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O PAPEL DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Por:   •  17/3/2018  •  6.113 Palavras (25 Páginas)  •  589 Visualizações

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O termo “brinquedo”, empregado por Vygotsky (2002) num sentido amplo, se refere ao ato de brincar. É necessário ressaltar também que embora ele analise o desenvolvimento do brinquedo e mencione outras modalidades (como, por exemplo, os jogos esportivos), dedica-se especialmente ao jogo de papéis ou à brincadeira de “faz-de-conta” (como, por exemplo, brincar de polícia e ladrão, de médico, de vendinha etc.). Este tipo de brincadeira é característico nas crianças que aprendem a falar, e que, portanto, já são capazes de representar simbolicamente e de se envolver numa situação imaginária.

A imaginação é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano que não está presente nos animais nem na criança muito pequena. É, portanto, impossível à participação da criança muito pequena numa situação imaginária. Ela tende a querer satisfazer seus desejos imediatamente: ninguém jamais encontrou uma criança muito pequena, com menos de três anos de idade, que quisesse fazer alguma coisa dali a alguns dias, no futuro (VYGOTSKY, 1984, p. 106).

Na visão sócio-histórica a brincadeira, o jogo, é uma atividade específica da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade social humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

Brincando a criança se torna espontânea, desperta sua criatividade e interage com o mundo interior e exterior. Essa atitude é fundamental na vida das crianças, pois é através dela que se pode expressar a emoção.

De acordo com Vygotsky (1988) através do brinquedo a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivações internas. Nessa fase (idade pré-escolar) ocorre uma diferenciação entre os campos de significado e da visão. O pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas idéias. A criança poderá utilizar materiais que servirão para representar uma realidade ausente.

Com base nesse novo olhar sobre a infância, uma outra concepção de educação vem sendo pensada para essa faixa etária. Procurar redimensionar a educação infantil incorporando os aspectos culturais implica em afastar a idéia que considera a criança como ser em preparação para uma outra etapa da vida. O meio no qual a criança vive apresenta-se carregado de significados, de ideologia, história e cultura. Assim sendo, não cabe pensá-la de forma abstrata. Segundo Vygotsky, o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo pelo qual as crianças penetrem na vida intelectual daqueles que a cercam. (VYGOTSKY 1994, apud MUNIZ, 1999).

Pode-se compreender que no curso da história, em tempos diferentes, existiram brinquedos diferentes. Em um primeiro momento os brinquedos confeccionados pelas crianças, o tempo das bonecas de pano, dos carrinhos de madeira, dos cavalos de pau, das brincadeiras de amarelinhas, das cantigas de roda, com o cenário natural da noite, e o mistério das estrelas, em que a subjetividade da criança se fazia de uma criança para outra e da criança com a mãe.

Conforme afirma KISHIMOTO (2003, p. 9) “tempo em que se preservava o sonho e os limites se definiam no aprendizado de uma relação que é essencialmente lúdica - a relação de uma criança com a outra”.

A atividade lúdica é muito importante para o desenvolvimento sensório motor e cognitivo, tornando-se desta forma uma maneira inconsciente de se aprender. A introdução do lúdico na vida escolar do educando é uma maneira muito eficaz de dinamizar o seu aprendizado e o desenvolvimento de habilidades, perpassando vivências infantis para imprimir-lhe concepções de adulto, os conhecimentos e principalmente na forma de interagir.

O termo jogo é diferente do termo brinquedo. Ou seja, o brinquedo pode ser compreendido de forma estrita como sendo o objeto que serve para as crianças brincarem, enquanto que o termo jogo ao se referir a uma ação lúdica envolve situações estruturadas pelo próprio tipo de material como no xadrez, trilha e dominó. Enquanto os brinquedos podem ser usados de variadas formas em muitos casos os jogos já trazem regras intrínsecas.

Considera-se um forte aliado no processo de socialização dos indivíduos, favorecendo especialmente o crescimento pessoal e a constituição de uma ação cooperativa. Nesse sentido, colabora para o desenvolvimento da linguagem oral, do pensamento associativo, habilidades auditiva e sociais, através da construção de relações espaciais.

Por meio dos jogos os alunos exercitam a autonomia e a cidadania, uma vez que desenvolvem a capacidade de julgar, argumentar, raciocinar e chegar a um consenso.

“As teorias que discutem os processos internos relacionados com o comportamento lúdico focalizam o jogo como representação de um objeto” (KISHIMOTO, 2003, p. 10). Esse conhecimento é fundamental para que se tenha uma comprovação da importância do lúdico no desenvolvimento infantil.

É válido considerar que nem sempre jogo significa atividade lúdica. Denomina-se jogo, situações como disputar uma partida de xadrez, um gato que empurra uma bola de lã, uma tabuleiro com piões e uma criança que brinca com boneca (KISHIMOTO, 2003, p. 3). O jogo, para ser lúdico, precisa gerar uma tensão positiva suficiente para não prejudicar o aprendizado do aluno, tem que levar a não frustração.

Nesse sentido ao considerar jogo como sendo um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que devem ser observadas quanto se joga é evidenciar indubitavelmente a sua contribuição para o desenvolvimento infantil. Além de balanço, oscilação, astúcia, manobra, o jogo amplia a noção espaço temporal das crianças, evidenciando a importância de sempre oferecer meios ao crescimento do indivíduo na aprendizagem, como pessoa, e não precisam estar necessariamente dentro de uma competição entre grupos em que um tem de ganhar e outro tem de perder.

Desta forma, entende-se que jogo pode ser considerado o mais eficiente meio estimulador da inteligência, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja. Quando joga, passa a viver quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem limitações. Pode ser grande, livre, e na aceitação das regras pode ter seus impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço, envolve-se com a fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real.

Assim, o jogo é toda e qualquer atividade que

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