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A CRISE DO SUB PRIME, SUAS CONSEQUÊNCIAS NO MUNDO E NO BRASIL E MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO BRASILEIRO

Por:   •  13/12/2018  •  4.957 Palavras (20 Páginas)  •  491 Visualizações

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Querendo não arcar com todo o risco envolvido nessa transação imobiliária, as financeiras abrem títulos no mercado com o intuito de adiantar vencimentos, tais títulos são bem aceitos justamente por conta da alta taxa de juros envolvida. Corretoras de investimento compram os títulos, gerando um outro capital a ser emprestado pela financeira, e repassam os papéis como proposta de investimento a seus investidores espalhados por todo o mundo. Essa cadeia gera uma liquidez incerta, um efeito cascata onde se o cliente subprime não cumprir com sua obrigação de dívida, todos os demais setores envolvidos serão afetados. Nesse momento o setor financeiro americano estava demasiadamente alavancado e conseqüentemente muito suscetível ao risco.

ECLOSÃO DA CRISE

Após a retomada do crescimento norte-americano, por volta de 2003-2004, o FED sentiu-se à vontade em aumentar a taxa de juros. As pessoas que tinham adquirido seus imóveis, que possuíam seus compromissos hipotecários, viram suas dívidas praticamente duplicarem de valor. O resultado foi um aumento significativo no índice de inadimplência, o que gerou a chamada "bolha imobiliária" que veio a explodir em meados de 2007. Essa bolha criada pela inadimplência cria um enrosco contábil nas contas das várias instituições financeiras e corretoras de investimentos que vêem com a deflagração da crise, os saques de seus investidores.

A queda nos preços de imóveis, a partir de 2006, arrastou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo.

Assim, criaram-se títulos negociáveis cujo lastro eram esses créditos "podres". Foi a venda e compra, em enormes quantidades, desses títulos lastreados em hipotecas subprime o que provocou o alastramento da crise, de origem norte -americano, para os principais bancos do mundo.

FATOS DA CRISE

No mês de março de 2008, a iminente falência do Bear Stearns, o quinto maior banco de investimento dos EUA, fez com que o Banco Central americano agisse de forma contundente, o FED estendeu uma linha de crédito de cerca de US$ 30 bilhões ao JP Morgan Chase para a aquisição do Bear Stearns. Em setembro, foi a vez do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento americano, enfrentar dificuldades. Após o anúncio de um prejuízo de US$ 3,9 bilhões no terceiro trimestre de 2008 e da negativa do governo americano em fornecer respaldo financeiro a uma possível operação de compra da instituição já que o banco inglês Barclays e o americano Bankof America tinham interesse na aquisição, o Lehman Brothers entroucom um pedido de concordata na Corte de Falências de Nova York.

A decisão das autoridades norte - americanas de não prover apoio financeiro ao Lehman Brothers agravou profundamente a crise, gerando um forte pânico

nos mercados globais. Bancos e empresas, mesmo possuindo condições saudáveis do ponto de vista financeiro, passaram a ter amplas dificuldades na obtenção de novos recursos e linhas de crédito de curto prazo, cresceram as preocupações e desconfianças com relação à solvência do sistema bancário norte-americano e seus impactos recessivos sobre o lado real da economia.

No dia seguinte à falência do Lehman Brothers, o governo norte - americano mudou sua postura. A maior companhia de seguros dos EUA a American Interegional Group (AIG) recorreu a um empréstimo do FED no valor de US$ 85 bilhões em função de suas necessidades de liquidez. As conseqüências sistêmicas que uma possível falência da AIG geraria no já debilitado sistema financeiro norte-americano forçaram a autoridade monetária a realizar a intervenção, modificando sua postura em relação ao caso do Lehman Brothers.

O FED também forneceu ajuda financeira em outros casos. O Bank of America adquiriu, por cerca de US$ 50 bilhões,o banco de investimento Merrill Lynch, enquanto o JP Morgan assumiu o controle de seu concorrente, o Washington Mutual. Além disso, o FED aprovou a proposta de transformar os bancos de investimento Morgan Stanley e Goldman Sachs em holdings banks. Esse fato permite que as instituições possam receber suporte financeiro do FED via injeções de liquidez, o Tesouro americano preparou um pacote no valor de US$ 700 bilhões para a compra dos ativos imobiliários ilíquidos “podres” dos bancos, com a intenção de sanear de vez seu sistema financeiro era uma forma alternativa de realizar novos aportes de capital nas instituições financeiras, criando alguma margem de manobra para os bancos. A intenção era desobstruir os canais que estavam bloqueando os mercados de crédito. No entanto, os efeitos esperados das novas medidas não se materializaram, e os mercados ao redor do mundo voltaram a apresentar turbulências. Em certas ocasiões, chegou-se mesmo a um estado de pânico generalizado, com quedas recordes nas principais bolsas de valores do mundo.

COMO A CRISE CHEGOU AO BRASIL

Alguns chegaram a acreditar que a atual crise internacional não atingiria o Brasil. Afinal, tínhamos um nível elevado de reservas, com uma dívida externa baixa e uma dívida pública caindo em relação ao PIB. Mas este otimismo ignorava ingenuamente que mesmo com condições macroeconômicas semelhantes e também favoráveis, muitos países não estavam livres do contágio desta crise. Isso porque não estávamos diante de uma paralisação brusca de ingressos de capitais semelhante às ocorridas em outros episódios de contágio, e sim de um fenômeno muito mais poderoso, combinando uma crise bancária sistêmica que atingiu os Estados Unidos e a Europa, iniciando um processo de desalavancagem que reduz o estoque mundial de crédito e encolhe os fluxos de capitais para os mercados emergentes, ao lado de recessões severas nos países desenvolvidos e de desacelerações no crescimento dos países emergentes. Nossa vulnerabilidade a este choque externo vem através de dois canais: o dos preços internacionais de commodities, dos quais as exportações brasileiras dependem de uma forma muito rígida; e o dos fluxos de capitais, que determina o déficit possível nas contas correntes, que por sua vez condiciona a taxa de investimentos e a própria taxa de crescimento econômico brasileiro.

Como já dito, a crise não foi somente uma parada brusca de fluxos de capitais gerada pelo contágio de um outro país emergente, mas sim um distúrbio gerado no centro do sistema econômico mundial.

É uma crise bancária sistêmica atingindo os países industrializados, gerada pela insolvência de um grande número de instituições financeiras de

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