Toxicologia: O ambiente e as doenças do trabalho.

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R. Os agrotóxicos são constituídos por uma grande variedade de substâncias químicas ou produtos biológicos. São produtos desenvolvidos para matar, dificultar a vida (muitos atuam sobre processos específicos, como os reguladores do crescimento). Assim, por atuarem sobre processos vitais, em sua maioria, esses venenos têm ação sobre a constituição física e a saúde do ser humano. Os efeitos sobre a saúde podem ser agudos, resultantes da exposição a concentrações de um ou mais agentes tóxicos capazes de causarem dano efetivo aparente em um curto período, ou efeitos crônicos, resultantes de uma exposição continuada a doses relativamente baixas de um ou mais produtos. Os efeitos agudos são mais visíveis, aparecem durante ou após o contato da pessoa com o produto e apresentam características bem marcantes. No caso dos agrotóxicos, essas características podem ser espasmos musculares, convulsões, náuseas, desmaios, vômitos e dificuldades respiratórias. Já os efeitos de uma exposição crônica podem aparecer semanas, meses, anos ou até mesmo gerações após o período de contato com tais produtos, sendo, portanto, mais difíceis de identificar. Normalmente acarretam danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias.

Em muitos casos podem até ser confundidos com outros distúrbios, ou simplesmente não relacionados ao agente causador.

Algumas formas de remediar as intoxicações por agrotóxicos é evitar seu uso quando possível, evitar o uso em excesso ou de substâncias proibidas, utilizar equipamentos de proteção individual (EPI`s), tais como luvas, calças, botas, camisetas de manga comprida e máscaras, assim como evitar o contato com crianças e adolescentes. No caso de intoxicações agudas deve-se procurar um hospital ou, preferencialmente, um Centro de Informação Toxicológica (CIT).

3. Descreva de forma simples o mecanismo de ação de praguicidas organofosforados e carbamatos e o correlacione com efeitos tóxicos e monitorização biológica.

R. Os organofosforados e os carbamatos exercem sua ação principalmente pela inibição enzimática, o que determina a sua toxicidade. Dentre as enzimas, as esterases, especificamente, a acetilcolinesterase, são o principal alvo de sua toxicidade. A inibição da acetilcolinesterase leva ao acumulo da acetilcolina nas terminações nervosas, porque essa enzima realiza a hidrolise da acetilcolina produzindo colina e acido acético.

A acetilcolina é o mediador químico necessário para a transmissão do impulso nervoso em todas as fibras pré ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras parassimpáticas pós ganglionares e em algumas fibras simpáticas pós ganglionares. Além disso, a acetilcolina é o transmissor neuro humoral do nervo motor do músculo estriado e algumas sinapses interneuronais do sistema nervoso central. A transmissão do impulso nervoso requer que acetilcolina seja liberada no espaço intersináptico ou entre a fibra nervosa e a célula efetora. Depois a acetilcolina se liga a um receptor colinérgico, gerando dessa forma um potencial pós-sináptico e a propagação do impulso nervoso. Em seguida, a acetilcolina é liberada e hidrolisada pela acetilcolinesterase

Os inseticidas organofosforados apresentam duas características importantes: são mais tóxicos para os vertebrados que os demais inseticidas e são quimicamente instáveis, portanto se degradam no ambiente impedindo bioacumulação. Os carbamatos possuem uma toxicidade mais baixa quando comparados como os inseticidas organofosforados.

A exposição a esses inseticidas pode ocorre principalmente no contexto ocupacional, em trabalhadores que aplicam inseticidas na lavoura sem equipamentos de proteção adequados, ou pela ingestão acidental desses produtos e tentativas de suicídio.

Os praguicidas organofosforados e carbamatos são absorvidos pela pele, pelo trato respiratório, e pelo trato gastrintestinal, e muitas vezes sua absorção e favorecida pelos solventes presentes na formulação.

As principais vias de exposição são a respiratória e a cutânea e absorção oral pode ocorrer por ingestão voluntaria ou por alimentos contaminados. Tanto os organofosforados como os carbamatos sofrem extensa biotransformação.

A Monitorização biológica dos organo fosforados é feita através da avaliação da atividade da enzima acetilcolinesterase. Já a dos carbamatos é feita através da avaliação da atividade da enzima acetilcolinesterase e da detecção de alguns compostos na urina (1-naftol).