Relatório de Aula Sobre as Transformações no Mundo do Trabalho e o Serviço Social
Por: Ednelso245 • 24/6/2018 • 1.776 Palavras (8 Páginas) • 488 Visualizações
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Nesse sentido, afirma Serra (2001):
[...] sob essa ótica de transformação da forma e não da estrutura e modo capitalistas, deve-se identificar tais mudanças para que possamos adquirir e acessar as ferramentas necessárias para seu enfrentamento, pois o que se apregoa nesse novo padrão é a flexibilização dos processos e mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo, as respostas imediatas e diretas as demandas por segmentos do mercado (SERRA, 2001, pág.153 e 154).
Seguindo o pensamento de Serra (2001), a assistente social do TRE em sua exposição, indica que as transformações societárias contemporâneas impõem restrições a profissão de Serviço Social, onde o profissional deve se pensar inserido em meio a conjuntos. A mundialização do capital trouxe uma nova configuração do capitalismo e de seus mecanismos. Dentre estes, a cooptação de trabalhadores faz parte do ideário de participação no processo produtivo dentro da ordem, envolvendo os próprios trabalhadores na fiscalização entre si, estabelecendo metas e objetivos prefixados. Criou-se, então, o trabalhador “polivalente”, capaz de operar com máquinas e executar diversas atividades ao mesmo tempo, o que reverbera no assistente social como profissional que tem que trabalhar com diversos setores ao mesmo tempo, absorvendo ainda a demanda advinda como consequência dessa polivalência, o outro lado, a massa de trabalhadores sem qualificação.
Diante desse panorama societário, Serra (2001), aborda a total satisfação dos clientes e usuários tratando este como um dos princípios mais usados deste processo, o incentivo à participação dos empregados, gerando o compromisso com os resultados dos serviços e, nessa perspectiva, o aperfeiçoamento contínuo com ênfase ao uso de novas tecnologias, a transferência de responsabilidades, e um sistema ágil de comunicação para obter resultados com maior rapidez. Para se alcançar a missão de garantir a qualidade dos produtos ou serviços não há aceitação de erros, objetivando um padrão de desempenho que deve ser o de “zero erros e zero reclamações”[1].
Fernanda também entra na discussão do Círculo de Controle de Qualidade, abordando o tema dentro de sua contextualização. O Controle de Qualidade ganhou grande visibilidade no Brasil como uma das técnicas típicas da reestruturação produtiva, a partir do Governo Collor, na década de 1990, onde se observou a Reforma do aparelho do Estado e o aperfeiçoamento da administração burocrática e incorporação do modelo da administração pública gerencial com o Plano Diretor.
Na constatação da assistente social Fernanda é determinado cada vez mais exigências produtivas ao Serviço Social e o desempenho profissional passa a ser medido e tem como significado social do trabalho profissional, responder às requisições institucionais que induzem os profissionais a tratar da Questão Social apenas com critérios quantitativos e ao mesmo tempo buscar consolidar os direitos sociais de seus trabalhadores a partir dos referenciais técnico metodológico ético político da profissão. E citando Yazbek (2004), afirma que não se deve analisar o trabalho profissional do assistente social, na trama das relações capitalistas, apenas como uma atividade, mas sim, buscando as particularidades de sua intervenção. Dentro dessa perspectiva Serra (2001), afirma:
[...] que é imprescindível para o assistente social, conhecer essas alterações no mundo do trabalho, a fim de apreender as mudanças na função social do Serviço Social a partir da identificação de novas demandas á profissão em respostas as necessidades do capital e da força de trabalho”. (SERRA, 2001, pág 158).
Fernanda acrescenta que o trabalho do profissional é perpassado por condicionantes internos que são os que estão diretamente relacionados à competência profissional e os condicionantes externos que são afetos, aspectos e mediações da realidade que independem exclusivamente do sujeito profissional, ligados aos limites institucionais, por exemplo. Pontua que é difícil fazer exatamente tudo o que se quer em uma instituição, no entanto é preciso lançar mão de estratégias para se alcançar os objetivos do fazer profissional, corroborando as ponderações de Motta (1997):
[...]as exigências do processo de reestruturação produtiva, desencadeadoras das mudanças no mundo do trabalho, afetam imediatamente o processo e imediatamente, o controle da força de trabalho materializando mudanças de ordem técnica amparadas em práticas essencialmente políticas.” ( MOTA, 1997, pág.60).
De acordo com Fernanda, para o capitalismo sustentar todas essas transformações, gera um crescimento de produtividade, a divisão dos mercados consumidores, ocorrendo também novas formas de controle do capital sobre o trabalho. Mota (1997) reforça que para isso, é necessário que nesse processo de reestruturação, que se tenha novas formas de domínio do capital sobre o trabalho, sendo esse controle uma verdadeira reforma intelectual e moral. Dispondo assim, das novas formas de subordinação do trabalho pelo capital, sendo capaz de lhe permitir a flexibilização e a intensificação da produção.
Dentro desta perspectiva, Mota (1997), pontua que diante da necessidade da acumulação do capital são inseridos dois grupos de trabalhadores, pois, é exatamente esta nova necessidade do processo da acumulação do capital uma das principais determinantes para o surgimento desses dois grupos, onde um é o grupo dos empregados estáveis do grande capital e outro, os trabalhadores excluídos do grande capital. Fernanda ressalva que esse processo gera um contingente de excluídos do processo trabalho, que os autores chamam de “exército reserva”[2] de mão de obra.
O Serviço Social quanto profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, está sujeito às alterações do mercado o que reflete de imediato nas condições de trabalho deste profissional. O capitalismo diante de suas crises cíclicas tende a reestruturar-se construindo novas formas de trabalho, tanto na produção quanto da reprodução social. Portanto o assistente social sofre os impactos objetivos do neoliberalismo como desemprego, precarização do trabalho e dos salários, bem como dos sistemas de proteção social que sofre cortes no seu recurso, quando subjetivo. Um exemplo claro que implica na profissão é a regulação de mercado. Quando o mercado redefine suas modalidades de enfrentamento das expressões da questão social, campo de atuação do Serviço Social, que pontualmente tem seu fazer profissional condicionado a restrições de recursos, a seletividades de programas, terceirização
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