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A Sociedade Informática

Por:   •  9/7/2018  •  2.992 Palavras (12 Páginas)  •  267 Visualizações

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O autor dividiu o texto em duas partes básicas — "As consequências sociais da atual revolução técno-científica " e " O indivíduo humano e a sociedade informática ". Inicia a primeira parte fazendo uma breve análise da chamada segunda revolução tecnoindustrial.

Se a primeira revolução, dos fins do século XVIII, pôde ser caracterizada pela substituição da força física pela energia das máquinas, a segunda, que vivenciamos agora, teria como fundamento a ampliação das capacidades intelectuais do homem ou mesmo a sua substituição pelos autômatos, os quais eliminam, com êxito crescente, o trabalho humano na produção e nos serviços.

Esta segunda revolução industrial também pode ser compreendida como representando a confluência de três revoluções tecnocientíficas concomitantes: a da Microeletrônica a da Microbiologia e a da Energética. São estas, segundo o autor, as chamadas condições iniciais a partir das quais se dá todo um conjunto de mudanças na esfera social, econômica e cultural da sociedade. Falando da primeira revolução, o autor diz que nem sempre nos damos conta de que estamos vivendo em uma acelerada e dinâmica revolução da Microeletrônica, desde objetos os mais simples, como televisores, calculadoras, telefones etc., que são elementos com presença garantida em nosso cotidiano, até aparelhos altamente sofisticados, que auxiliam a gerenciar empresas, estão presentes nos hospitais, controlam e executam tarefas nas linhas de produção etc.

A revolução da Microbiologia por outro lado, com a sua componente resultante, a Engenharia Genética, irá oferecer ao homem a possibilidade de interferir não apenas na natureza orgânica em geral, mas também em seu próprio"eu". Abre-se, assim, a possibilidade de se combater a catástrofe da fome, da desnutrição e as doenças endêmicas que assolam grande parte dos habitantes do Planeta, principalmente em determinados locais do Terceiro Mundo. A revolução Energética implicaria, por sua vez, na utilização de novas fontes de energia (energia eólica, solar, térmica e a proveniente da fissão nuclear), com a substituição das atuais, que são insuficientes e estão se esgotando rapidamente.

O autor prossegue referindo-se às possíveis mudanças que estariam ocorrendo na formação econômica da sociedade em decorrência das três revoluções citadas. Entre elas, está a questão do desemprego estrutural gerado pela automação e pela robotização da produção e dos serviços. Apresenta alguns dados: no Japão fala-se, entre alguns empresários, na eliminação completa do trabalho manual na indústria japonesa até o final do século. O Science Council of Canada Report prevê que 25% dos trabalhadores perderão seu emprego no Canadá até o final do século em conseqüência da automação. Nos Estados Unidos, serão eliminados 35 milhões de empregos até o final do século.

É evidente que são impossíveis previsões precisas e confiáveis neste sentido, diz o autor, mas uma coisa é certa: as conclusões otimistas extraídas dos estudos empíricos das relações entre inovações tecnológicas e emprego em um determinado ramo da indústria ou dos serviços, ao longo dos últimos cinco ou dez anos, parecem pouco confiáveis, metodologicamente erradas e (premeditadamente?) (sic) enganosas. E para Schaff, a tranqüilização da opinião pública e dos ramos da indústria e dos serviços interessados, contrariando a evidência dos fatos, é uma atitude socialmente prejudicial. Os males sociais que nos ameaçam só podem ser evitados com a adoção de medidas preventivas desde já e com a preparação de outras mais radicais para o futuro próximo.

Schaff continua sua análise: a capacidade de produzir o suficiente para o atual padrão de consumo em menos horas pode gerar desemprego ou, então, permitir que todos trabalhem menos. O fato é que, nos Estados Unidos e na Europa, talvez já não haja trabalho para ocupar por oito horas toda a população economicamente ativa. Uma opção é que alguns trabalhem muito e outros nada. Os ociosos podem ser sustentados pelos que trabalham. Outra possibilidade é reduzir a jornada, ampliar os anos de estudo obrigatório e adiantar a aposentadoria. Busca-se transformar o possível drama do desemprego estrutural em ganho de qualidade de vida.

Mas o que poderá acontecer quando a redução das horas de trabalho, para que todos tenham emprego, se aproximar do ponto zero? No entanto, imaginar uma sociedade sem trabalho pode ser visto como algo paradoxal, uma vez que a época moderna acompanha a glorificação teórica do trabalho, que resultou, de fato, em transformar toda sociedade em uma sociedade de trabalhadores. E, como já se disse, "nos últimos três séculos o homem foi domesticado para o trabalho". A automatização traz a perspectiva de uma sociedade de trabalhadores sem trabalho privados da única atividade que resta a eles.

Para Schaff, a preocupação com a manutenção de um crescente grupo de pessoas sem trabalho deve ser do Estado, e se a sociedade se enriquece com a nova revolução industrial, consequentemente ela deve arcar com os custos do incremento do desemprego estrutural derivado desta revolução.

Mas as conseqüências da segunda revolução industrial não se manifestarão apenas na formação econômica da sociedade. As suas formações social e política também serão intensamente afetadas. Para Schaff, é um fato que o trabalho, no sentido tradicional da palavra, desaparecerá paulatinamente, e com ele o trabalhador e, portanto, também a classe trabalhadora entendida como a totalidade dos trabalhadores. Schaff prevê ainda, em sua análise, o fim das duas principais classes sociais — a dos trabalhadores e a dos capitalistas — e acredita que podem ocorrer mudanças de caráter socialista.

Para o autor, enquanto o caráter da formação econômica da sociedade é determinado pela propriedade dos meios de produção, o da formação social da sociedade o é pela estrutura de classes, e o da formação política da sociedade é determinado pela relação entre indivíduo e sociedade, isto é, entre o indivíduo e as instituições públicas, principalmente o Estado.

Analisando as possíveis implicações da segunda revolução industrial no quadro político-social atual, o autor acredita na democratização das relações humanas: "a revolução da cibernética oferece uma existência que será qualitativamente mais rica tanto em valores democráticos como materiais".

Encerrando a primeira parte, o autor enfoca as possíveis mudanças que estarão ocorrendo na formação cultural da sociedade. Para Schaff, ao lado da questão do desaparecimento

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