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Análise do manuscrito “Oporto” de Pedro Teixeira Albernaz

Por:   •  27/4/2018  •  1.885 Palavras (8 Páginas)  •  339 Visualizações

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A edição espanhola do atlas de Teixeira inclui a reprodução do atlas original, 173 ilustrações a cores e 50 originais nos textos introdutórios de Pereda, Marias, Kagan, Agustín Hernando (professor de espanhol de Cartografia Histórica da Universidade de Barcelona) e Daniel Marias (licenciado em Geografia), no atlas, em que descrevem mapas e o poder no século XVII das figuras de Teixeira e Felipe IV.

“Oporto”

Contexto

O original é um manuscrito em pergaminho no ano de 1634. O principal objetivo de Teixeira era cria uma compilação de todo o litoral do Reino Espanhol e claro, do Português, que neste momento histórico era governado pela mesma pessoa, o Rei Filipe IV (Filipe III de Portugal).

O Rei queria assim, reunir um importante instrumento de estratégia de defesa que permitia à coroa conhecer com precisão portos, abrigos e áreas com possível utilidade militar.

Conteúdos gráficos

A vista do Porto tem uma escala aproximada de 1/45000 (Pereda, 2003) algo questionável devido a ser uma vista e por isso mesmo não ser fácil interpretar as distâncias. Não se observa nenhuma legenda, sendo que sempre que necessário escreve anotações diretamente na obra, como os nomes das localidades, de mosteiros ou do rio “Dvero”. Estas vista, tal como as outras, era acompanhado por uma descrição que serviria para ajudar a leitura da obra.

O destaque maior desta carta vai para o mar e para o rio Douro, sendo depois fácil de identificar edificado, tais como o Porto, Massarelos, Astilleiro (estaleiro do Ouro), S. Y. da Foz, Castillo, Matosinhos, Leça, Mosteiro dos Cruzios, Vila Nova, Miragaia, o Mosteiro de S. Francisco e ainda algumas casas dispersas junto à estrada Porto-Matosinhos. Uma técnica utilizada por Pedro Teixeira nas suas vistas era uma repetição constante de montanhas e de vegetação nas áreas mais interiores do seu mapa, que pelo menos neste caso, é bastante diferente do relevo existente. Mesmo assim, quando era junto à margem do rio, o detalhe do relevo existia quando este se mostrava importante para a navegação, ao distinguir-se facilmente as áreas de cota baixa (praias) de áreas montanhosas, como por exemplo, a localização do Mosteiro da serra do Pilar (nesta altura tinha o nome de Mosteiro dos Cruzios).

A rosa dos ventos está presente, com a flor de Lis a apontar o Norte, na margem sul do rio Douro, na entrada da barra. Comprado com as outras vistas do atlas, a localização da rosa dos ventos fica sempre na entrada da barra do principal rio desenhado, mas nem sempre se encontra com o norte virado para o topo da folha, isto porque várias vistas são da perspetiva marítima, para destacar a importância dos manuscritos para a navegação.

Assim, para além do oceano, estão também representados o rio Leça e a ribeira de vilar – que apresenta um grande caudal – esta última sendo a que desagua em Massarelos. É dada uma importância evidente aos detalhes da navegação, tais como as embarcações, as profundidades do rio Douro – “Pedro Teixeira (1634) refere-se à entrada da barra, junto ao castelo da Foz, como tendo de profundidade duas braças e meia” (Barros, 2004) – a localização de rochas e defesas artificiais como forte do castelo, tudo aquilo que pudesse ajudar a enfrentar as dificuldades de navegar nesta zona. Os navios representados nesta obra, ostentam um detalhe interessente que serve para reforçar a importância marítima do rio Douro no século XVII. Sobre o estaleiro observável na vista, de referir uma “representação de vários pontos ribeirinhos intimamente ligados à produção de navios e devidamente destacados na descrição que o acompanha” (Barros, 2004). Assim, existiu uma preocupação de Pedro Teixeira em apresentar a força que a construção naval tinha naquela época junto à cidade do Porto.

A margem sul do rio Douro está representada de forma atípica, com a barra a encontrar-se exagerada, não existindo “Gaya” – segundo relatos de outros autores, esta devia-se localizar na colina do castelo – mas sim “Moanlte”, ao qual não me foi possível identificar a origem do nome. Vila Nova e Miragaia são as outras duas localidades visíveis, sendo interessante que hoje miragaia fica na margem norte do rio.

Sobre a cidade do Porto aqui representada, pode-se observar que “A cidade do Porto entre muralhas [Fernandina] está representada de um modo bastante esquemático” (Figueiredo, 2010) o que comparado com uma das primeiras gravuras do Porto de Pier Maria Baldi em 1669, esta dá a entender um menor número de habitações, o que leva a parecer pouco plausível a sua exatidão tal como pela ausência de elementos da cidade, como por exemplo a Sé ou o Monte dos Judeus. Mesmo assim é provável que Teixeira tenha realmente estado nesta região, pois o facto do Mosteiro dos Cruzios se encontrar terminado – com um desenho atípico para a época – quando a inauguração do mesmo foi entre 1669 e 1672[6].

Outro elemento que fortalece a possibilidade de Teixeira ter de facto estado na região, é a sua revelada admiração com as “características da foz do Leça, com as surpreendentes pedras – os leixões – que, a pequena distância da terra, cerca de um quarto de légua, formavam um ancoradouro natural onde se abrigavam navios.” (Sousa – APDL, 2002) Teixeira considerou mesmo “el mejor y mas seguro y capaz puerto deste reyno”, talvez por isso tenha tido o cuidado de em Leça escrever “Plata forma”.

Conclusão

Esta magnifica obra tem de ser compreendida como parte integrante de um atlas que tinha como missão de Filipe IV a compreensão do litoral de todo o seu reino, principalmente com funções defensivas. Mesmo assim, este atlas tinha também uma “função de prestigio” e por isso se pode observar a beleza dos vários manuscritos e a falta de coordenadas geográficas, já existentes em outras obras de Pedro Teixeira (Alegria, 2012).

A vista do Porto, assim como as outras vistas do atlas, não tem nenhuma obra em que se possa ser considerada como base, pois até ao momento não foi descoberta nenhuma, aparecendo depois, em 1648 o Roteiro das Costas de Portugal, a obra do seu irmão que tem 16 vistas simples do território Português, embora nem neste caso se tenha esclarecido os levantamentos de base (Alegria, 2012).

Por último saliento o “público-alvo” desta obra seria certamente pessoas da alta sociedade, assumindo a componente de beleza associada, mas ao mesmo tempo, para a navegação e para os militares, sempre em vista a defesa do território.

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