Admirável Mundo Novo e Totalitarismo

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muito mais do que nós porque são formidavelmente inteligentes. Francamente, estou contentíssimo de ser um Beta, porque não trabalho tanto. E, além disso, somos muito superiores aos Gamas e aos Deltas. [...] E os Ípsilons são ainda piores. São demasiado estúpidos [...] (HUXLEY, 2014, p. 47)

A hipnopedia era tida como a maior força moralizadora e socializante de todos os tempos (HUXLEY, 2014, p. 48). Ela se dava com base em repetições de mensagens que acabavam por formar uma verdade absoluta na mente dos indivíduos. "Cem repetições, três noites por semana, durante quatro anos e sessenta e duas mil repetições fazem uma verdade" (HUXLEY, 2014, p. 68).

Por serem considerados perigosos à estabilidade instaurada, museus foram destruídos, a arte banida e os livros proibidos e mantidos em um cofre-forte do administrador mundial. As crianças eram condicionadas para ver um livro como algo ruim e então manter distância do mesmo, pois afinal, "não se pode consumir muita coisa se se fica sentado lendo livros" (HUXLEY, 2014, p. 72).

O controle do Estado sobre a vida privada dos indivíduos chega a ser tão forte que era proibido qualquer tipo de laço familiar e emocional. Para ajudar a evitar qualquer tipo de emoção, era incentivado o uso de uma droga chamada soma. Essa droga era distribuída a todos com uma cota diária para uso. Seu uso tinha como efeito a fuga da realidade, e as pessoas eram aconselhadas a ingeri-la sempre que se sentisse infeliz.

Ao incentivar o uso da soma, o Estado tinha como objetivo de evitar que as pessoas se sentissem infelizes e começassem a questionar o modelo de sociedade na qual viviam e tivessem possíveis esperanças de transformação.

3.1. O Trama

A trama do livro acontece com base no forte contraste entre os dois mundos descritos pelo autor: o mundo civilizado, e o da Reserva dos Selvagens, o não-civilizado.

Com a globalização, formou-se um grande Estado Mundial, sem limites territoriais. Esse Estado Mundial é o mundo civilizado, o Admirável Mundo Novo. Diferente do mundo não-civilizado, o Mundo Novo foi onde ocorreram os grandes avanços da tecnologia, onde as relações emocionais eram tão reprimidas ao ponto de não existirem.

A reserva dos selvagens é o abominável mundo velho, um mundo onde não há a mínima interferência do Estado na vida dos indivíduos. Os índios — ou selvagens — tem total liberdade para praticar seus ritos e religiões. Com o nome de Malpaís, é vísivel a imagem ruim que a civilização tem dessa reserva de selvagens.

A história se passa no ano 632 d.F. — depois de Ford. O uso do nome Ford como uma figura divina remete à Henry Ford, teórico do método de produção fordista. Esse modo de produção tem como características principais a produção em massa, o controle centralizado e a organização hierárquica e burocrática. Na época em que o livro foi escrito, Ford era considerado um ícone do funcionalismo e, a substituição de Deus por Ford mostra o exagero da valorização da tecnologia e do pragmatismo.