A FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO O TRÁFICO AFRICANO NA DIÁSPORA
Por: YdecRupolo • 8/10/2018 • 1.917 Palavras (8 Páginas) • 297 Visualizações
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Farei um breve resumo de sua vida e carreira. Nascido em Salvador Bahia em 1754, filho de pai branco e mãe mestiça. No Brasil participou da conjuração baiana (1798), foi a favor dos malês e dos ex-escravos, os protegendo. Depois não se sabe ao certo quais motivos levou Francisco Felix ir embora do Brasil, indo para a África tornando-se um dos mais conhecidos mercador de escravos do comércio atlântico escravo. Fez grandes riquezas quando ao se instalar em Popô Pequeno (ou Anexô), atual Togo, casou-se com a filha do chefe de Popô Pequeno, daí com as relações de parentesco e com a ajuda do sogro Felix começou a sua carreira no tráfico de escravos. Mias tarde indo para Ajudá, chegando lá foi nomeado Chachá ( um chefe daomeano) pelo rei Guezo, com quem tinha uma relação comercial, o Chachá tinha total controle sobre o comércio de escravos. O reino Daomé tinha um comércio de escravos muito ativo, pois gerava grandes lucros para o reino.
² ocupou cargos nas universidades de Lagos e Birmingham. Foi professor da Universidade de York, Canadá e na Universidade Hebraica de Jerusalém. Atualmente ocupa cargos no Centro de Estudo da Escravidão Internacional da Universidade de Liverpool e no Instituto Harriet Tubman para Pesquisa sobre Migrações Globais de Povos Africanos na Universidade York, em Toronto.
Saindo da costa dos escravos, os navios negreiros abasteciam a Europa e o continente americano, neste último o país que mais recebiam escravos era o Brasil.
Francisco Felix construiu uma grande fortuna, com o título de Chachá ou também chamado vice-rei de Ajudá, gozava de uma boa posição no comércio de escravos. Pois, os outros mercadores europeus eram obrigados a tratar com eles a compra de escravos. Tornou-se governador do forte português que havia em Ajudá. O Chachá protegia seus negócios ilegais quando afirmava sua nacionalidade portuguesa, já que como o próprio Robin Law diz:
Ao alegar a nacionalidade portuguesa, Francisco Félix estaria a demonstrar prudência, a procurar garantir para os navios nos quais tinha interesses a imunidade parcial de apreensão pela Marinha britânica de que gozavam os barcos portugueses: até o Equipment Act de 1839 (que autorizava a captura de navios que se mostrassem aparelhados para transportar escravos), eles só podiam ser apreendidos, se tivessem carga humana a bordo. (LAW, 2001, P. 19).
Apesar de ter conquistado uma grande fortuna em Ajudá, Francisco Felix chegou ao fim de sua vida pobre, pois em 1840 os negócios já não iam tão bem. Seus bens foram confiscados, perdendo também seus títulos. Francisco Felix Morre aos 94 anos em 1849.
Observando a história de Francisco Felix percebe-se que ele foi um dos agentes ativos para a formação do mundo atlântico, uma vez que, o mesmo traficou vários escravos para a Europa e para as Américas. Mas ele simplesmente foi um colaborador para a disseminação de escravidão, escravizando-o o que para ele deveria trata-los como iguais.
Atravessando o atlântico os negros que foram traficados para a Europa e para as Américas, se encontrando no novo mundo atlântico. Apesar deles terem sofridos tanto na travessia do atlântico, nos terríveis navios negreiros e depois terem sidos expostos a trabalho pesados, discriminações e violência de todos os tipos, os africanos criaram formas de resistência e sobrevivência fora de sua terra natal. Algumas formas de sobrevivência e uma tentativa de permanecerem vivas e fortes os laços familiares muitos grupos africanos conseguiram preservar seus costumes como: os rituais religiosos e suas origens linguísticas e também criaram códigos para se comunicarem e lutarem contra o branco opressor.
É sabido que com tráfico atlântico de escravos, povos de diferentes regiões do continente africano vieram para a Europa e para as Américas. Por exemplo: povos do reino Ioruba, Nagô, Haussás dentre outros, aportaram no Brasil, cada um com seus costumes, idiomas e saberes. Mas, chegando a terras desconhecidas esses negros que se encontravam em condição de escravos, precisaram se unir para resistirem a opressão dos brancos. Era comum entre os escravos a comunicação através de códigos e linguagens. Robert Slenes³ em seu texto ‘’ Malungo, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil’’, mostra os diferentes grupos étnicos africanos que chegaram ao Brasil criaram códigos para se comunicarem uns com os outros resistindo e dissimulando, misturavam palavras em português com palavras de origem africanas. E como brancos não tinham maior vontade de conhecer a língua africana, tornava-se fácil para esses escravos protegerem uns aos outros. Malungo significava irmãos de luta e de sofrimento. Sendo assim os vínculos foram sendo criados através da ideia de que todos estavam passando pelos os mesmos sofrimentos, logo as lutas eram as mesmas. Havia outras formas de reconstruir vínculos como: a relação de compadrio, constituir famílias com os irmãos de nação e relação entre vizinhos. Estes últimos permitiam que os africanos vivessem em comunidades, possibilitando formação de novas famílias e oportunidades de organizar levantes em favor da liberdade. A expressão ‘’ngoma vem’’ segundo Slenes, era utilizada quando o senhor de escravos estava se aproximando. Como os senhores não entendiam, não havia perigo para os negros. Essas formas de resistência contribuíram para a preservação das raízes culturais africanas, permitindo que os africanos escravizados pudessem criar novas identidades africanas. Viver entre os seus sempre foi o desejo dos povos africanos que foram arrancados da África, mas como forma de adaptação ao novo ambiente esses africanos criaram meios de estarem sempre unidos e fincados as suas origens africanas.
³ Professor no Departamento de História da Universidade de Campinas (Unicamp), Brasil, desde 1984. Pesquisa sobre escravidão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Law, Robin. “A carreira de Francisco Félix de Souza na África Ocidental (1800-1849)”. Topoi. Rio de Janeiro, PPGHIS-UFRJ/7 Letras, 2001, v.2.
- Lovejoy, Paul, “A África e a escravidão”, em A escravidão na África. Uma história de suas transformações, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002.
- Slenes, Robert, “Malungu, ngoma vem!’ África coberta e descoberta no Brasil”, Revista USP, no. 12, dez-jan-fev 1992.
- Thornton, John, “A escravidão e a estrutura social na África”, A África e os africanos na formação do
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