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A CONSTITUIÇÃO DE GÊNEROS NO FACEBOOK: discurso literário ou discurso de autoajuda?

Por:   •  21/7/2017  •  3.760 Palavras (16 Páginas)  •  621 Visualizações

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Para Bakhtin a diferença entre os tipos de gêneros “primários e secundários” é bastante vasta. De acordo com Bakhtin, existe a ânsia de que se faça uma análise do enunciado, para que se possa definir sua natureza. Levando em conta essa necessidade do estudo, notamos como podem ser desenvolvidas as capacidades reflexivas dos internautas diante dos fragmentos retirados de poemas literários e consequentemente postados na rede social. O estudo desta natureza e da diversidade dos gêneros é importante para as pesquisas de linguagem no facebook, no box status com destaque na utilização do texto literário, pois através desta análise, poderemos obter os dados de nossas investigações levando em conta a literáriedade da informação postada.

Bakhtin declara que os gêneros secundários são formados a partir de reelaborações dos primários. Então, um diálogo cotidiano contado em um romance perde seu caráter imediato e passa a incorporar em sua forma as características do universo narrativo complexo, que lhe deu origem, ou seja, nesta situação, o diálogo transforma-se em um acontecimento literário e deixa de ser cotidiano. Assim, as discussões e os questionamentos acerca dos gêneros discursivos nos levam a reflexão sobre a perda da singularidade do texto literário, pois quando um fragmento de uma obra é retirado do todo e postado em uma rede social, passa a ter um novo sentido, tornando-se um texto de autoajuda. Tomando isso como base de classificação de um gênero discursivo, faz-se necessário que sejam considerados alguns aspectos definidos por Bakhtin: plano composicional (estrutura formal), conteúdo temático (assunto), e estilo (leva em conta a forma individual de escrever; vocabulário, composição frasal e gramatical). Estas características estão totalmente relacionadas entre si e são determinadas em função das especificidades de cada mundo de comunicação, principalmente devido a sua construção composicional.

No que concerne aos movimentos da linguagem, simultâneos ao avanço tecnológico, uma rede social é uma estrutura composta por pessoas, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e permeabilidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes.

Esse estudo diz respeito à representação dos conteúdos dos fragmentos de um texto literário postado na rede social. Como se trata de uma rede social é comum que se manifestem diversos tipos de discursos acerca do mesmo texto. A análise do discurso é, então, fundamental como base teórica e metodológica, pois abrange, com precisão, as questões sócio-ideológicas na totalidade dos fragmentos em questão. Temos como objetivo geral analisar os trechos postados na internet, em que buscamos demonstrar, especificamente, que a prática da desfragmentação de um texto literário pode se valer dos pressupostos teóricos e metodológicos da análise do discurso.

Enfim, os estudos a serem realizados poderão nortear toda a trajetória do trabalho a ser desenvolvido nesta questão da mudança da voz, contribuindo ao navegador uma melhor compreensão e análise das publicações.

2 – OBJETIVO

O objetivo do artigo de pesquisa é refletir sobre a questão dos textos que saem do seu papel literário e percorrem por mudanças no seu formato textual e passam a ser utilizados em forma de fragmentos, dando origem a uma nova abordagem e interpretação para quem o lê. Os estudos propõe investigar e analisar os movimentos da linguagem nas postagens efetuadas por usuários do Facebook, no box status, com ênfase na utilização do texto literário.

Partimos do pressuposto de que, ao ser fragmentado e postado no box status, o discurso literário hibridiza-se com o discurso de autoajuda. Além disso, a linguagem literária, no novo suporte de circulação, passa a se organizar também por meio de recursos expressivos não verbais, o que nos leva a refletir sobre o surgimento de novos modos de organizar o dizer, com funções sociais bem definidas, nos contextos em que se apresentam.

Bakhtin considera a prosa discursiva um processo que está em constante evolução. E que se torna prática significante tudo o que diz respeito ao universo do discurso em suas diferentes esferas de uso da linguagem. E por ser fenômeno da linguagem, ele afirma que ela não nasceu pronta, até porque, a prosa continua se fazendo, desde o seu surgimento, graças à dinâmica dos gêneros discursivos. Pode-se verificar que o autor considera algumas funções como, a oralidade, a escrita, os gestos e etc, como parte das esferas humanas e que são muitas vezes variáveis para que haja uma boa comunicação, considerando como pontos principais para estes conceitos: a língua, o enunciado e o gênero discursivo. Em sua visão a utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou outra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua, recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais, mas também, e, sobretudo, por sua construção composicional, na qual a difusão destes três elementos é considerada parte do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação.

Diante dos estudos que serão realizados demonstraremos que o discurso da linguagem pode passar por transformações em sua estética deixando de ser apreciado dentro da sua forma literária para contextualizar a vivencia do sujeito que a utiliza. Considerando, ainda, que cada esfera conhece gêneros apropriados a suas especificidades, correspondendo a um determinado estilo. Uma dada função seja ela científica, técnica, religiosa, oficial, cotidiana, somada às condições específicas de cada uma as esferas da comunicação, geram um dado gênero, ou seja, um dado tipo de enunciado, relativamente estável ao ponto de vista temático, composicional e estilístico, ocasionando assim as suas mudanças discursivas diante do texto literário.

Uma análise estilística que queira englobar todos os aspectos do estilo deve obrigatoriamente analisar o todo do enunciado e, obrigatoriamente, analisá-lo dentro da cadeia da comunicação verbal de que o enunciado é apenas um elo inalienável. Dentro desta perspectiva os textos verbais, a metodologia, o analítico e o interpretativo se dão pela fragmentação dos campos semânticos, micro e macro organizações sintáticas e articulações

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