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AS VARIAÇÕES LINGUISTÍCAS E A TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: GESTÃO HARMONICA

Por:   •  23/9/2017  •  2.459 Palavras (10 Páginas)  •  479 Visualizações

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Dentre os mais variados dialetos, pode-se citar o caipira, geralmente falado no interior do país, principalmente nas regiões sudeste e centro-oeste. “A cultura do caipira, como a do primitivo, não foi feita para o progresso: a sua mudança é o seu fim, porque está baseada em tipos tão precários de ajustamento ecológico e social, que a alteração destes provoca a derrocada das formas de cultura por eles condicionada (...)” (CANDIDO, 2003, p. 107).

Sendo assim, pode-se perceber que as variações linguísticas conotam as marcas de um povo ou região, reproduzindo suas histórias e delimitando suas necessidades.

Portanto, “a escola deve respeitar os dialetos, entende-los e até mesmo ensinar como essas variedades da língua funcionam comparando-as entre si: entre eles deve ser incluído o próprio dialeto de prestígio, em condições de igualdade linguística.” (CAGLIARI, 2005, p.82).

Para que isso aconteça faz-se necessário uma mediação entre o grupo gesytor e o sistema educacional com o objetivo de que esse problema seja amenizado. A função da escola e professores não deve ser abolir o dialeto não padrão da criança, mas, o de apresentar a norma padrão culta como uma ferramenta, que deverá ser ensinada como um bem a ser utilizado em situações cotidianas e formais, vale ressaltar o prestígio que tal norma atribui ao falante perante a sociedade. Já nas situações de informalidade pode ser utilizado na oralidade sem nenhum problema, já para a escrita deve-se lembrar que o discente deve seguir a norma, que tem como função uniformizar a comunicação dentro na nossa língua.

LÍNGUA FALADA VERSUS LÍNGUA ESCRITA

O preconceito linguístico parte do pressuposto de que tudo que foge do padrão culto/formal é considerado errado. Devemos ressaltar, porém, que o conceito de certo ou errado deve levar em consideração vários fatores relevantes, dentre eles o regionalismo e a capacidade nata do falante. As variações linguísticas, tema deste trabalho, vem demonstrar através das regras da língua portuguesa e da liberdade de expressão do falante se há influência ou não da oralidade na escrita e como o educador deve proceder em sala de aula. As variações se fazem presentes tanto na língua falada quanto na língua escrita.

Pode-se atestar também que o preconceito linguístico é fruto dos meios de comunicação, onde nota-se um distanciamento visível entre a linguagem não padrão e a linguagem padrão, onde aquela é vista como linguagem de pobre ou errada, carregando consigo um paradigma de simplicidade e expondo o falante a situações vexatórias. Tal pensamento gera percepções diferentes no que tange ao conceito de língua e gramática normativa, entre a capacidade intelectual/inteligência e oralidade, tudo isso nos remetendo a uma perceptível divisão social.

Para Bagno (2002), a Língua Portuguesa é como um rio, enquanto a gramática normativa é como se fosse um Igapó (pequena poça de água as margens desse rio). Portanto a gramática normativa se atualiza constantemente, enquanto a língua portuguesa continua correndo em seu leito, riquíssima.

Em nossa sociedade temos o hábito de pré julgar ou até mesmo ironizar o linguajar das pessoas, esse hábito está erradicado em diversos mitos, entre eles o mais explicito é o imposto pelos gramáticos, de que só existe uma língua correta, ou seja, uma única forma de falar, aquela imposta pelos dicionários ou livros didáticos; falarmos o mesmo idioma não quer dizer que temos só uma forma de língua portuguesa, o que não podemos de forma nenhuma é desconsiderar todas as variantes do nosso idioma e vir a “enterrar as mais variadas culturas” (grifo meu), isto posto, sabermos que a pronúncia varia de região para região; Portanto para nós da região centro-oeste mandioca é mandioca enquanto para os da região nordeste é macaxeira.

A LÍNGUA COMO FATOR DE EXCLUSÃO

O maior problema enfrentado pelo professor é ensinar Língua Portuguesa e concomitantemente a isso desprezar uma gama de línguas naturais, pois historicamente carrega um estigma de que o aluno deve falar como se escreve, tal procedimento faz com que o aluno aos poucos se torne obrigado a abandonar todos os estímulos externos que até então havia sido submetido, muitas vezes, isso leva o educando a completa exclusão social, culminando com o abandono da sala de aula.

Essa exclusão se dá a partir do momento em que o professor obriga o aluno a falar da mesma forma que escreve, sob a alegação de que quem escreve correto, fala correto; primeiramente estaríamos anulando as mais diferentes formas de falar do nosso povo, e paralelo a isto, estaríamos cerceando também o falante das mais variadas formas de linguagem, pois não podemos resumi-la a simples palavras colocadas em um papel; como poderíamos externar nossas emoções, gestos, danças sim, pois tudo isso são formas que o ser humano usa para “falar” com outrem.

A exclusão social vem sempre atrelada à ascensão social, é descabido afirmarmos que só prospera aqueles que conhecem a gramática normativa, se assim fosse como explicaríamos professores com salários tão baixos e fazendeiros, artistas, jogadores de futebol vivendo o oposto a isso, mesmo na maioria das vezes, sem mesmo terem frequentado sequer a escola. Segundo Bagno, isso não se trata apenas de preconceito linguístico, mas também de injustiça social.

Para alguns educadores existe uma distância enorme entre a norma oficial e o falar, entre a oralidade e a transcrição fonética;

“Essa distância em relação à norma oficial tem sido entendida como graus deficiência e de ausência do aprendiz: acaba por tornar-se um estigma, perdendo seu caráter de denuncia. Deslocamos para as crianças as falhas que deveríamos atribuir a escola e a nós mesmos. professores. que muitas vezes desconhecemos a própria natureza da linguagem sobre que trabalhamos. Acabamos por encobrir o fato importante de que as línguas são sistemas de regras humanas culturais e antropológicas e não de regras lógicas.”( FRANCHI,1996, p.119).

A ESCOLA E A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A escola desconhece a realidade linguística da criança; esquecesse de que ela foi capaz de aprender a falar e a entender a linguagem oral mesmo antes dos 3 anos e de que é capaz de usar essa mesma linguagem oral para dizer tudo que quer, quando não poderia de formar alguma, ignorar ou destruir essa habilidade já adquirida. Não poderia deixar de reconhecer também o fato que as crianças aprendem a falar uma variedade de português

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