Fichamento Organização Industrial
Por: Salezio.Francisco • 29/12/2017 • 1.802 Palavras (8 Páginas) • 287 Visualizações
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A condição imediata de entrada refere-se aos impedimentos à entrada da firma ou firmas que podem mais fácil ou rapidamente serem induzidas a entrar no ramo de atividade numa dada situação. Esta condição imediata de entrada é avaliada pelo hiato preço-custo mínimo de longo prazo (para as firmas estabelecidas mais favorecidas) que está no limiar (suficiente exatamente na margem) de induzir a entrada do que podemos chamar de entrante ou entrantes potenciais mais favorecidas.
A condição geral de entrada refere-se, então, à sucessão de valores da condição imediata de entrada quando se realiza a entrada no ramo de atividade – à distribuição dos hiatos preço custo mínimo exatamente necessários para induzir firmas ou grupos de firmas sucessivamente menos favorecidas a entrarem consecutivamente no ramo de atividade, começando com a firma melhor situada.
- Os determinantes da condição de entrada
Com a entrada fácil, pois, a condição imediata de entrada possui um valor zero em todos os pontos de qualquer sequência de entrada possível (cada firma adicional que entra não tem nenhuma desvantagem em relação às firmas já estabelecidas) e a condição geral de entrada é correspondentemente representada por um único valor igual a zero. A entrada, é claro, deixa de ser fácil e torna-se mais difícil à medida que os valores da condição de entrada passam a exceder o zero ou quando, num ponto ou outro da progressão de entrada, as firmas estabelecidas podem fixar preços acima do nível competitivo sem induzir entrada.
Para a entrada fácil, três condições devem em geral ser simultaneamente verificadas. Em qualquer estágio da progressão relevante de entrada tem-se que (1) as firmas estabelecidas não possuem nenhuma vantagem absoluta de custo sobre potenciais firmas entrantes; (2) as firmas estabelecidas não têm nenhuma vantagem de diferenciação de produto sobre potenciais firmas entrantes; e (3) as economias de uma firma de grande escala são desprezíveis, no sentido de que a produção de uma firma de escala ótima (custo mínimo) é uma fração insignificante do total da produção do ramo de atividade.
A condição de que com a entrada fácil as firmas estabelecidas não possuem nenhuma vantagem absoluta de custo significa que, para um dado produto, as potenciais firmas entrantes podem trabalhar com o mesmo custo médio mínimo de produção com o qual as firmas estabelecidas operavam antes de se dar a entrada. Isto, por sua vez, implica que (a) as firmas estabelecidas não devem dispor de nenhuma vantagem de preço ou de outra natureza sobre as entrantes na aquisição de qualquer fator produtivo (incluindo fundos para investimento); (b) que a entrada de uma firma adicional não tem nenhum efeito perceptível sobre o nível de preço de qualquer fator; e (c) que as firmas estabelecidas não têm nenhum acesso preferencial às técnicas produtivas.
A condição de inexistência de vantagens de diferenciação de produto é obviamente essencial para a entrada fácil, pois de outro modo, as firmas estabelecidas poderiam elevar seus preços algo acima do nível competitivo sem criar uma situação na qual entrantes potenciais pudessem vender lucrativamente.
A condição de que não haja economias significativas para a firma de grande escala significa, é claro, que uma firma entrante, mesmo se entrar com a escala ótima ou de custo mínimo, acrescentará tão pouco à produção do ramo de atividade que a sua entrada não terá nenhum efeito perceptível sobre os preços vigentes no ramo. Desta forma, a persecução de economias de escala ao máximo é possível e não constitui um obstáculo à entrada.
Afastamentos da condição de entrada do “pólo zero” de entrada fácil devem ser atribuídos a um ou mais dos seguintes fatores: (1) vantagens absolutas de custo das firmas estabelecidas; (2) vantagens de diferenciação de produtos das firmas estabelecidas; e (3) significativas economias das firmas de grande escala. Correspondentemente, a altura das barreiras à entrada ou os “valores” da condição de entrada (expressos como percentuais pelos quais as firmas estabelecidas podem fixar seus preços acima do nível competitivo enquanto bloqueiam a entrada) irão claramente depender do grau dessas vantagens absolutas de custo ou de diferenciação de produtos e da extensão das economias de escala das grandes firmas.
As vantagens absolutas de custo das firmas estabelecidas originam-se, em geral, de uma dessas três coisas: (1) a entrada de uma única firma pode elevar perceptivelmente o preço pago por um fator de produção, tanto pelas firmas estabelecidas quanto pela entrante, elevando, assim, o nível de custos; (2) as firmas estabelecidas podem ter assegurado o uso de fatores de produção, incluindo fundos para investir, a preços mais reduzidos do que os pagos pelas entrantes potenciais; e (3) as firmas estabelecidas podem ter acesso a técnicas de produção mais econômicas do que as potenciais entrantes, capacitando-as, assim, a usufruírem custos menores.
As vantagens de diferenciação das firmas estabelecidas resultam, é claro, das preferências dos compradores pelos produtos daquelas firmas quando comparados com os produtos das entrantes. O que irá constituir uma vantagem efetiva de diferenciação de produto vai depender da importância das economias de escala de produção e venda no ramo de atividade. Se não há economias de escala, de forma que os custos unitários de produção e venda não são aumentados por uma redução da quantidade produzida a quantias bem pequenas, pode-se dizer que uma entrante em potencial não sofre de nenhuma desvantagem caso obtenha um preço tão alto, relativo ao custo unitário, quanto o das firmas estabelecidas produzindo no mesmo nível, embora ela só o consiga operando num nível bem mais reduzido do que o das firmas estabelecidas.
De fato, inexistência de desvantagens por parte das entrantes implica que estas obtenham não apenas uma paridade de preços, mas que alcancem esta meta
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