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DOM PEDRO I DO BRASIL

Por:   •  18/12/2017  •  15.020 Palavras (61 Páginas)  •  555 Visualizações

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O falecimento de seu irmão mais velho, D. António de Bragança, em 1801, tornou-o o herdeiro de seu pai, então regente em nome de D. Maria I.[9] [10]

O príncipe passou a infância no Palácio de Queluz, onde também nascera, e convivera com a avó paterna, que estava completamente insana. Sua mãe não lhe dava muita atenção, preferindo voltar-se para seu irmão mais novo, Miguel. Seu pai o estimava muito, considerando-o o filho predileto, mas por ser reservado e sofrer de depressão, mantinha pouco contato com o seu herdeiro.[11]

Em 1807, João VI, preocupado com os acontecimentos na Europa, realizou um plano de enviar o seu filho mais velho para o Brasil e assim impedir que a mais valiosa colônia do império português pudesse sofrer o mesmo destino das colônias espanholas.[12] Entretanto, a invasão de Portugal por tropas de Napoleão Bonaparte o fizeram mudar de ideia e decidiu-se pela transmigração não só da família real portuguesa, mas de grande parte da nobreza portuguesa e de todo o aparato estatal do Império Lusitano.

[pic 1]

D.Pedro aos 2 anos de vida em 1800

[pic 2]

Sua Alteza, aos 6 anos de idade em 1804, por D. Maria Francisca Benedita

Na formação musical de D. Pedro, teve influência o compositor Marcos de Portugal (1762 - 1830), nomeado mestre de suas altezas reais em 1807. Quando a Corte se transferiu para o Brasil, o príncipe Real passou a ter aulas com o padre José Maurício Nunes Garcia (1767 - 1830), mestre da Real Capela do Rio de Janeiro, a partir de 1808.[13] Ao longo da sua vida foi autor de diversas composições musicais, entre elas o Hino Constitucional, ou da Carta, em 1820. [14] [1]

No Brasil, Pedro viveu no Palácio da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Rio de Janeiro, junto com seu pai e seu irmão Miguel de Bragança, mas também residiu naFazenda de Santa Cruz e no Paço Imperial.[15]

Pedro e seu irmão Miguel compartilhavam a aparência, o temperamento e afeições. Ambos possuíam uma relação de amor e ódio um com o outro, e brincavam e brigavam quando crianças.[16] Na infância, os dois irmãos criavam pequenos regimentos formados por amigos que se combatiam simulando batalhas entre exércitos.[17]

A predileção de Pedro I pela vida militar não se restringiu apenas à infância, e mesmo como adulto manteve o gosto pela carreira. Anos mais tarde, em 1825, um estrangeiro diria que não havia no Brasil pessoa melhor que o então imperador no manejo com armas.[17]

As principais atividades do herdeiro da coroa portuguesa até os seus dezesseis anos de idade foram os exercícios físicos, a equitação e a marcenaria. Seu interesse peloscavalos não se restringia a apenas montar, mas também cuidava deles arreando, dando banho e até mesmo os ferrando.[18]

Na mocidade se divertia indo às tavernas do Rio de Janeiro, que frequentava em companhia dos empregados do palácio, mas sempre disfarçado para que não fosse reconhecido. Em uma dessas andanças noturnas conheceu Francisco Gomes da Silva, que mais tarde se tornaria um dos seus mais fiéis amigos e seria conhecido como o "Chalaça".[15]

Características[editar | editar código-fonte]

[pic 3]

Pedro de Alcântara em torno de 1808, por Jean François Badoureau

De acordo com Isabel Lustosa, Pedro se "bem que não fosse bonito, era simpático, bem constituído, de cabelo preto e anelado; tinha nariz aquilino, olhos pretos e brilhantes, uma boca regular e dentes muito alvos".[19] ParaJosé Murilo de Carvalho, ele era "comandado por emoções, às vezes contraditórias, a que não aprendera a impor barreira alguma. Era impulsivo, romântico, autoritário, ambicioso, generoso, grosseiro, sedutor. Era capaz de grandes ódios e grandes amores".[20] Heitor Lyra o define da seguinte maneira:[21]

De temperamento, era um impulsivo. Volúvel até os extremos, era capaz dos maiores egoísmos e das mais largas generosidades. Tudo nele era incompleto: mal educado, mal guiado, mal aconselhado, faltou-lhe sempre o senso da medida. Mas, como todas as naturezas espontâneas, tinha um fundo de grande bondade.

Herdou do velho Rei seu pai, a liberalidade […]. Tinha da mãe, sobretudo, a impetuosidade. Foi essa impetuosidade, aliada ao seu estabanado cavalheirismo, que o levou a libertar dois povos.

Um punhado, largo, de boas qualidades: bravura, honestidade, desprendimento pessoal, idealismo. E um acentuado desejo de bem fazer – o que o não impedia de ser, muita vez, injusto e agressivo até com os seus melhores amigos.

O príncipe era extremamente simples, e enquanto a sociedade da época como um todo considerava qualquer forma de trabalho manual algo relegado somente a escravos, Pedro não se importava em trabalhar com as próprias mãos.[18] Fazia questão de manter uma relação direta com o povo, e sentia prazer em estar entre gente comum.[22]

Isabel Lustosa expressa claramente este lado do imperador como no episódio em que "ele saia da igreja misturado com a gente do povo que gracejava e ria, não dando a menor demonstração de repulsa ao profanus vulgus, mas sim de desejar confraternizar-se com eles. Quando d. Pedro era abordado por qualquer pessoa do povo, entabulava familiarmente uma conversa".[23]

Dom Pedro I e a escravidão no Brasil[editar | editar código-fonte]

[pic 4]

Engenho de açúcar noNordeste brasileiroPor Henry Koster, 1816

[pic 5]

Família sendo seguida por seus escravosPor Henry Chamberlain, 1822

Pedro I não acreditava em diferenças raciais e muito menos em uma presumível inferioridade do negro como era comum à época e perduraria até o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O imperador deixara clara a sua opinião sobre o tema: "Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros".[24] Era também completamente contrário à escravidão e pretendia debater com os deputados da assembleia constituinte uma forma de extingui-la.

O monarca acreditava que a melhor maneira de eliminar a escravidão seria de uma maneira gradual em conjunto com a imigração de trabalhadores europeus para substituir a mão-de-obra

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