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A INTERDEPENDÊNCIA DAS TEORIAS ORGANIZACIONAIS

Por:   •  2/4/2018  •  1.366 Palavras (6 Páginas)  •  254 Visualizações

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Reed cita Gouldner ao afirmar que o modelo de racionalidade da organização prescreve o “mapa” de uma estrutura autoritária em que os indivíduos e grupos são obrigados a seguir leis. Um modelo que, embora atendesse à necessidade de uma hierarquia profissional, era totalmente antidemocrático e anti-igualitário.

Esse modelo foi, portanto, contestado por linhas alternativas, como pelas teorias da Escola das Relações Humanas, que trazia à tona a questão da importância dos aspectos humanos e sociais no processo produtivo. Foi nesse momento que o pensamento mecanicista perdeu espaço, cedendo lugar ao pensamento organicista, que tinha uma concepção diferente em relação à integração social, preocupando-se também com a maneira como as organizações modernas combinam autoridade com um sentimento de comunidade entre seus membros.

Reed aponta que dentro do modelo organicista, as teorias perdiam e ganhavam foco. A Teoria das Relações Humanas, ao final dos anos 1940 e começo dos anos 1950, era o modelo teórico predominante dentro da análise organizacional, mas, como seu antecessor, também sofreu contestações que o tirou do foco, dando abertura e proeminência à abordagem sistêmica, (Teoria da Contingência) que passava a enxergar e dar a devida atenção ao ambiente externo à organização, no qual a mesma está inserida, sob o olhar de que as mudanças no ambiente externo afeta direta e indiretamente a organização.

No texto o autor mostra que outras teorias vieram a surgir, sempre contestando umas às outras. As teorias baseadas no mercado, chamadas Teorias Econômicas da Organização, surgiram da necessidade de se atribuir à organização a solução para as falhas de mercado ou do colapso do sistema. Posteriormente surgem as teorias ligadas à dominação e ao poder, como a Teoria da Burocracia de Weber e os estudos de Foucault. A perspectiva do poder contesta todos os pressupostos das teorias anteriores, conceituando a organização como uma arena de interesses e valores conflitantes, constituída pela luta de poder. Depois surge o modelo baseado em conhecimento, rejeitando as várias formas de determinismo metodológico e teórico e a explanação lógica “totalizante” na qual os outros modelos se inserem, conforme relata Reed.

Segundo Reed, uma dúvida persistente quanto ao que está perdido nessa “localização” da análise organizacional e sua aparente obsessão com o nível micro de processos e práticas, faz essas abordagens parecerem estranhamente dissociadas das questões mais amplas sobre justiça, igualdade, democracia e racionalidade. Porém, essa recusa em enfrentar questões mais ideológicas e estruturais não passaram despercebidas e vários críticos tentaram redirecionar o estudo das organizações para as formas institucionais e as questões analíticas e normativas que elas levantavam. Começam, então, a surgirem os estudos organizacionais sobre justiça e imparcialidade.

O autor finaliza o texto colocando os pontos de interseção, representados por debates contestadores das teorias organizacionais, e os pontos de exclusão, representados por questões que deixaram de ser tratadas durante essas décadas de história que ele nos apresentou em seu texto, como por exemplo a questão do gênero, da raça e da tecnociência.

De forma semelhante, mas bem mais extensa e cercada de exemplos reais, Gareth Morgan, no livro “Imagens da Organização”, apresenta as teorias da organização sob a forma de imagens, ou seja, de como as organizações são vistas, interpretadas e analisadas. Morgan, ao contrário de Reed, deixa sempre muito claro que uma teoria é complementar à outra e que uma organização pode assumir diversas faces, tendo em vista os problemas que ela enfrenta no momento, ou mesmo levando-se em consideração a divisão setorial dentro dela. Por exemplo, em uma mesma organização percebemos traços mecanicistas, na produção, e traços organicistas, na Gestão de Pessoas. Portando, o texto de Reed, embora seja de uma qualidade inquestionável, ao meu ver, é deficiente no sentido de que o autor não deixa claro, apenas de forma implícita, que uma teoria complementa a outra, ou seja, são interdependentes.

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