O Etnocentrismo Como Facilitador Do Domínio Das Corporações
Por: Darlin F. • 21/3/2023 • Resenha • 865 Palavras (4 Páginas) • 655 Visualizações
Referência: COSTA E SILVA, Gildemarks. Tecnologia, educação e tecnocentrismo: as contribuições
de Álvaro Vieira Pinto. Rev. bras. Estud. pedagog. (online), Brasília, v. 94, n. 238, p. 839-857, set./dez.
2013. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v94n238/a10v94n238.pdf>. Acesso 06 jul 2021.
O tecnocentrismo como facilitador do domínio das corporações
Em artigo publicado em 2013, o Doutor em Educação Gildemarks Costa
e Silva se propõe a analisar a conceituação de tecnologia de acordo com a
produção do filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto, com foco na obra “O
conceito de tecnologia”, escrita em 1973 e publicada em 2005. Costa e Silva
objetiva prover o campo pedagógica com conceitos que auxiliem na
compreensão crítica da questão da tecnologia e sua relação com a educação.
O artigo resgata os quatro significados centrais da tecnologia apontados
por Vieira Pinto, são eles:
a) tecnologia como logos da técnica ou epistemologia da
técnica; b) tecnologia como sinônimo de técnica; c) tecnologia
no sentido de conjunto de todas as técnicas de que dispõe
determinada sociedade; d) tecnologia como ideologização da
tecnologia” (p. 843, 2013).
Há no texto a conceituação do que seria Tecnocentrismo, tema
abordado não só por Viera Pinto, mas também por outros autores, tais como
Feenberg, Klinge e De Vries. O termo se relaciona com a outorga “à tecnologia
um lugar proeminente na vida do ser humano, situando-a como a panaceia
para todos os problemas da humanidade” (p. 841, 2013). Segundo Costa e
Silva, que se baseou no pensador peruano Germán Doig Klinge, tal maneira de
perceber a tecnologia pode ser problemática, pois com a extensão do modo
técnico de pensar para todas as esferas da sociedade,
a tecnologia torna-se um filtro que distorce a realidade, e a
utopia tecnológica se torna o grande horizonte pelo qual tudo
se reordena, visto que a meta, agora, é refazer o mundo à
medida da racionalidade tecnológica (p. 842, 2013).
Ainda que o texto base do artigo tenha sido escrito por Vieira Pinto na
década de 70, existe a menção de um peculiar relacionamento ser humano x
máquina, muito atual, aliás, quando se afirma que
o ser humano, na ideologização, em vez de fazer da máquina
um instrumento de transformação, a vê como instrumento de
adoração. Não é à toa que muitos atribuem “nomes próprios”
às máquinas e se referem a elas como se estivessem lidando
com seres vivos. O autor considera que esse argumento é
equivocado, primeiro por atribuir certa “santificação moral” dos
processos adotados pelos países centrais e, segundo, porque
nisso se abre a possibilidade de fazer da tecnologia a forma
atualmente mais eficaz de dominação (COSTA E SILVA, p.
848, 2013).
Com a popularização dos assistentes virtuais com nomes de seres
humanos (Siri, Cortana, Alexa etc) desenvolvidos por grandes corporações,
nota-se que o pensamento de Vieira Pinto continua relevante. Com destaque
inclusive para a observação de a tecnologia ser utilizada como forma de
dominação, especialmente pelos grandes conglomerados.
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