O Poder nas Organizações

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Que poder é esse? Não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente em diversas organizações.

Os hospitais psiquiátricos, a prisão, os manicômios, são organizações de vigilância e submissão onde o poder impera. Um lugar de disputa, um campo institucional onde se trata de vitória, dominação e sujeição. O grande médico é, ao mesmo tempo, aquele que pode dizer a verdade da doença pelo saber que dela tem, e aquele que pode produzir a doença em sua verdade e submetê-la, na realidade, pelo poder que sua vontade exerce sobre o próprio doente (O poder disciplinar, Motta, 1981).

E por falar em hospitais psiquiátricos, lembro-me da história “A sublime loucura do garçom”. Um episódio ocorrido em Copacabana, em que um destemido e eficiente garçom vivia expedientes insanos, sozinho, tentando dar conta de diferentes pedidos de clientes exigentes e de pouca paciência. Foi assim por muitos anos. Embora esbaforido e desdobrado no atendimento, o espanhol, como era conhecido, era um monstro de delicadeza. Fazia tudo sempre certo, ms se em algum vez se enganasse, choviam reclamações ao gerente, que por sua vez, chovia impropérios sobre o pobre garçom. Ele foi, durante anos, vítima da loucura institucionalizada dos outros, até que um dia, espumando de cólera, jogou para o ar a bandeja cheia de pratos e pôs-se a chutar quantas mesas e pessoas encontrasse pela frente. Houve pânico no restaurante, a rádio patrulha foi chamada e o garçom, aos berros, foi conduzido ao hospício. Tudo porque resolveu dar um basta naquela escravidão quase feudal, mas a organização social onde estava inserido, considerando um comportamento estranho ao padrão estabelecido, usou de seu poder para pôr lhe um rótulo de louco.

É verdade que a organização é poder e é igualmente verdadeiro que enquanto prática social esse poder organizacional se manifesta como poder disciplinar (O poder disciplinar, Motta, 1981).

Para Max Weber: “Poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistência, seja qual for o fundamento dessa probabilidade.” (1991, p.33).

Pode ser exercida através de componentes como a força, autoridade, dominação ou influência.

Seja qual for o método aplicado, pode-se afirmar veementemente: organização é poder.