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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE UMA PROPOSTA CURRICULAR

Por:   •  20/5/2018  •  1.466 Palavras (6 Páginas)  •  421 Visualizações

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A dimensão política do currículo é efetivada a partir das concepções de ideologia, cultura, poder e intenções sejam explicitas ou ocultas, o que faz da escola um espaço onde se legitima aquilo se se pretende perpetuar na sociedade. Segundo Giroux (1986) as escolas são instituições históricas e culturais que sempre incorporam interesses ideológicos e políticos da classe dominante, ancorando a escolarização em uma visão de mundo limitada e mecânica; por esta razão é necessário ter professores com uma prática crítica, transformadora. Giroux (1992, p. 20-21) considera que: “repensar e reestruturar a natureza do trabalho docente é considerar os professores como intelectuais”. Devemos também “considerar os professores como atores reflexivos” (GIROUX, 1992, p. 21).

Portanto, os professores devem assumir seu papel como intelectuais transformadores, que podem usar o currículo a favor da emancipação e libertação. Giroux (1997) aponta o professor como intelectual transformador, isto é, um profissional capaz de questionar as condições e posições políticas, econômicas e pedagógicas de seu trabalho de maneira crítica, reflexiva e criativa, em busca da luta por mudanças sociais.

Freire (1987) critica a educação bancária na qual os professores são aqueles que apenas depositam conhecimentos nas cabeças de seus alunos, os educandos estão ali apenas para receber aquilo que lhes são transmitidos, ou seja, o educador é o bancário que faz depósitos nos educandos. Em detrimento da educação bancária, a educação libertadora possibilita aos educandos uma mudança no processo de aprendizagem, visto que a educação libertadora abre espaço para a comunicação, um diálogo, aproxima professor e aluno, aluno e aluno, abre espaço para a problematização, questionamentos, reflexão sobre a realidade e busca de transformação da mesma.

Giroux acredita que só através de um processo pedagógico em que as pessoas possam ter consciência do papel de controle e dominação que as instituições exercem é que elas podem ser emancipadas e libertadas. Ele diz ainda que a escola e o currículo devem ser locais de exercer habilidades democráticas da discussão e da participação, um lugar de lutas e não um lugar neutro. Portanto, pode-se observar que o currículo não é só transmissão de “fatos um local onde se produzem e se criam significados sociais”.

Para Giroux, o currículo deve ser visto como política cultural e como emancipador, deve encaminhar o trabalho da escola em relação à cultura popular. Uma vez que a cultura é fator indispensável que situa o iser humano como sujeito. Diante disso, o professor precisa construir conhecimentos próximos de seus alunos, e esses conhecimentos devem estimulá-los à desafios, à superação de si, à busca.

Os conteúdos devem ir além das disciplinas. Trazer questões do cotidiano, da política, economia, cultura, enfim, tudo aquilo que gere uma sociedade.

CONCLUSÃO

Henry Giroux e Paulo Freire são autores que defendem a emancipação do sujeito como resultado da ação democrática da escola enquanto esfera pública e que buscam valorização da cultura popular. É pelo propósito da liberdade que Giroux e Freire refletem sobre o papel da escola, na tentativa de romper as ideias que reproduzem passivamente e que estão a favor da perpetuação da classe dominante em detrimento da classe oprimida.

A educação é a ferramenta da transformação social e o currículo é uma arma poderosa a favor dessa transformação. Para que isso aconteça, Freire diz que é necessário que o educando reconheça seu papel, através de uma educação, da parte dos professores, que não seja alienada, para que possibilite a formação de sujeitos críticos e de verdadeiros agentes transformadores.

REFERÊNCIAS

BURBANO PAREDES, José Bolívar. Aproximações teórico-metodológicas para a elaboração de um currículo indígena próprio: a experiência de educação escolar indígena na Área Indígena Krikati, em Mato Grosso. Urucum, jenipapo e giz: a educação escolar indígena em debate. Cuiabá: Entrelinhas, 1997. p.167-183

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, v. 3, 1987.

______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

GIROUX, Henry. Teoria Crítica e Resistência em Educação. Para além das teorias de reprodução. Tradução de Ângela Maria B. Biaggio. Petrópolis: Vozes, 1986.

______. Escola crítica e Política cultural. 3 ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1992. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo).

______. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem [Trad. Daniel Bueno]. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

PIAGET, Jean. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

TADEU, Tomaz. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Autêntica, 2016.p.71-76.

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