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Resenha da Obra "A história da riqueza do homem"

Por:   •  18/6/2018  •  5.164 Palavras (21 Páginas)  •  424 Visualizações

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Porém, essa doutrina do pecado da usura começou a atrasar a vida dos comerciantes e, com o tempo, passou a ceder. Se o empréstimo fosse tomado por algum motivo que não fosse necessidade de sobrevivência daquele que toma o emprestimo, a cobrança de juros não era considerada pecado.

Com o surgimento das cidades os servos, que antes eram presos aos seus senhores, começaram a ter uma oportunidade de melhorar suas condições de vida. Para se tornar dono da sua própria terra, era preciso pagar anualmente por ela, pagar o dízimo, obedecer em todas as questões eclesiásticas e pagar anualmente dois marcos para cada 100 jeiras pelo privilegio de manter tribunais próprios. Essa mudança foi muito lucrativa para os senhores de terra e pra igreja, pois, as terras paradas se tornariam produtivas e eles ainda receberiam dos camponeses para cultiva-la.

O arrendamento de terra tornou possível que os camponeses pagassem pelas suas terras com dinheiro, e não com o trabalho, como acontecia quando estavam presos aos seus senhores. E agora podiam produzir em grande quantidade, e comercializar a parte que sobrasse, o que gerou um grande crescimento dos mercados, além de facilitar a vida das pessoas, possibilitando que elas produzissem um produto e comprassem o restante que fosse necessário para ela com os lucros de suas vendas.

Alguns senhores feudais, com interesse de investir nos tecidos do oriente, começaram a vender as terras para os camponeses ao invés de "aluga-las", porém nem todos achavam esse negocio vantajoso, preferindo manter os seus servos. O principal adversário dessa "emancipação" era a igreja, gerando revolta nos servos e burgueses.

O principal fator para a liberdade dos servos foi a Peste Negra, pois eles começaram a cobrar mais pelos seus serviços, já que a maior parte da população havia morrido por conta da doença. Essa atitude irritou os senhores, o que gerou muita violência de ambos os lados, além de vários camponeses enforcados. Com isso, a velha organização foi rompida por pressão das forças econômicas, e, no século XV a maioria dos camponeses já havia conquistado total emancipação. Essa possibilidade de comprar, vender e trocar as terras livremente foi o que marcou o fim do mundo feudal.

Com o progresso das cidades, os artesãos tiveram a oportunidade de abandonar a agricultura e se dedicar apenas ao seu ofício. Surgiram também nessa época os aprendizes, que moravam e trabalhavam, num período entre um e doze anos, com o artesão principal para poderem aprender o ofício. Quando o aprendiz era aprovado no exame, ele poderia abrir a sua própria oficina.

Nessa época não havia desigualdade. O aprendiz (trabalhador) estava aprendendo para, logo mais, poder se tornar um artesão (chefe). E mesmo quando ainda eram aprendizes, todos faziam parte da mesma organização e lutavam pelas mesmas causas. As corporações se preocupavam com o bem estar dos membros (ex: aposentadoria), e os demais membros ajudavam se algum tivesse atrasado, para não perder o negócio.

As corporações se tornaram muito poderosas, de forma que ninguém de fora dela fazia qualquer tipo de negócio dentro das cidades. Até mesmo as igrejas precisavam se conformar com as exigências das corporações. Se uma pessoa quisesse, por exemplo, fazer o seu próprio pão (para consumo próprio), era necessário que ela tivesse a autorização do padeiro. Dessa forma, cada um tinha a sua função dentro da sociedade, e ninguém atrapalhava no trabalho do outro.

Os membros das corporações não toleravam a concorrência de estrangeiros. Eles se preocupavam em guardar os seus segredos artesanais e, os trabalhadores que levassem esse ofício para outros países seriam obrigados a regressar e punidos em casos de desobediência.

As corporações também colocavam regras entre os artesãos, para que a concorrência ficasse justa. Era proibido usar artifícios para obter clientes, como por exemplo, pague um e leve dois, e aqueles que desobedecessem eram punidos com multa. Além disso, as mercadorias deveriam ser vendidas pelo "preço justo". Os comerciantes só poderiam aumentar os preços dos produtos em caso de sua escassez, pois isso não justificava juros excessivos, já que foi provocado por condições imprevistas, e não por ambição.

Essa noção de "preço justo" só funcionava em mercados pequenos, locais e estáveis. Quando o mercado se ampliou, essa estabilidade foi abalada. Essa variação das condições relativas ao mercado, o "preço justo" deixou de ser viável, surgindo assim o "preço de mercado", que agora não era mais um preço fixo, mas atendia a lei da oferta e procura.

Com toda essa mudança, as corporações deixaram de ser igualitárias. Alguns mestres passaram a se sentir superiores a outros, e começaram a criar as suas próprias corporações, surgindo assim corporações superiores e inferiores, o que fez com que os mestres das inferiores se tornassem trabalhadores assalariados dos mestres das superiores. Essa mudança marcou o fim da igualdade entre os mestres, que ocorria no começo.

Com essa mudança, também se tornou mais difícil à ascensão. O ciclo aprendiz-jornaleiro-mestre se tornou aprendiz-jornaleiro. Era cada vez mais difícil deixar de ser empregado para se tornar patrão. As provas para se transformar em mestre estavam cada vez mais rigorosas, e as taxas também estavam mais caras para aqueles que não tinham privilégios. Os aprendizes normais precisavam de um curso de 3 anos, apresentar sua obra prima e ainda uma taxa de 15 libras para se tornar um mestre, enquanto os filhos dos mestres precisavam apenas de experiência e uma taxa de 10 libras. Começaram então a surgir às associações próprias dos jornaleiros, que buscavam melhores salários para os membros, porém elas foram proibidas com pena de castigo. Mas, mesmo com a proibição, começaram a surgir novas associações de trabalhadores.

As classes inferiores estavam indignadas, pois, apesar de todos tendo lutado pela liberdade das cidades, os frutos da vitória estavam indo apenas para as classes superiores, o que acabou gerando uma luta de classes na metade do século XIV, porém, na maioria dos lugares a vitória foi dos ricos. Essas lutas fez com que as corporações começassem a decair, e o poder das cidades livres enfraqueceu.

O poder maior deixou de ser da cidade, e passou a ser do país. Não era mais um cidadão de Paris, e sim da França, por exemplo. As pessoas deixaram de dever fidelidade ao seu senhor feudal ou as cidades e passaram a dever ao rei, que era o monarca de toda uma nação. Esse poder dividido entre a cidade estava dificultando a

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