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O PAPEL DO PROFESSOR ALFABETIADOR NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NUMA VISÃO CONSTRUTIVISTA

Por:   •  12/4/2018  •  9.321 Palavras (38 Páginas)  •  443 Visualizações

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As cartilhas ainda reinam nas escolas atualmente, porém, diante da proposta construtivista se torna necessária inúmeras mudanças na prática da alfabetização. Contudo, alguns professores continuam não aceitando tal proposta por não terem segurança para trabalhar com textos, ou até mesmo por não compartilharem das idéias de Ferreiro, Teberosky e Piaget. Ao mesmo tempo, outros alfabetizadores estão querendo entender as mudanças que vêm ocorrendo na teoria e na prática da alfabetização.

É nesta perspectiva de divulgação de referências que se coloca o presente trabalho, por ele traduzir uma resposta ao desafio de refletir sobre a prática educacional na alfabetização. Ele traz esclarecimentos sobre a dicotomia do distanciamento entre o professor e a prática da leitura, mostrando como isto pode influenciar na formação de leitores mais críticos.

Esta pesquisa foi dividida em quatro capítulos; no primeiro capítulo foi apresentado um histórico da alfabetização no Brasil, tendo este como uma forma de compreender o fracasso escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

No segundo capítulo fez-se uma explanação sobre a nova visão da alfabetização, ou seja, esclarecimentos sobre a concepção construtivista e como esta pode propiciar aos alunos ocasiões de construção da aprendizagem. Também foi apresentada as idéias teóricas das educadoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, demonstrando como o percurso da aprendizagem da leitura e da escrita se apresentam nos indivíduos.

No terceiro capítulo foi discutido a relação existente entre alfabetização eletramento e a importância da valorização dos conhecimentos prévios para o desenvolvimento integral do aluno.

No quarto capítulo foi apresentada uma reflexão a cerca do trabalho do professor, analisando a importância deste profissional e a influência de seu trabalho de forma positiva ou negativa no processo educacional.

Dessa forma, este trabalho pretendeu garantir o aprofundamento das reflexões sobre como efetivar uma prática docente e construtiva durante o processo de alfabetização nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

1 A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO: UM MEIO PARA COMPREENDER O FRACASSO NAS SÉRIES INICIAIS

Nos últimos tempos, têm-se desenvolvido grandes debates e discussões sobre a aquisição da leitura e escrita. Com o alto-índice de analfabetismo e evasão escolar nas séries iniciais, que ainda perdura no Brasil hoje, faz-se extremamente necessário que estas discussões continuem a ocorrer.

O conceito de alfabetização veio sofrendo transformações ao longo dos tempos: dos ideais humanistas da Reforma protestante no século XVI à concepção de alfabetização como liberdade, que fundamenta a Década das Nações Unidas para a alfabetização, da Unesco (2003-2012), verificando-se mudanças significativas no conceito, na forma de praticar a alfabetização: e que tais transformações articulam e refletem as complexas relações entre educação e sociedade.

De acordo com Castro (2001), em torno do século XVI, os pensadores humanistas acreditavam que a educação poderia transformar o homem e permitir a ele o controle do próprio destino, traduzindo um esforço de salvaguarda dos valores da antiguidade, onde o mundo ocidental passa a mergulhar na esfera teológica, condicionando o aprender e o ensinar a métodos e teorias que estivessem de acordo com dogmas e anseios políticos da Igreja Romana.

Assim, Castro (2001a, p.36) afirma que:

Nesse período, os nobres que desejavam iniciar seus filhos na cultura letrada tinham de pagar caro por isso e confiar a educação aos padres que atuavam como preceptores ou mestres. O controle da igreja sobre a produção cultural era bastante rigoroso e o acesso às obras produzidas eram restritos.

Os interesses que envolviam o acesso ao conhecimento, à educação determinavam o que podia ou não ser aprendido ou conhecido. “O panorama permaneceu dessa forma até o final do século XVIII, com a propagação dos ideais iluministas que desencadeiam a Revolução Francesa”. (CASTRO, 2001b, p. 37)

Com a chegada da Modernidade, e com as transformações pelas quais passou o Ocidente, a educação passou a ser encarada como mecanismo indispensável para a consolidação dos novos regimes nacionais que se implementavam, sobretudo após a Revolução Francesa.

Neste mesmo período, de acordo com Castro (2001), estrutura-se na França um sistema público de ensino e a alfabetização em massa tornam-se uma preocupação que acompanha a escalada das transformações do modo de produção artesanal para manufaturas e indústrias sustentadas pelo maquinário recém associado à força do vapor.

Surge então, precisamente em 1789, o modelo escolar de alfabetização, significando o processo de ensino aprendizagem inicial de leitura e escrita; e também a escola pública tal a qual a concebemos hoje, universal, gratuita, laica e obrigatória, que se difunde consolidando-se definitivamente nos países do norte da Europa, a partir da segunda metade do século XIX.

Aos contextos políticos econômicos do século XIX, apresentava-se o cenário de uma indústria crescente. A consolidação da sociedade industrial capitalista e o crescimento urbano nos grandes centros revelavam a necessidade de garantir a estabilidade social através de uma instituição que, ao mesmo tempo, veiculasse os valores dominantes e dotasse o cidadão dos rudimentos da leitura e da escrita, adequados à situação emergente. Nessa realidade, a alfabetização tornou-se o pilar fundamental da escolarização básica; ou seja, a leitura e a escrita passaram a ocupar o lugar central da atividade escolar.

Apresenta-se o analfabetismo no Brasil como um problema que perpassa os séculos, onde desde o seu início como Colônia, sua população majoritária tem conhecimento precário da língua escrita, gerando grande dificuldade em participar, como cidadão, da cultura letrada que o cerca.

Ao longo desse percurso, observa-se o fracasso da escola brasileira na sua tarefa de garantir o direito de todos os alunos à alfabetização, seja porque inicialmente o acesso à escola não estava garantido a todos; ou porque depois, ainda que com a democratização desse acesso, a escola não conseguiu, e ainda não tem conseguido, alfabetizar os setores sociais que mais necessitam da escola para sua alfabetização. Ferreiro acrescenta, ainda que: “(...) na medida em que a escola continuar expulsando grupos consideráveis de crianças que não consegue alfabetizar, continuará reproduzindo o analfabetismo

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