Resenha do da Obra de Walter Benjamin
Por: Sara • 8/7/2018 • 2.417 Palavras (10 Páginas) • 425 Visualizações
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sendo assim o objeto fotografado não é uma obra de arte. Mas na melhor das hipóteses uma obra surge a partir da montagem no qual cada fragmento é um tipo de reprodução. Podem ser destacados alguns acontecimentos não artísticos no filme, como por exemplo, o ator de cinema não atua em frente a um público, mas sim a diretores, executivos que podem interferir a qualquer momento. Mas do ponto de vista social essa intervenção é boa, pois faz parte de um teste. O teste feito pelo ator de cinema serve para analisar se ele passa com êxito as provas exigidas ou não. O intérprete de um filme não representa diante de um público, mas diante de um aparelho que está sendo monitorado e analisado pelo diretor. Diversos desafios devem ser vencidos ao atuar, como refletores, microfones, esse mesmo desafio de trabalhar perto de máquinas está presente nas fábricas e balcões durante o dia e noite.
Pirandello salienta o lado negativo do processo do ator de atuar em frente a um aparelho. Para ele, o ator se sente exilado, pois ao representar diante de uma câmera, ele perde sua substância, pois ele se perde em uma imagem em uma tela, que depois some. Com a representação do homem por meio do aparelho, a auto alienação toma a cena, e é transportável para onde ela possa ser vista pela massa. Além disso, a massa controla as ações do ator, mesmo que invisivelmente. O capital do cinema estimula o estrelato, tirando a magia da personalidade e colocando o ator como uma mercadoria.
A arte contemporânea seria mais eficaz quando se orientasse pela reprodutibilidade. Mas a arte dramática seria a que mais enfrenta crise. Pois a arte dramática é caracterizada pela atuação sempre nova e originária do ator. Quando um ator de teatro aparece no palco ele entra em um papel, e isso é negado ao ator de cinema, pois a gravação e atuação é feita por montagens e dependem de vários fatores externos. Além disso situações que devem acontecer nos filmes podem ser gravadas fora de hora, por exemplo, o ator deve se assustar em uma cena, mas o resultado final não foi, então o diretor pode usar outra ocasião, em que o ator esteja distraído para o assustar e gravar a cena. Os astros cinematográficos, raramente são bons atores, no sentido do teatro, pois quando tentam passar do filme para os palcos, poucos são os melhores. O ator de cinema só representa a si mesmo, isso limita a sua ação no palco, mas aumenta no cinema. Essa situação fez com os jovens que sonham atuar em teatros, queiram atuar nas telas de cinema, pois o cinema absorve mais atores do que o teatro e também porque o cinema é mais audacioso.
A exposição perante a massa é possível tanto para o ator de cinema quanto para um político, pois o rádio e cinema possibilitam a expansão da comunicação a um número ilimitado de pessoas, podendo assim controlá-las ou compreendê-las.
A técnica do cinema se assemelha a do esporte, pois nos dois casos os espectadores são semiespecialistas. No cinema atual todos têm a oportunidade de serem filmados. Essa situação pode ser comparada com a escrita, durantes séculos haviam poucos escritores e muitos leitores, mas no fim do século XIX, a situação começou a modificar-se, muitas pessoas começaram a escrever, sendo bons ou ruins. Esse acontecimento pode ser aplicado no cinema. O cinema tem interesse em estimular a participação das massas no seu processo produtivo, e faz isso principalmente por meio das mulheres, colocando a carreira e vida das estrelas como propaganda, e faz isso para falsificar o interesse da massa pelo cinema.
Toda arte amadurecida segue três linhas evolutivas. A primeira é a técnica atuando sobre uma forma de arte determinada. A segunda é caracterizada pela tentativa das artes tradicionais produzirem efeitos que mais tarde são feitos sem qualquer dificuldade pelas novas formas de arte. Em terceiro e último, as mudanças sociais que muitas vezes não eram percebidas, passaram a ter novas formas de recepção que foram utilizadas pelas novas formas de arte.
A produção de um filme, principalmente sonoro, é um tipo de espetáculo que não foi visto em muitas épocas. Em uma filmagem não existe um único ponto de observação. No teatro é possível preservar o caráter ilusionista da cena, já no cinema não é possível. Devido às inúmeras montagens de imagens, o filme acaba se revelando artificial. O pintor e o cinegrafista tomam atitudes diferentes ao trabalhar em sua arte. O pintor vê em seu trabalho uma distância entre ele e a realidade dada, já o cinegrafista penetra nessa realidade. Por isso as imagens que cada um produz é totalmente diferente. A imagem do pintor é total e a do cinegrafista é composta de fragmentos.
Quanto mais se se reduz a significação social de uma arte, mais ela se distancia do seu público. O convencional é aceito, mas o novo é criticado. A pintura diferente do cinema, foi feita para poucas pessoas, sendo considerada um obstáculo social, pois desde a Idade Média a observação de pinturas nas igrejas era feita por meio de intermediação. Porém com a reprodutibilidade técnica que teve início no século XIX, esse obstáculo começou a ser vencido.
O cinema nos faz lembrar os mil condicionamentos que determinam a nossa existência e nos assegura um espaço grande de liberdade. Tudo a nossa volta parecia nos aprisionar, e então veio o cinema, que nos permitiu fazer viagens deslumbrantes. Porém, nós não podemos perceber a real natureza das coisas, como por exemplo, o que uma pessoa sente ao estar caminhando. Os procedimentos que uma câmera pode realizar, são os que aproximam o público do real sentido de uma ação. Os filmes são como uma explosão terapêutica do inconsciente, como por exemplo, o camundongo Mickey, ou os filmes da Disney, feitos para entreter a massa.
O dadaísmo tentou através da pintura os efeitos que o público procura no cinema, visando novos caminhos, mas acabou ultrapassando seus próprios objetivos. Os dadaístas não estavam interessados em não tornar suas obras impróprias para utilização, então começaram a desvalorizar o seu próprio material sistematicamente. Seus poemas e quadros eram saladas de imagens e palavras, aniquilando assim a aura de suas obras. As manifestações dadaístas eram uma distração intensa, que transformavam a obra de arte em um escândalo, suscitando a indignação pública. Favoreceu assim, a demanda do cinema, em que a distração é fundamentalmente tátil, baseado na mudança de ângulos e lugares, e não chocando o telespectador, como o dadaísmo fazia. O choque que o cinema traz é totalmente diferente e se baseia na mudança de imagens, não deixando o público visualizar uma única imagem.
Para massa a obra de arte deve ser uma distração e diversão, e para um conhecedor deve ser um objeto
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