Resenha da obra Mulheres Plurais
Por: Sara • 16/5/2018 • 1.513 Palavras (7 Páginas) • 412 Visualizações
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No segundo momento, “a educação feminina no inicio do século XX”, Pedro Vilarinho faz uma retomada da educação desde o século anterior para facilitar a compreensão da educação de então, pois é a partir da segunda metade do sec. XIX que o processo de urbanização e modernização passa a exigir das mulheres um maior polimento com o domínio de outros dotes, assim são acrescentados novos ensinamento a educação feminina além daqueles que as preparavam para exercer o papel de dona de casa, mãe e esposa. As poucas escolas aqui existentes e a precariedade em que se encontravam levavam muitas famílias de elite a enviar suas filhas para o exterior ou optaram por ensinos particulares.
Dentre as escolas piauiense que surgiram no inicio do sec. XX Pedro Vilarinho destaca o colégio sagrado coração de Jesus uma iniciativa da igreja católica que pretendia instruir as mulheres piauienses com inúmeras disciplinas além das tradicionais e também garantir a formação de mulheres religiosas, seguidoras dos preceitos cristãs. As meninas pobres que tinham acesso à educação cursavam em escolas públicas. No final do século XX surgem as escolas profissionalizantes que influenciadas pelos livres-pensadores defenderam uma educação laica, e que tem por objetivo formar mulheres conscientes de seu papel com a família e com a pátria.
Em “a mulher e o mundo do trabalho”, o autor analisa as transformações decorrentes da industrialização e crescimento das cidades. Apesar de ser uma sociedade ainda fortemente patriarcal, onde o local da mulher deveria ser o espaço privado, reclusa nos cuidados do lar e dos membros da família, muitas mulheres começaram a adentrar no mercado de trabalho teresinense nesta época, em condições bastante desfavoráveis em relação aos homens fato que ainda permanece em nossa sociedade atual, destacando-se nas áreas de tecelagem, no comercio e no magistério, esta ultima se abre as mulheres devido às péssimas condições de serviço e de salário o que acaba afastando os homens e tem se inicio ao que hoje designaríamos de feminizarão do magistério; em 1909 o governo implanta a escola normal com o intuito de capacitar os professores e melhorar a educação do estado colocando a missão nas mãos das mulheres, já que para a mentalidade da época a mulher era naturalmente dócil, terna e apta a cuida e educar as crianças, já que nasceriam para isso. Os serviços de operarias ou pipiras nas fabricas e os de criadas são apresentados pelo autor como trabalho elencado pelas mulheres pobres; alem do magistério o autor cita como profissão exercida pelas mulheres de elite e classe media o jornalismo, a musica e trabalhos manuais.
No ultimo capitulo do livro, “mulheres, ideias e papeis sociais”, o autor busca demonstra a construção de novos papeis sociais para as mulheres na passagem do século XIX ao XX, período em que os antigos discursos criados em torno da mulher começavam a ser contestados, as novidades trazidas pela modernidade como o cinema, o telefone, o automóvel contribuíram para a reformulação de comportamentos sociais vigente na época, que permitiu a reconfiguração do papeis sociais femininos para alem do ambiente domestico- familiar. Durante todo o capitulo Pedro Vilarinho chama atenção para o fato de que sendo um momento de transição as mulheres estavam divididas entre os novos e os velhos costumes, buscando sempre um meio termo uma conciliação, embora o período traga mudanças o casamento e a maternidade permanecem como objetivo da maioria das mulheres, como se essa fosse a única forma de realização possível a elas.
A obra de Pedro Vilarinho apesar de não ser revolucionaria como a própria Teresinha de Queiroz diz no prefácio da obra, é um livro rico em informações, de leitura agradável e abre um leque de fontes e referencias bibliográfica muito interessante para quem deseja estudar o recorte temporal por ele pesquisado, e permite ler nas entrelinhas toda uma realidade social que marcava a Teresina do inicio do século XX, sendo, pois de inestimável valor para a historiografia piauiense, sobretudo para quem se interessa pela historia das mulheres.
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