Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

ABORDAGENS MARXISTAS: A ECOLOGIA POLÍTICA

Por:   •  21/11/2018  •  3.298 Palavras (14 Páginas)  •  249 Visualizações

Página 1 de 14

...

A consciência ecológica a respeito das questões ambientais globais ganhou força com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo, em 1972. O objetivo principal da conferência foi conscientizar a sociedade a transformar sua relação com o meio ambiente no intuito de preservar os recursos naturais, sendo capaz de atender as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras.

Nesse contexto, prosseguiu-se o debate a cerca da necessidade de elaboração de novos modelos de desenvolvimento econômico. Posteriormente, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, citado em relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, sendo definido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

O ser humano está em constante transformação e é capaz de transformar a natureza, para o bem ou para o mal, e as relações sociais que estabelecemos durante nossas vidas contribuem para esse processo. Portanto, à ecologia política cabe o papel de contribuir com nossas relações com o próximo e com o meio ambiente. O engenheiro e filósofo Jean-Pierre Dupuy (1980, p. 31) diz que, para que o homem se reconcilie com a natureza e com as coisas, ele precisa fazer delas “o nicho harmonioso e amado que abrigue sua história”.

Dupuy (1980, p. 24), narra que, após a crise do petróleo de 1973, grande parte dos países europeus decidiu por acelerar seu programa nuclear. Com isso, muitos ecologistas uniram-se em manifestações contrárias, preocupados com os riscos de uma exploração maciça sem espaço para falhas. A partir de 1974, os ecologistas europeus decidiram entrar para a política. Nesse mesmo ano na França, pela primeira vez um candidato à Presidência da República se apresentou em defesa da ecologia. O agrônomo, René Dumont, não tinha chance de vencer, mas revelou aos franceses um novo olhar para a política, “a política é também a discussão da forma como os homens pretendem viver em comum.” (DUPUY, 1980, p. 25).

- CRÍTICAS AO FUNCIONAMENTO DAS SOCIEDADES INDUSTRIAIS.

A ecologia política defende o progresso como uma tendência, e não um determinismo da globalização; este processo, que envolve métodos técnicos e relações políticas demanda uma reformulação paradigmática tanto em aspectos éticos como econômicos. O deferido novo conjunto de valores deve contemplar as relações antrópico naturais com respeito e racionalidade ambiental. O produtivismo é uma corrente que ignora as implicações da dependência capital de recursos naturais e a própria resiliência da natureza, em vista que não internaliza o fator de recuperação dos recursos e prioriza a lucratividade máxima em detrimento da lucratividade contínua, respaldando um posicionamento de desvalorização das gerações futuras, que são externalidades ao sistema econômico vigente.

Assim a ideologia da ecologia política apresenta-se com uma proposta que contempla as externalidades do padrão capitalista de consumo, considerando as implicações socioambientais que decorrem das relações político-sociais hoje, como por exemplo, a manipulação de recursos naturais renováveis e não renováveis a poluição e a degradação ambiental.

Apesar de sua crítica ferrenha a política dominante atualmente, a ecologia política não se enquadra em posicionamento de direita (capitalismo verde) de esquerda (socialismo natural) ou tampouco políticas centralistas. Ela é um excerto muito pontual ao materialismo. Como apresenta Alain Lipietz:

Para os Verdes, tudo isto significa que um determinado momento no processo histórico (para a Esquerda, a “tomada do poder”) desaparece. Quando confrontados com a pergunta, “vocês são reformistas ou revolucionários?”, os Verdes, até mesmo os “fundamentalistas”, não sabem o que dizer, porque eles simplesmente não podem identificar “o” ponto em que uma “revolução política ecológica” entraria em cena. Eles defendem a mudança de muitas coisas, mas o poder, o poder do estado, dificilmente é considerado por eles. Como herdeiros mais de um Michel Foucault e Felix Guatarri do que do Marxismo – mesmo do Marxismo de Henri Lefebvre ou do primeiro Althusser (do For Marx) – os Verdes indubitavelmente sonham, mais do que com uma série de “microrupturas”, com um tipo de revolução molecular que de fato nunca se finaliza. (LIPIETZ, 2002, p.12).

Com estes princípios a ecologia política defende uma comunicação entre todos as especificações políticas, sociais e ambientais para uma nova concepção sobre o próprio meio. Diferente dos marxistas, que esperam por uma revolução que reformule especificamente as relações de produção, desconsiderando suas externalidades, com a ecologia política busca-se diálogo entre todos os setores em busca de alternativas que lidem de forma mais saudável com a problemática socioambiental que vivemos atualmente.

Nas postulações marxistas lê-se pouco sobre as implicações ambientais de um novo sistema econômico. A redistribuição dos recursos monetários de forma mais igualitária é caótica no que diz respeito aos recursos naturais, pois o boom nas demandas sobrecarregaria ainda mais a natureza, é preciso complexar a questão social de Karl Marx. Seus contemporâneos o fizeram e esboçaram o ecomarxismo que usa do método do materialismo histórico nas questões socioambientais baseando-se no valor da troca. Assim, dão ênfase nas contradições sociais do sistema capitalista, dirigindo críticas às relações sociais homem-natureza, e de propriedade e meios de produção. Acredita-se que a dinâmica competitiva capitalista é a principal responsável pela crise ambiental, e por isso, é fundamental fazer uma compreensão das relações de poder e de trabalho (divisão do trabalho), já que este último é responsável pelas transformações no ambiente. Para esta nova linha teórica retoma-se o ideal marxista da natureza como a totalidade em que o homem se insere.

O Marxismo está acostumado a este tipo de problema – “a construção da unidade popular”. Mas agora isto se aplica até ao que se costumava considerar o seu apoio central, um grupo de apoiadores que parecem prontos a se desintegrar em pedaços. Disto não resulta que a “ecologia, diferente do socialismo, será inpaz de encontrar uma base social”. Entretanto, isto de fato significa que, como a democracia que criou a base da Revolução Francesa, ela terá de construir uma base pluralista, não diretamente ligada aos interesses imediatos ou mesmo “históricos” de um ou outro

...

Baixar como  txt (23 Kb)   pdf (69.9 Kb)   docx (20.7 Kb)  
Continuar por mais 13 páginas »
Disponível apenas no Essays.club