente às das grandes multinacionais, apesar de em menor número.

Porém, de capital nacional ou não, observa-se a ampliação de grandes oligopólios que atuam em toda a cadeia produtiva e que, se por um lado trazem desenvolvimento, geração de empregos e novos recordes de exportação, por outro tornam os pequenos produtores dependentes e sem poder de negociação.

Segundo Souza (2012, p.1), o que o país precisa é transformar o agronegócio em um setor estratégico e foco da política econômica, evitando que toda a cadeia produtiva do setor caia nas mãos de companhias estrangeiras ou mesmo de oligopólios nacionais.

Porém para um País cuja necessidade de investimentos aumenta a cada ano de forma que as políticas públicas não conseguem suprí-la não há como abrir mão dos reflexos de atuação dos grandes grupos para o Brasil.

Este aspecto foi tratado por Meyer quando se referiu às grandes tradings agrícolas mundiais que atuam no Brasil:

Elas possuem todo o complexo logístico para atuar de forma completa como rede de silos, portos e terminais, navios, relações com produtores, fornecimento de insumos, operações nas bolsas inclusive futuras, financiamentos e seguros, colocação junto aos grandes consumidores e tudo o mais que se faz necessário para suas atividades globais. Meyer (apud Yokota, 2013, p.1)

2.1 O SURGIMENTO DAS TRADINGS NO MERCADO NACIONAL

De acordo com Barreto as tradings companies foram criadas no início da década de 70 com a finalidade de:

(...) possibilitar a intermediação comercial que eliminasse custos e riscos enfrentados pelas pequenas e médias empresas, de modo a ampliar a base exportadora nacional, o que se vê atualmente são dois grupos distintos representados, por um lado pelas grandes exportadoras de commodities agrícolas e de outro pelas empresas facilitadoras de comércio. (Barreto, 2015, p.1)

Até aquele momento, segundo Grisi, Masini e Britto, “os produtores viam no comércio internacional uma perspectiva um tanto sombria de riscos elevados e retornos não substancialmente mais atrativos do que aqueles praticados no mercado nacional.”. (2003, p.17)

Com base nos casos de sucesso das trading companies japoneses, o Brasil, assim como os Estados Unidos, instituiu e regulamentou a forma de atuação destas empresas às quais caberiam, ainda segundo Grisi, Masini e Britto, “detectar novas oportunidade de negócios, formalizar contratos e, não raramente, assumir os riscos de suas decisões” (2003, p.15), pois o Brasil apresentava baixos volumes de exportações, não haviam empresas com experiência no comércio exterior e os nossos produtos eram negociados por tradings multinacionais. O objetivo fundamental era estabelecer o know-how na exportação através de tradings companies nacionais que organizariam o fluxo das transações entre os produtores e os países importadores, detendo com o passar do tempo maior especialização e consequentemente aumentando o volume de negócios.

No Brasil as tradings companies foram instituídas pelo Decreto-lei 1.248 de 29 de novembro de 1972, porém num formato diferente daquele contido na legislação americana que previa apoio total aos produtores, visando realmente a expansão das exportações nos Estados Unidos, e também com uma estratégia bem aquém do modelo de gestão e de formação dos profissionais das tradings companies japonesas. O entendimento da importância destes dois aspectos levará às razões para o baixo rendimento das nossas tradings ao longo das últimas décadas, onde apenas algumas empresas cresceram de forma a ser tornarem robustas o suficiente para competir com as grandes tradings das empresas que se instalaram no Brasil, com experiência e recursos para realizar investimentos e suprir os gaps não preenchidos pelo governo, principalmente, nas novas fronteiras agrícolas dotando-as de infraestrutura e logística.

2.2 TRADINGS GENUINAMENTE BRASILEIRAS E DE CAPITAL ESTRANGEIRO LIGADAS AO AGRONEGÓCIO

Nos últimos 15 anos o crescimento das tradings companies “puras” não tem acompanhando o boom nas exportações de commodities. Verifica-se por outro lado o surgimento e consolidação de alguns grandes grupos nacionais no patamar de faturamento das empresas ABCD[3] possibilitando que o retorno dos investimentos realizados sejam reaplicados no País, entretanto a maioria deles sob a forma de Cooperativas e Empresa Agrícolas.

Grissi,

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