UMA ANÁLISE LOCAL SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO
Por: Kleber.Oliveira • 24/8/2017 • 3.744 Palavras (15 Páginas) • 688 Visualizações
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Ministério da Educação vem, progressivamente investindo esforços para estimular a proposta do tempo integral nas escolas. Historicamente é um grande desafio, desenvolver práticas pedagógicas para estudantes que vivem em comunidades de diferentes meios culturais, isso dificulta a construção de algo comum para todos. Quando se trata de ações que envolvem o PDE Plano de Desenvolvimento da Educação, ficamos surpresos com o número de iniciativas do governo federal para que a educação melhore cada vez mais e com isso diminua os problemas sociais.
A proposta de educação integral existente no Programa Mais Educação apresenta, de acordo com o documento do MEC, Educação integral /educação integrada em tempo integral (2009, p.148) como forma de se ter
[...] uma visão capaz de levar à escola contemporânea uma ampliação das necessidades formativas do sujeito, contemplando as dimensões afetiva, ética, estética, social, cultural, política e cognitiva. Esta concepção de educação integral não se limita ao aumento do tempo e espaço nos projetos de educação, mas parte da idéia de que os estudantes são seres portadores de uma complexa experiência social e merecem atenção diferenciada porque são fruto de processos igualmente diferenciados. Compreende a educação como um desafio para escolas e comunidades e pretende dialogar com a complexidade de agentes sociais, territórios e saberes que envolvem as experiências comunitárias, buscando construir-se para além do espaço escolar.
Se formos pensar na operacionalidade do Programa Mais Educação, o que parece é que este se encontrar em constante desenvolvimento, sendo que cada escola tem suas particularidades e estas precisam ser consideradas no momento de avaliar o porquê de dar certo ou não em escolas distintas. As experiências que transpassam a adequação do Programa nas escolas são muitas desde a sua criação. As escolas são distintas entre si no que diz respeito a dificuldades e superações, mas tornam-se semelhantes quando colocam os recursos disponíveis a favor do bem-estar e necessidades das crianças; e esse é um processo difícil e que muitas vezes se dá em longo prazo, pois seu sucesso está diretamente ligado ao entendimento e aceitação das mudanças que quebram uma rotina escolar até então consolidada.
Para minimizar as dificuldades na implantação do Programa nessa perspectiva de quebrar uma rotina estendendo atividades para outro turno o projeto deve estar integrado ao Projeto Político pedagógico (PPP) da escola contemplada, para evitar grandes transtornos com a ampliação do turno, porém com os mesmos atores, deve haver um planejamento para todas as ações pedagógicas que devem ser adequadas ao contexto sócio-cultural, garantindo que haja realmente a integração da educação, sem correr o risco de criar duas escolas diferentes com o turno regular e a extensão do projeto, como afirma o documento do MEC
[...] dar organicidade a todas as ações que se realizam na escola, vinculando-as em torno de metas comuns, a partir de um diagnóstico da realidade local, de um compartilhamento de princípios e um planejamento coletivo de estratégias de atuação (documento do MEC, Educação integral /educação integrada em tempo integral (2009, p. 131).
Seria interessante que processo de desenvolvimento das atividades partisse sempre da realidade do público contemplado, esse momento em que os alunos passam mais tempo na escola eles tem oportunidade de mostrar um pouco mais do seu dia a dia, isso permite ao coordenador e monitor ter um conhecimento maior da vida secular das crianças e procurar adaptar as atividades de maneira positiva para cada aluno, se bem que algumas situações fora da escola tendem a dificultar a realização dessas atividades. Sobre essa questão, Paro (1988, p.190) fez a seguinte abordagem: “... mas o adjetivo integral ainda não diz respeito à extensão do período diário de escolaridade e sim ao papel da escola em sua função educativa”. Portanto é impossível conformar-se apenas com o espaço físico da escola, como também com um período diário de aula, isso implica no pensamento de que o aumento de tempo e espaço na escola são condições necessárias para a melhoria dos processos de aprendizagem e de ensino. Segundo, Ribeiro (1995, p.22), para que haja essa melhoria no ensino são necessários três requisitos essenciais para que uma escola popular seja eficaz:
“Espaço para a convivência e as múltiplas atividades sociais durante todo o largo período da escolaridade, tanto para as crianças como para as professoras. O Tempo indispensável, que é igual ao da jornada de trabalho dos pais, em que a criança está entregue à escola. Essa larga disponibilidade de tempo possibilita a realização de múltiplas atividades educativas, de outro modo inalcançável, como as horas de Estudo Dirigido, à freqüência à Biblioteca e à Videoteca, o trabalho nos laboratórios, a educação física e a recreação. O terceiro requisito fundamental para uma boa educação é a Capacitação do Magistério.”
Talvez esses sejam os fatores mais importantes, e que contribuam muito para o sucesso do Programa; mas entre estes citados por Ribeiro, há um que deve ser visto de forma especial, e que pode ser determinante nesse sucesso, que é a formação e capacitação de professores e monitores, de outra forma não é possível desenvolver um trabalho de qualidade na educação.
Pensar em educar integralmente num primeiro momento imagina-se a construção de uma nova identidade nos espaços educacionais, ou sobre a ação de educar; mas na realidade vai, além disso, é necessário que o fazer pedagógico vá além do âmbito escolar, até porque mencionar sobre “novas aprendizagens” é preciso avaliar a ampliação não só do tempo, atende apenas à necessidade do currículo básico, mas, acima de tudo, dos espaços onde essas aprendizagens serão desenvolvidas e não menos importante ainda a capacitação dos instrutores, com o objetivo de que estes se tornem aptos cada vez mais em lidar com as diferenças socioeconômicas e culturais dessas crianças e adolescentes formando assim uma parceria mútua de troca de aprendizagens. Para Gomes e Bauer (2006, p. 33), essa parceria significa
[...] uma troca centrada no diálogo, de forma que a aprendizagem seja mútua. Como resultados, em vez de uma somatória de saberes, destacam-se a construção de um novo saber e, conseqüentemente, a realização de ações inovadoras. Os fazeres são partilhados e o foco é comum; a defesa dos direitos da criança e do adolescente, a partir da crença na capacidade deles de transformar
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