Todas as Sociedades: Linguistica
Por: YdecRupolo • 9/3/2018 • 3.498 Palavras (14 Páginas) • 309 Visualizações
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Alguns teóricos consideram que a Linguística Aplicada corresponde à prática da linguística teórica. Outros reconhecem a Linguística Aplicada como uma disciplina autônoma que teve suas raízes na Linguística Teórica, mas que já se estabeleceu como uma disciplina independente.
Segundo Cavalcanti:
Multidisciplinar e abrangente, a Linguística Aplicada apresenta preocupações com questões de uso da linguagem. Ela tem um objeto de estudo, princípios e metodologia própria, e já começou a desenvolver seus modelos teóricos. Dada sua abrangência e multidisciplinaridade, é importante desfazer os equacionamentos da Linguística Aplicada com a aplicação de teorias linguísticas e com o ensino de línguas. (cf. CAVALCANTI, 1986, p.9).
A preocupação linguista está em descrever a Língua no que se refere sua prática teórica e científica e os Linguistas Aplicados tratam dos problemas da linguagem colocados em sua prática diante dos tempos, lugares, sociedades e culturas específicas.
A inclusão da linguística se deu nos cursos de letras na década de 60, multiplicando-se nos anos 80 os efeitos das teorias linguísticas nas instituições educacionais. Incoerências na aplicação de diferentes disciplinas linguísticas no ensino de Inglês e Português. “A visão de Linguística Aplicada nos Anos 80 é muito mais abrangente do que um esforço sistemático de aplicação da Linguística teórica.” (ALMEIDA FILHO, 1897:22).
Surge nos anos 80 a necessidade de estudos sobre a linguagem no que diz ao uso e a aprendizagem da língua. A Linguística Aplicada no Brasil é recente foi através dos programas de pós-graduação e associações criadas visando o intercâmbio de pesquisa docente. Rojo, Kleiman e Celani ressaltam neste momento histórico que a situação da linguística aplicada era de dependência da Linguística por serem historicamente precedidas por linguistas com uma vocação para as aplicações, que usavam em suas obras de ensinos seus saberes, descobertas, para formação de resultados em práticas e contextos sociais.
Em 1964, houve a fundação da Associação Internacional de Linguística Aplicada, com o intuito de ampliar os estudos dos linguistas. Em 1966, da Associação Britânica de Linguística Aplicada e em 1967, do TESOL Quartely. No Brasil, a primeira institucionalização da Linguística Aplicada com o estabelecimento do Centro de Linguística Aplicada Yásigi, ocorre no dia primeiro de março de 1966.
Nesse mesmo período, no entanto, o linguista envolveu-se em um novo campo, de uma segunda língua tratando de assuntos como a avaliação e políticas educacionais, onde o foco era mais a aprendizagem do que o ensino. Pôde-se observar o aparecimento do interesse da língua aplicada por estudos a respeito do ensino de segunda língua e uma expansão para outros campos do uso da língua.
Para Damianovic (2005, p. 181-196), a chegada da linguística aplicada no Brasil formalmente se deu em 1970 na PUC-SP, sendo o primeiro programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, mas foi na década de 80 que a linguística aplicada começou a se expandir. Essa expansão foi registrada pelos extensivos trabalhos publicados ao longo dos dez primeiros anos do Journal of Applied Linguistics e do Annual Review of Applied Linguistics (ARAL), fundado em 1980. Segundo Grabe (2002), “O foco central da linguística aplicada nesse período estava relacionado a acessar questões e problemas de linguagem à medida que eles ocorriam no mundo real”.
Linguística quer dizer teoria e linguística aplicada é prática/teoria/prática, que tem domínio próprio. A linguística aplicada tem como objetivo identificar e analisar questões da linguagem na prática do contexto escolar, dentro ou fora desta, sendo uma área de investigação de domínio próprio.
Refletir sobre o processo ensino/aprendizagem de Língua, qual o melhor caminho, qual a melhor metodologia/abordagem e quais estratégias de ensino é considerar as interações verbais em sala de aula. Os estudos de interações verbais em sala de aula podem e devem ser integrados à formação do professor e a sua prática em sala de aula. A linguística aplicada desenvolve estudos sobre diversos problemas: interação verbal; bilinguismo; aprendizagem de segunda língua; socioconstrução da aprendizagem; análise do discurso pedagógico; compreensão e leitura; estudos de letramento; estudos sobre produção textual; elaboração de material didático; estudos sobre avaliação e metodologia de ensino entre outros.
No Brasil, vinte anos após a criação do LAEL, a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) foi formalmente criada em 1990.
De acordo com Rojo:
Na década de 90, a diversificação de enfoques, temas, objetos decorrente de teorias, descrições e metodologias, contribuiu para se colocar a discussão da identidade da área de LA como um todo e para se aprofundar as discussões sobre o seu caráter inter e/ou transdisciplinar. (ROJO, 1999, p.27)
A presença de problemas de relevância social passou a ser foco das pesquisas do linguista aplicado a fim de surgir respostas teóricas que trouxessem benefícios sociais a seus participantes. Como ressalta Pennycook:
Tornou-se importante compreender o sujeito como múltiplo, contraditório e construído dentro dos diferentes discursos. Os linguistas aplicados passaram a ter a necessidade de olhar as relações de poder na formação do sujeito na linguagem e por meio dela. (PENNYCOOK 1998, p.23- 25).
De acordo com Fairclough:
O estudo crítico da linguagem pode revelar os processos pelos quais a linguagem funciona para manter e/ou mudar as relações de poder na sociedade. Foi preciso corrigir a difundida minimização da importância da linguagem na produção, manutenção e mudança das relações sociais de poder. (FAIRCLOUGH, 1989, p.35).
O linguista aplicado pode auxiliar o ser humano a conscientizar-se sobre o modo como a linguagem contribui para o domínio de algumas pessoas sobre as outras, pois através dela é que o homem passar a ter um olhar mais criterioso do que está ao seu redor.
Como ressaltam Simon e Dippo:
O olhar crítico sobre a linguagem possibilita que seja enxergado de quem são os interesses contemplados pelos trabalhos produzidos. Essa conscientização é o primeiro passo em direção à emancipação. (Simon e Dippo, 1986, p.80).
O linguista deve se responsabilizar por um projeto político-pedagógico que sua produção busque a transformação de uma sociedade
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