A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO
Por: Sara • 13/4/2018 • 1.980 Palavras (8 Páginas) • 372 Visualizações
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É importante destacar que os indivíduos têm suas particularidades e singularidades e a valorização do trabalho, para garantir o bem-estar emocional é encarada pelos sujeitos de diferentes formas. Enquanto alguns valorizam mais determinados fatores, outros se preocupam mais com fatores distintos. Por isso, não existe uma regra especifica que determine o que vá garantir a afetividade no trabalho, esta depende da relação entre o sujeito e o ambiente, e a forma que ele percebe esse ambiente. Vilela e Assunção (2007) afirmam que nem sempre o conteúdo desagradável, percebido pelo colaborador irá gerar insatisfação no trabalho. Conforme explicam os autores, se o ambiente proporcionar determinada autonomia para o trabalhador, os esforços que ele investirá para lidar com a situação estressora serão compensados, diminuindo os efeitos nocivos sobre a saúde.
Um estudo com enfermeiros verificou que erros no trabalho consistem em sentimentos como pânico, desespero, preocupação, culpa, vergonha, medo e insegurança. Esses sentimentos refletem tanto na vida pessoal como profissional, causando instabilidade e atrapalhando a rotina do trabalhador (SANTOS, SILVA, MUNARI e MIASSO, 2007), destacando a importância das organizações preocuparem-se com a saúde do trabalhador, propiciando apoio psicológico para lidar com os aspectos emotivos. De acordo com os autores, quando a instituição ampara os profissionais, estes sentem-se seguros para buscar soluções rápidas e eficientes, resultando no sucesso profissional.
Outro estudo verificou a relação entre a inteligência emocional e o desempenho profissional, confirmando que a inteligência emocional é um preditor para o desempenho no trabalho, mas considerada um fator adicional e não o mais importante. A inteligência emocional foi descrita como a capacidade do monitoramento dos sentimentos do individuo e na percepção do sentimento dos outros, discriminando suas percepções e utilizando essas informações para guiar os pensamentos e ações (COBERO, PRIMI e MUNIZ, 2006).
Como exemplo da interferência das emoções no desempenho do trabalho, o estudo de Fernandes, Ferreira, Albergaria e Conceição (2002) com enfermeiras verificou que as representações das enfermeiras se manifestam durante a sua atuação, e muitas vezes problemas dos pacientes podem afetar o seu estado emocional, refletindo nos seus resultados. As cargas de sentimentos vivenciadas no dia a dia, decorrem de outras representações anteriormente elaboradas e caracteriza-se em um ciclo, transformando o trabalho em um sofrimento criativo ou sofrimento patogênico. No sofrimento criativo, o profissional usa as emoções como forma de resolução do problema para alcançar o êxito no trabalho, enquanto no sofrimento patogênico, o trabalho torna-se responsável pelo definhamento da saúde mental. Dessa forma, de acordo com os autores, é possível afirmar que o contexto do trabalho norteiam as relações de trabalho, e também as relações interpessoais do trabalhador.
Embora seja mais comum encontrar pesquisas que avaliam a relação afetividade, inteligência emocional e trabalho entre profissionais da saúde, são aspectos que devem ser observados em todos os trabalhadores. Conforme constataram Vilela e Assunção (2007), diversos tipos de trabalho trazem exigências afetivas, inclusive na relação trabalhador e usuário. Sejam elas situações que envolvam compaixão e pena, conforme estudo de Pereira e Assunção (2007), ou situações que geram estresse, permeadas por ameaças e possiblidades de rebeliões.
Considerando que as emoções são inerentes as atividades profissionais, Vilela e Assunção (2007) esclarecem que algumas organizações criam regras especificas para administrar o tipo, momento e intensidade da emoção relacionada às tarefas realizadas com o objetivo de moldar as emoções do trabalhador, preparando-os para situações difíceis. Porém, vale lembrar que além da grande carga de emoções decorrentes do ambiente de trabalho, existem também fatores externos à vida pessoal do individuo que interferem em todas as áreas de sua vida, como o abuso de álcool e drogas, cefaleias e absenteísmos, o que dificulta o manejo de emoções proposto pelas empresas.
Sabendo que o trabalho é um dos fatores mais importantes da vida do indivíduo, verificou-se a grande influencia que ele exerce, principalmente no que tange a vida afetiva e emocional. Assim como a inteligência emocional do indivíduo reflete no desempenho do trabalho, podendo causar insatisfação, a insatisfação com o ambiente de trabalho pode apresentar estressores que interferem na saúde mental do trabalhador. Considerando a relação entre vida pessoal e profissional, torna-se indispensável a atuação da Psicologia nessa área, de forma preventiva.
Atualmente as organizações têm compreendido a importância da saúde mental do trabalhador e desenvolvido diversas estratégias para gerar bem estar no trabalho, dentre elas citam-se a busca constante da melhoria do clima organizacional, a criação de regras que favoreçam o contato social dentro da empresa, treinamento e desenvolvimento, além de profissionais disponíveis para auxiliar no manejo das emoções.
Conclui-se, portanto, que tanto as empresas quanto os indivíduos precisam considerar que estão em constante evolução, e devem buscar formas de adaptar-se para que o trabalho faça parte da vida do indivíduo de forma saudável, já que o trabalho é claramente um ambiente que modula as vivências afetivas e a subjetividade do trabalhador, a partir das relações sociais estabelecidas ao longo da vida.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COBERO, C; PRIMI, R.; MUNIZ, M. Inteligência emocional e desempenho do trabalho: um estudo com MSCEIT, BPR-5 e 16PF1. Paideia, v. 16, n. 35, p. 337-348. Disponível em: http://tupi.fisica.ufmg.br/michel/docs/Artigos_e_textos/Tomada_de_decisao/014%20-%20Intelig%EAncia%20emocional%20e%20desempenho%20no%20trabalho.pdf >. Acesso em 18 de Agosto de 2016.
FERNANDES, J. D.; FERREIRA, S. L.; ALBERGARIA, A. K. ; CONCEIÇÃO, F. M. Saúde mental e trabalho feminino: imagens e representações de enfermeiras. Revista latino-americana de enfermagem, v. 10, n. 2, 2002. Disponível em: https://www.repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/2932/1/12350.pdf >. Acesso em 15 de Agosto de 2016.
HELOANI, J. R.; CAPITAO, C. G. Saúde mental e psicologia do trabalho. São Paulo em perspectiva, v. 17, n. 2, 2003. Disponível em: >. Acesso em 16 de Agosto de 2016.
MARTINEZ, M. C.; PARAGUAY, A. I.B.B. Satisfação
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