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A CRISE HÍDRICA NO BRASIL

Por:   •  8/5/2018  •  2.696 Palavras (11 Páginas)  •  602 Visualizações

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Os autores Borsoi e Torres (1997) também referem que a escassez de água no Brasil está associada a baixas disponibilidades específicas no Nordeste e a altas densidades demográficas nas regiões Sudeste e Sul, sendo que os conflitos estão situados em áreas de grande densidade demográfica e intensa concentração industrial, ou seja, nas regiões Sudeste e Sul. Nesse sentido, a questão da poluição dos recursos hídricos é agravada, aumentando significativamente os custos para tratamento da água. A escassez de recursos hídricos também aumenta os custos de captação, pois os mananciais estão cada vez mais distantes dos centros urbanos e também vislumbra a necessidade de exploração de fontes alternativas.

O crescimento populacional alcançou índices elevados, o que significa mais fábricas, mais desperdício, mais irrigação nas lavouras, e consideravelmente mais consumo de água.

A má gestão dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente está diretamente relacionada a esse fenômeno. Pode-se facilmente ver regiões em processo de desertificação relacionada ao desmatamento excessivo; elevados índices de mortalidade vinculados ao lançamento de efluentes domésticos; escassez devido ao excesso na captação ou desvio de água entre bacias.

Ao invés de adotarmos atitudes preventivas, chegamos ao ponto onde nos deparamos com a triste realidade de medidas restritivas, mas remediadoras, como a necessidade de abastecimento de certas regiões por caminhões-pipa e o racionamento por rodízio de fornecimento, como exemplo do que ocorreu particularmente na região Sudeste, devido à situação do Reservatório do Sistema Cantareira em Bragança Paulista.

Assim como aconteceu nesse caso em São Paulo, a situação climática de estiagem do país faz com que em certas regiões as chuvas não ocorram no volume estimado, aliado ao verão, debilitando as cabeceiras dos rios que abastecem os reservatórios, e já em outras, chova mais que o esperado causando enchentes. Isso somado ao desperdício no consumo desenfreado e descontrolado, bem como a falta de gestão e planejamento governamental são fatores que contribuíram para a crise e para a ameaça a outros estados do Brasil.

É um sistema falho porque o volume de retirada de água e extração supera a capacidade de renovação e reabastecimento das represas, sem a realização de obras para aumentar sua capacidade de armazenamento. As ações e estratégias planejadas de contingência envolvem multas para quem consome excesso, bem como bônus e isenções para quem economiza. A solução mais eficiente é a conscientização da população, pois são medidas emergenciais que não funcionam para resolver o problema a longo prazo, mas são necessárias para contê-lo e recuperá-lo. É o que se deve buscar, o prevenir antes de remediar, o aprendizado evitando os maus hábitos para que quando ocorra a abundância de chuvas a população não volte a desperdiçar. É preciso manter as obras e a redução de consumo mesmo quando afastado o perigo imediato, para que o país não fique refém do clima.

Por isso a importância de obras e investimentos nos reservatórios, pois as represas devem ser capazes de armazenar mais água nas épocas de abundância de chuvas, a fim de evitar os extremos nas grandes variações climáticas.

Nosso país é rico em água doce disponível, mas lamentavelmente mal distribuída, abundante nas regiões onde há menor densidade populacional e nas áreas preservadas de florestas, e cada vez mais escassa no litoral e nas grandes metrópoles. Nesses locais os problemas de abastecimento são agravados pelos citados fenômenos climáticos decorrentes do aquecimento global, pela poluição e o efeito estufa, além das inundações, pois quanto maior a urbanização impermeabilizada por grandes massas de asfalto e concreto, maior a incidência e armazenamento de radiação solar.

Outros aspectos negativos sobre os recursos hídricos são as ocupações irregulares, como por exemplo, em áreas de preservação ambiental, de mananciais, em margens de rios, o consequente lixo lançado e descartado nessas fontes de água, o desmatamento e a erosão objetivando a agropecuária e a ocupação para fornecimento de pasto. Essas ocupações irregulares descartam esgoto e lixo doméstico para o reservatório de abastecimento, ocasionando um gasto mais elevado para o tratamento da agua contaminada. De acordo com Rebouças (1997) ocorre a degradação da qualidade dos mananciais normalmente utilizados, com o lançamento de esgotos domésticos e industriais não-tratados e das formas de disposição do lixo produzido. São toneladas de lixo produzidas diariamente no país, grande parte lixo domiciliar que não é coletado, permanecendo em logradouros públicos e terrenos baldios e da parcela que é coletada, a maioria é descartado de forma inadequada a céu aberto (lixão ou vazadouro em áreas alagadas), contaminando os recursos hídricos do local. É preciso favorecer a infiltração da água no solo para os lençóis freáticos, a recuperação ambiental em encostas e a manutenção das áreas florestadas para gestão responsável desse recurso tão precioso.

Como já foi mencionado, alternativas para a sustentabilidade incluem campanhas incisivas de conservação, o planejamento e investimentos, como poços artesianos para retirada desses reservatórios subterrâneos, a reutilização e reúso através da captação da água da chuva para lavar garagens e carros ou regar o jardim, por exemplo.

Vários impactos negativos sobre a sociedade podem ser sentidos, além do claro racionamento de água potável. Tendo como prioridade o consumo humano, os segmentos da agricultura e da indústria tendem a ser deixados em segundo plano, bem como o comércio.

Além da evidente e preocupante falha no abastecimento de água potável nas residências dos brasileiros, outro ponto vem causando preocupação nos lares de várias regiões: a falta de luz. Com a escassez de chuvas, pouco volume de água é formado, e com isso prejudicando o abastecimento, pois a hidrelétrica não consegue produzir e gerar energia suficiente para todo o país. As consequências são o racionamento de energia, os eventuais apagões, seus inerentes incômodos e prejuízos ao cidadão.

Como medidas para conter a crise, em virtude da falta de planejamento, na região Sudeste o governo reduziu a pressão da água distribuída e a quantidade captada em rios e reservatórios e instituiu um bônus e taxa para incentivar a redução do consumo, além disso, lançou uma campanha publicitária e um plano de obras. Caso essa conjuntura se agrave, o abastecimento alternado entre várias regiões pode ser instaurado, bem

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