Resenha Sobre a Obra Apologia de Socrates
Por: Lidieisa • 11/12/2017 • 3.090 Palavras (13 Páginas) • 624 Visualizações
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Após essa classificação de seus acusadores, é recapitulada a ação na qual supostamente teria levado Sócrates a parar em um tribunal para ser julgado. Ao ler a acusação apontada por Meleto: ‘’Sócrates é réu de pesquisar indiscretamente o que há sob a terra e nos céus, de fazer que prevaleça a razão mais fraca e de ensinar aos outros o mesmo comportamento. É mais ou menos isso a acusação (...)’’, é possível observar uma ponta de ironia da parte de Sócrates, pois ele acredita que não existe nenhum fundamento para que o tenham trazido ali para ser julgado por tal crime, e também pelo fato dele crer que não havia cometido crime nenhum.
Para se defender dessa suposta acusação, Sócrates apresenta o motivo por qual faz essas investigações. Relatou que certa vez quando Querefonte, seu amigo de infância, indo a Delfos arriscou-se a uma consulta ao oráculo, e após isso o contou que
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perguntara se havia algum homem mais sábio que Sócrates, recebeu como resposta que não havia ninguém mais sábio.
Quando Sócrates soube disso, se colocou em uma reflexão, onde procurava saber o que o deus queria dizer, e também se havia algum sentido oculto naquela revelação. Pode se dizer que de início ele teve todo esse espanto por ele próprio não se considerar uma pessoa muito sábia, nem pouco sábia, assim não aceitando o que o oráculo o tinha revelado.
Após muito tempo nessa incerteza e por não saber do sentido dessa situação, ele se pós a investigar e procurar conhecer pessoas que eram consideradas sábias, a fim de encontrar alguém que era mais sábio que ele, para poder rebater o oráculo e mostrar ao deus, com as palavras dele: "Eis aqui um mais sábio que eu, quando tu disseste que eu o era!", que havia sim alguém com maior conhecimento que ele.
Na sua primeira investigação encontra um político que muitas pessoas o tinham como sábio, principalmente o próprio político o achava como tal, mas depois da análise de Sócrates, viu que ele não era, e ainda fez mais, tentou explicar a este homem que se achava sábio, mas não o era. O resultado disso foi se tornar odiado por ele e pelas pessoas que defendiam o falso sábio.
Ao se retirar Sócrates diz para si mesmo "Mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei."
Depois desse primeiro homem a ser questionado, vieram outros, e também vieram as mesmas impressões que teve com o primeiro. Com o decorrer de suas
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investigações, cada vez mais pessoas após serem duvidadas de sua sabedoria passaram a cultivar certo ódio e desgosto a esse homem que vivia a buscar alguém que era mais sábio que ele. Mesmo diante disso, Sócrates não parou com suas buscas, pois ele tinha pra si que estava a serviço do deus, em busca de algo que refutasse o que foi dito no oráculo.
Depois dos políticos, foi debater com poetas. Levando consigo algumas obras onde eles pareciam ter colocado o máximo de sua sabedoria para escrevê-las. Os interrogavam a fim de extrair o máximo que pudesse sobre os significados das palavras colocadas por eles, e também para aprender um pouco sobre aquilo. Com essa metodologia ele percebeu que quase todos os abordados por eles não tinham domínio nenhum sobre o que eles próprios haviam criado, e pensou que qualquer pessoa poderia falar melhor sobre as obras, do que eles mesmos. Concluiu que essas pessoas, assim como os políticos, diziam muitas coisas sem saber realmente sobre o que falavam, e assim compreendeu que os poetas não compuseram suas obras graças à sua sabedoria, mas sim por dom divino.
Por fim, com os artífices, teve uma surpresa, possuíam alguns conhecimentos nos quais eram desconhecidos para Sócrates, e por um momento acreditou que eles eram sim mais sábios que ele. Contudo percebeu que eles possuíam o mesmo defeito dos poetas. Eles eram sábios naquilo que eles faziam repetidamente, mas em outros assuntos mais difíceis, faltavam-lhes conhecimento.
Através dessas investigações, fica fácil entender o motivo por quais muitos os odiava enquanto muitos outros o admirava. As inimizades e o ódio gerado por isso deu origem as tantas calunias, e por outro lado, por possuir tanto conhecimento, teve a atribuição de sábio a sua imagem.
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Quando é revelado a todos o motivo no qual Sócrates sempre esta em investigações, ele se põe a debater diretamente com Meleto, sobre a acusação de corromper os jovens.
A maneira como é relatada por Platão, no escrito apologia de Sócrates, mostra que a todo o momento em que Sócrates rebatia os pressupostos nos quais Meleto se baseou para acusá-lo, através de perguntas que faziam com que o acusador respondesse apenas sim ou não, ou até ficasse calado por não saber o que dizer, como ocorre em alguns momentos, mostrava claramente que ele não podia ser acusado do crime pelo fato de Meleto não ter condições de rebater os argumentos de Sócrates, pois todos eram verdadeiros no momento e faziam com que o acusador ficasse contra a parede com sua tese caída por terra diante das palavras de Sócrates.
Diante da acusação de Sócrates não reconhecer os deuses do estado e tentar introduzir novas divindades, ocorre algo parecido com da acusação de corromper os jovens. Suas interrogações feitas a Meleto, que uma hora diz que Sócrates é ateu, outra que ele acredita em deus, mas não os dos estados, acabaram contradizendo o próprio acusador, que não teve condições de por a prova a denúncia que fez a Sócrates, e que assim não iria conseguir convencer ninguém presente naquele tribunal de que Sócrates era culpado, por uma coisa que ele próprio provou ser uma acusação infundada.
Sócrates após demonstrar a sua ausência de culpa em relação à denúncia de Meleto, responde uma pergunta que faz a si mesmo. ‘’Não te pejas, ó Sócrates, de te haveres dedicado a uma ocupação que te põe agora em risco de morrer? Eu lhe daria esta resposta justa: Estás enganado, homem, se pensas que um varão de algum préstimo deve pesar as possibilidades de vida e morte em vez de considerar apenas
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este aspecto de seus atos: se o que faz é justo ou injusto, de homem de brio ou de covarde.’’
Através
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