O Estado Absolutista e sua passagem ao Capitalismo
Por: YdecRupolo • 24/12/2018 • 1.780 Palavras (8 Páginas) • 428 Visualizações
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Assim surge a Reforma protestante e é devido ao apoio que esse movimento recebeu da realeza e principalmente da burguesia que aderiu ao calvinismo que o protestantismo angariou milhares de adeptos pelo continente e o próprio movimento vai perceber que para alcançar seus objetivos será preciso se aliar ao Estado e as outras classes sociais. As monarquias intervinham constantemente no comércio, começava a predominar o pensamento pré-capitalista de que o acúmulo de riquezas proporcionaria maior desenvolvimento estatal, por intermédio dessa acumulação conseguir-se-ia prestígio, poder e respeito. O sistema era marcado pela proteção alfandegária, com altíssimas taxações dos produtos estrangeiros, corrida desenfreada pela acumulação de metais preciosos, balança comercial favorável e industrialização do país, essas características asseguraram a burguesia nascente um monopólio econômico e mão de obra em abundância[7].
Para Ellen Wood[8] essa caracterização mercantilista serviu de impulso para o sistema capitalista que se desenvolveu diferentemente na Europa, por exemplo, na Inglaterra o sistema surgiu no campo e na cidade, a liberação do proletariado, um mercado interno unificado e o acúmulo de capitais foram essenciais para a expansão comercial, assim tudo se tornou mercadoria, inclusive a força de trabalho. A sociedade se tornou dependente do mercado e os produtos foram feitos e fabricados para todas as classes, levando a um movimento de reciprocidade extremamente desigual entre trabalhador-patrão-mercado.
A autora explicita que a produção agrária inglesa daria pré-condições da formação de um capitalismo maduro, pós-industrialização. Uma vez que a Inglaterra tinha uma produção de cereais ímpar no globo com uma população campesina relativamente pequena se comparada a de outras nações. Este aumento de produção acarretou numa maior disponibilidade de alimentos e teve como consequência o crescimento absurdo da população, o que, por conseguinte ajudou a alimentar a industrialização.
Ellen Wood[9] diz que nos campos ingleses os produtores eram obrigados a aumentarem cada vez mais sua plantação, com o intuito de obterem o dinheiro para pagar o arrendamento, o que inevitavelmente levava os mesmos a uma maximização das produções, caso contrário perderia “seu meio de produção” a terra, muitos não conseguiram pagar, para piorar a situação o governo inglês implantou a política dos cerceamentos das terras comunais, alegando que as mesmas deveriam ser privatizadas. Esse quadro só foi possível porque o país dispunha de técnicas eficazes de produção tais como: moinho, arado de ferro, rodízio de culturas, novos gêneros alimentícios, as terras estavam concentradas nas mãos de poucos proprietários e que a massa não proprietária que se formava ia para a cidade trabalhar nas fabricas. Formando-se uma “classe” proletária.
[...] A produção de uma quantidade crescente de trabalhadores livres, ou seja, liberados de quaisquer tipos de sujeição econômica ou jurídica. Donos da sua própria capacidade de trabalho, esses trabalhadores podiam negociá-la como mercadoria num mercado de mão-de-obra em troca de salários. [...] Ao longo desse processo de liberação, porém, o trabalhador viu-se privado da propriedade e mesmo da simples posse dos seus meios de produção, de tal maneira que sua subsistência tendeu a ficar cada vez mais dependente da remuneração paga sob a forma de salário por sua força de trabalho[10].
Para Thompson[11] é essa população que dois séculos depois vai se vê numa sociedade estruturada e se identificara com suas raízes comuns, depois irão perceber interesses idênticos, se vendo como um, “nós” debatendo em torno de seus objetivos comuns e em meio a este curso, acabaram descobrindo-se como uma espécie de classe. Que por meio de suas conveniências fazem a descoberta de sua consciência de classe. Mas essa classe não existe como entidades separadas procuram ao redor um inimigo e partem para batalha, para o autor somente existira uma classe quando em oposição à outra.
Desta forma a mesma não existira se não tiver consciência de si mesma. Segundo Thompson a plebe inglesa do século XVIII possuía uma noção de seus direitos, o que lhes deu uma direção própria, pois caso contrário isso seria uma falsa consciência de classe. Marx[12] diz que as relações sociais estão inteiramente interligadas às forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção de maneira a buscar meios de sobreviverem, assim ao adquiri novas formas de produtividade acabam consequentemente modificando todas as relações sociais existentes ao seu redor. O pensador alemão demonstrou que no modelo capitalista que se consolidava sempre haveria injustiça social, onde toda a riqueza é resultado de um processo de exploração sobre o operário, considerando que o trabalhador produz para o seu patrão, assim ao mesmo tempo em que produzi riqueza esta colhendo miséria. O capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração e degradação da vida, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema[13].
Desta forma para Anderson[14] os Estados Modernos atendiam a interesses recíprocos e permanentes, o mesmo ainda era dominado por uma aristocracia agora temerosa e que tinha suas raízes no feudalismo, ao mesmo tempo a burguesia em ascensão se interessava em obter participação política nesse Estado, assim percebe-se que o apoio das monarquias absolutas às atividades econômicas capitalistas está relacionado a uma estratégia maior que é a da defesa das estruturas sociais típicas do Antigo Regime, que vai entrar em convulsão assim como o feudalismo para abrir caminho ao sistema capitalista que predomina até dias atuais.
Porém no capitalismo a classe dominante é a burguesia, que é possuidora dos meios de produção, mantendo o status quo uma vez que é também senhora da condição de vida do operário, uma vez que esse não possui mais os meios de produção, condição indispensável no mundo capitalista moderno. Ao promover a separação da força de trabalho e os meios de produção, o sistema capitalista adquiriu o que Marx[15] chamou de mais-valia. A separação impede radicalmente o trabalhador de ser um burguês, pois agora o salário corresponde ao excedente e o lucro, a riqueza fica com e tão somente com o patrão.
REFERÊNCIAS
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