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MULHERES NA POLÍTICA

Por:   •  21/2/2018  •  5.083 Palavras (21 Páginas)  •  289 Visualizações

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As políticas de ação afirmativas dotadas por movimentos de afirmação de identidade e de inclusão política surgem como tentativa de criar mecanismo de reparação desse processo. Mais do que reconhecimento, o objetivo é a pressão das mulheres como participantes diretas do cenário de decisão e representação. “A sua entrada como categoria da política vem acompanhada de um conjunto de argumentos orientados para legitimá-las, os quais envolvem concepções estruturantes da identidade de gênero ou do que é ser sujeito político no feminino”[1].

Diante das transformações ao longo da história, mas precisamente do final do século XIX até os dias atuais, é o deslocamento do eixo de expressão que a política experimenta. O que antes era visto como “política de ideias” em que a figura do representante político não possuía tamanha relevância frente as ideias que eles representavam; com o advento das mudanças sociais, o eixo político que sofreu mutações - a “política de presença” - passou a dar ênfase na presença de atores e atrizes e menos relevância nas ideias que eles representam. Necessário ressaltar que as ideias continuam sendo importantes, mas não tanto como a relevância da representação. É desse anseio de modificar essas sub-representações que implica na redefinição de “o que está sendo representado, onde quem representa, o que representa”. Ademais, os desafios dar-se-ão em como legitimá-los nas arenas institucionais.

Segundo um cientista política americana, Mona Krook, a categorização para que haja o aumento das mulheres no meio político se dar em três etapas, quais são elas:

1º estágio: Elegível – Aspirante;

2º estágio: Aspirante – Candidato;

3º estágio: Candidato – Eleito.

No primeiro estágio, é o interesse pela política. São as formas de incentivo, educação política, desmistificação de que aquele espaço não compete as mulheres, bem como mostrar os lados da política distanciando um pouco a negativação e sujeira que há. Em segundo - processo de aspirante - é no resultado dessa construção política em que as mulheres passam a manifestar interesses pela coisa pública e representação aumentando a procura pela participação e possibilita que os objetivos das cotas e projetos de inclusão possam ser alcançados. Ao fim como consequência das anteriores etapas, na terceira, após o cultivo e incentivo, concretiza-se as políticas de inserção de mulheres à política. É a efetivação e legitimação a quantidade de mulheres representantes, possibilitando a elas uma concorrência justa e equitativa, uma vez que a quantidade de mulheres candidatas aumentaria gradativamente com admissões em partidos políticos e, consequentemente, mais mulheres chegariam a cargos públicos através do poder de representatividade concedido a elas.

Mediante importância da incorporação de mulheres na política, a autora Clara Araújo em seu artigo, salienta para análise de três importantes argumentos utilizados para implementação de cotas e mitiga cada um para que ocorra anuência eficaz dessa civilidade. O primeiro é o critério de Justiça que - embora seja tão utilizado para conter apelo moral e tenha grande estima frente a opinião popular - é um argumento raso. Conquanto haja apreço público, relatar que a implementação de cotas é necessária, pois não é justo que quase 52% dos eleitores brasileiros sejam reduzidos a apenas 10,1% no Congresso em sua representação, segundo dados da última eleição em 2014, é argumento sem fundamento lógico. Ainda assim, a afirmação de injustiça não responde com clareza o que essas mulheres farão quando chegar a esta arena. Contudo, para o filósofo Bobbio, isso é uma forma de assegurar um princípio mais geral de oportunidade, inclusive na política. É tratar desigual os desiguais para que consiga o máximo de Justiça.

Outro ponto a ser analisado são os argumentos centrados na diversidade e tolerância de Judith Squires. Justificar a inclusão das mulheres a partir de um conjunto de valores que essas poderiam acrescentar à política, alterando sua qualidade é perigoso em meio a uma sociedade machista e sexista. A dificuldade no discurso é que isso tende a fortalecer o papel da mulher decorrente da prática doméstica e familiar com essa suposta superioridade. É utilizar da visão que a mulher é protetora, cuidadora e que ao chegar na política, irá ajustar e abarcar todos através de sua proteção. Sugerem que argumentos centrados na afirmação de atributos femininos tendem a estar relacionados com a dinâmica de exclusão/inclusão experimentada pelas mulheres na arena pública.

Por fim, o mais complexo e polêmico argumento refere-se à existência de interesse comum as mulheres. Essas discussões perpassam sobre a filosofia e definições normativas quanto as formas de representação. Observa a complexidade, uma vez que, apesar de serem mulheres e partilharem semelhantemente de diversas situações, sujeitas aos mesmos fatores, não há como homogeneizar os pensamentos e ações delas, direcionando a alguns objetivos. Deste modo, não há garantias de que tais mulheres ao chegarem as arenas institucionais representarão os anseios e necessidades das mulheres. Portanto, a compreensão se dar em o que deve ser representado e quem deve representar. Assim, - embora paire a incerteza se de fato as mulheres que chegarão a estas arenas irão representar a totalidade -, quem melhor para representar os desejos, anseios e direitos das mulheres senão elas mesmas. Se os interesses das mulheres fossem transparentes e perceptíveis, não haveria necessidade de insistir na importância do ato de representação para a mulher.

A representatividade é essencial. A exemplo disso, algumas mulheres tornaram-se referências mundial e que dominaram aos mais altos cargos políticos existentes, mostrando a competência e responsabilidade que possuem ao presidir diversos Países, Estados e cidades. A primeira mulher Presidenta - na era moderna que não tinha herdado o título - foi na República da Tuva em 1940, Khertek Auchimaa-Toka, aos 28 anos de idade. Assim como ela, outras mulheres também chegaram ao topo político -conduziram e conduzem- grandes países, como é o caso de Dilma Rousseff (Foi Presidenta do Brasil), Cristina Kirchner (Foi Presidenta da Argentina) , Margaret Thatcher (Foi primeira-ministra do Reino Unido), Angela Merkel (Chanceler da Alemanha), Indira Gandhi (Foi Primeira-ministra da Índia), Edith Cresson (Primeira-ministra da França), entre tantas outras que suas imagens tornaram símbolos de esperança pela da equidade de gênero. Diante

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