Trabalho de Teoria politica
Por: eduardamaia17 • 13/3/2018 • 2.557 Palavras (11 Páginas) • 375 Visualizações
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Segundo Carvalho (1983) a reconceituação não é um processo que tenha uma homogeneidade de ideias, mas é um movimento que coexiste varias ideias que partem de um mesmo ponto, que é a necessidade do rompimento com o Serviço Social tradicional.
Assim, a reconceituação não se configura como um bloco monolítico de ideias e posições, mas, pelo contrario, um movimento em que coexistem tendências e correntes nem sempre possíveis de conciliar entre si. Nesse sentido, o que caracteriza a reconceituação não é a homogeneidade interna do conjunto, não existindo uma declaração de princípios em que os participantes se reconhecem e que oriente suas atuações. Verifica-se uma unidade difusa, fundada num denominador comum: a denuncia da inadequação e inoperância do Serviço Social Tradicional frente à realidade latina americana e o reconhecimento da exigência de uma redefinição profissional (CARVALHO, 12. 1983).
As primeiras obras de Gramsci foram traduzidas e trazidas para o Brasil em meados dos anos de 1960, nesse período o Serviço Social já era reconhecido legalmente como uma profissão liberal, onde se caracterizava como “natureza técnico-científica”.
Segundo Simionatto (2004), esse período foi marcado por um movimento de Reconceituação, onde se passou a se questionar as referencias teóricas e da pratica profissional, que até então eram regradas pelas matrizes norte-americanas. A autora segue afirmando que
“esse processo de crítica e ruptura está intimamente vinculado ao cenário sociopolítico latino-americano e se ‘inscreve na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de transformação da estrutura capitalista excludente, concentradora, exploradora’ (Faleiros, 1987, p. 51. apud. Simionatto, 2004, p. 174).
Nota-se que esse processo tomou maiores proporções devido a não identificação do assistente social como classe trabalhadora. É quando ele começa a se identificar como classe trabalhadora ele começa a romper com o Serviço Social Tradicional.
Entre os anos de 1972 e 1975 a Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte passou a questionar a natureza ideopolítica do Serviço Social. Porém, em 1975, impasses políticos impediram que continuassem com a experiência que trazia para o Serviço Social pressupostos da teoria marxista.
Simionatto diz que o pensamento de Gramsci passou a ser utilizado no Serviço Social brasileiro a partir do encontro de Sumaré, organizado pelo CBCISS, onde a professora Creusa Capalbo inseriu ao debate questões marxistas e incorporou, também, questões sobre o Estado, questões sobre os intelectuais e da hegemonia, usando como base o pensamento gramsciano.
Esse debate aconteceu em um momento crucial, pois o Brasil passava por um processo de reorganização, tentando fortalecer a sociedade civil. Nesse momento, passaram a incentivar os profissionais da área a buscar novas referencias que fossem capazes de recuperar a formação e a práxis do profissional. Foi então que surgiu um novo cenário, onde recolocavam em debate as discursões no âmbito marxista, que incluía o pensamento de Gramsci. “Penso aqui na larga produção que, no eixo da tradição marxista, busca no aporte teórico gramisciano subsídios para refletir sobre o Serviço Social frente às novas demandas da realidade brasileira.” (SIMIONATTO, 2001).
Segundo a Simionatto (2001), no final da década de 1970, observou-se uma diminuição do pensamento Althusseriano nas decisões do Serviço Social. Passando, assim, a ser Gramsci um marco teórico nas elaborações do Serviço social
As ideias de Gramsci passaram a ser progressivamente incorporadas pelo Serviço Social, abrindo novas possibilidades para pensar suas referencias teóricas e suas ações interventivas. De uma forma ou de outra, o pensamento de Gramsci repercutiu fortemente na produção do Serviço Social desde os anos de 1980 e prossegue hoje em forma de livros derivados de teses acadêmica, ensaios diversos, artigos e analises da pratica profissional. (SIMIONATTO, 2001)
A aproximação do Serviço Social com o pensamento de Gramsci é encontrada nas produções de Safira Bezerra Ammarann, Alba Maria Pinho de Carvalho, Mariana Maciel e Franci Gomes Cardoso.
Teorias gramscianas
A teoria gramsciana parte da preocupação do autor com a visão da realidade social, isto é,
a elaboração teórica de Gramsci remete à necessidade de “conceber a vida e as estruturas sociais” tanto no plano “objetivo” quanto no “subjetivo”, ou seja, a “adoção consciente” do que Lukács denomina de “ponto de vista da totalidade”, ou a articulação entre “causalidade e teleologia”, entre “determinismo e liberdade”, entre “momentos de estrutura e momentos de ação”. (SIMIONATTO, p. 3).
Gramsci tem forte influencia do pensamento marxista, e para Gramsci esse pensamento é “definido (...) como filosofia da práxis, compreende, portanto, o nexo orgânico entre economia e política, entre filosofia, política e cultura.” (SIMIONATTO, p. 3). Portanto, o desenvolvimento dialético ocorre mediante entre a relação entre o homem e a matéria.
Simionatto utiliza das palavras de Martelli para dizer que a tese gramsciana não se distancia da tese marxista quando se trata da gênese histórica da sociedade. Nessas teses, tanto Marx quanto Gramsci afirmam que a gênese histórica da sociedade é situada no ato laboral humano, na pratica técnico-produtiva e na ação humana quando se trata da transformação da natureza.
Gramsci contrapõe as teses economistas dizendo que a filosofia da práxis não consegue representar com eficiência uma “teoria da história” ou das próprias leis econômicas. Ao contrario disso, Gramsci afirma que a historia, a política, a cultura e a economia se relacionam em uma espécie de unidade orgânica. Gramsci utiliza do pensamento de Marx e Lukács para discutir esse assunto:
Tanto as indicações de Marx contidas no Prefácio da Contribuição à Crítica da Economia Política, quanto as de Lukács em História e consciência de classe, de que a realidade social é melhor compreendida não pelo predomínio dos fatores econômicos, mas antes através do princípio da totalidade, também estão presentes nas críticas de Gramsci às interpretações economicistas do marxismo, que vicejavam no debate italiano nas primeiras décadas do século XX. Lançando mão do texto de Marx, Gramsci revela sua preocupação com a análise das condições objetivas e subjetivas, das relações
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