A Sociedade de Controle
Por: Rodrigo.Claudino • 16/10/2018 • 14.184 Palavras (57 Páginas) • 281 Visualizações
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PALABRAS CLAVE: Control - Disciplina - Vigilancia - Escuela - Norma y Maestros.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................09
Introdução
Em nossa sociedade as relações interpessoais são marcadas por um conjunto de valores e por relações de poder que são exercidos de uma pessoa para com a outra, dessa forma ao buscarmos entender o exercício desse poder dentro da sociedade se faz necessário levar em conta o espaço, o tempo e a história. O espaço configura-se no lugar onde o poder é exercido, o tempo é a realidade subjetiva que torna as relações de poder distintas dentro do corpo da história. Já na história nós repousamos o nosso estudo do poder e suas relações no olhar de Michel Foucault , filosofo francês do século XX atribuído em suas obras. No estudo das obras de Foucault[1], percebemos que o poder na sociedade não estar centralizado em um só lugar, como por exemplo o Estado. O poder na realidade circula em toda a sociedade em especial nas instituições .sendo assim poder, não seria um elemento que o sujeito têm , mais sim algo em que a sua passagem por ele é exercida de forma individualizante .
“ O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder, e de sofrer sua ação; nunca são alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles”
(FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder- p.183- Tradução de Roberto Machado. 8ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989)
A passagem do poder nas instituições da sociedade em especial, na instituição escolar, se faz o objetivo de uma analise social e comportamental dos efeitos que esse poder tem através de mecanismos operados sobre os indivíduos. Sobre isso nos correu a inquietação de analisarmos os mecanismos de poder , que podem ser disciplinares e também de vigilância, a partir do momento em participamos em meados do ano de 2016, de reuniões pedagógicas e visitas de cunho profissional em uma escola da rede de ensino particular de ensino de São Luís, percebemos que a escola obtinha um maciço sistema de monitoramento por câmeras, onde praticamente todo o espaço da escola é monitorado. Sobre isso nos propormos a entender como a presença daquelas câmeras operava como um dispositivo de controle e poder entre os sujeitos que estavam sendo vigiados, para iniciamos a nossa analise se fez necessário realizar leituras que nos levasse a uma melhor compreensão daquele caso especifico além disso o contato com os professores da escola através de conversa e entrevistas também colaborou para a nossa analise quanto ao uso de câmeras na escola particular Centro Educacional Maria Montessori[2]
A partir de nossas leituras o referencial teórico para a nossa analise se fundamentou na formação e discursão da composição de duas sociedades : Sociedade Disciplinar e Sociedade de Controle[3], elencadas e trabalhadas respectivamente pelos autores Michel Foucault e Gilles Deleuze, além desses dois nomes, outros autores serviram como base de nossa analise, pois suas percepções eram peculiares quanto a formação dessas sociedades e os aspectos comuns advindo delas, dentre os autores destacamos Michel Hardt e Arlindo Machado.[4]
A metodologia que usamos para a nossa analise e pesquisa foi o estudo de caso.“ Um estudo de caso é uma história de um fenômeno passado ou atual, elaborada a partir de múltiplas fontes de provas, que pode incluir dados da observação direta e entrevistas sistemáticas, bem como pesquisas em arquivos públicos e privados”[5]. Desta forma nossa pesquisa define-se em um estudo de caso atual dentro da perspectiva histórica escolar da cidade de São Luís do Maranhão no ano de 2016. O caso a ser estudado é da escola da rede particular de ensino de São Luís, localizada nas redondezas do centro da cujo o nome é Centro Educacional Maria Montessori. O objeto do nosso estudo será a analise das inquietações provocadas no professor pelo uso de câmeras de monitoramento na escola e especificamente na sala de aula. Como fonte de pesquisa do nosso estudo de caso, nos contamos com as entrevistas concedidas pelos professores , onde os mesmo relataram detalhadamente suas vivências na sala de aula e o incomodo produzido pelo uso de câmeras no momento de sua aula.
Sociedade disciplinar e Sociedade de Controle: elementos para a compreensão da teoria e conceito
Vivemos em uma sociedade marcada pela vigilância e controle onde os dispositivos de vigilância e monitoramento como as câmeras, são comumente encontrados em locais diversos da sociedade : casas, avenidas, shopping, clinicas, repartições publicas e supermercado. É comum irmos a uma clinica de medicina especializada e observarmos a seguinte frase: “ Sorria você estar sendo filmado” ao refletirmos sobre essa frase, logo consentimos que sobre nós a uma vigilância, que possivelmente implicará no adestramento e controle de nossas atitudes, embora a sutileza da frase não exprima a realidade de sua função, o controle e vigilância de nossas ações.
Atualmente torna-se difícil fugir das lentes e dos olhos da vigilância, pois há sempre olhos atentos ao nosso proceder tanto nos espaços publico como nos privados, nessa logica o que era privado tornou-se publico e o publico tornou-se privado. Como exemplo podemos citar a presença de câmeras nas avenidas, praças e sinais de transito espaços públicos que outrora não tinha câmeras de monitoramento mais nos últimos anos tornaram-se vigiados e controlados pelo estado. Assim como a casa e o apartamento entendida como um ambiente particular agora é vigiada pelas câmeras da segurança privada.
Percebemos hoje, que não há mais a separação explicita e definida dos espaços, fechados e vigiados para os espaços abertos e não vigiados, sobre essa perspectiva a intensificação do uso de câmeras de segurança e dispositivos de controle agem sobre maneira com a intenção de moldar o comportamento dos indivíduos no meio social, isso reflete a conjura de uma sociedade baseada no controle, definida por Gilles Deleuze[6] como: Sociedade de Controle[7].
A sociedade do controle emerge na segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, a genealogia dessa sociedade encontra-se no surgimento de forças que estão ligadas as mudanças do mundo capitalista[8], provenientes de um
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