O uso do hífen segundo o Acordo Ortográfico
Por: Juliana2017 • 20/8/2018 • 3.381 Palavras (14 Páginas) • 273 Visualizações
...
- animais: bem-te-vi; andorinha-do-mar; formiga-branca; cobra-d’água; beija-flor; tigre-dentes-de-sabre
- O hífen é usado em quase todos os termos que contenham, como se fosse originalmente um prefixo, o advérbio bem — principalmente quando o segundo termo se inicia por vogal ou h, mas não só —, e, apenas com essas letras, quando funciona como prefixo o advérbio mal:
- casos do advérbio “bem” como prefixo: bem-humorado; bem-estar; bem-afortunado; bem-soante; bem-nascido; bem-ditoso
Observação: Mas, contrariando a regra geral, grafam-se “benfeitor”, “benfeitoria”, “benquerer”, “benfazejo”.
- casos do advérbio “mal” como prefixo: mal-afortunado; mal-humorado; mal-educado; mal-assombro
Observação 1: Com o advérbio bem usado como prefixo, o hífen ocorre mesmo que a segunda palavra não seja iniciada por vogal ou h (vejam-se os exemplos de “bem-nascido” ou “bem-soante”, com exceção feita, porém, a “benfeitoria”, “benfeitor”, “benfazejo” e “benquerer”); mas, no caso particular do advérbio mal, não ocorre a mesma flexibilidade, razão por que, diante de consoantes, se escrevem “malnascido”, “malmandado”, “malsoante”, “malsucedido”, “malparado”, “malvisto”, “malcuidado”, “malfalante”, “malcriado”, “malconservado”, “malcasado”, “malcheiroso”, “malcomportado”, “malmequer” etc.
Observação 2: Quando indica o nome de uma doença, a palavra mal sempre tem hífen: “mal-canadense”, “mal-de-lázaro”, “mal-de-luanda”. “mal-de-gota”.
Observação 3: Registre-se a forma “mal-limpo”, que apresenta hífen por causa da consoante l, que aparece no fim da palavra mal e no início da palavra “limpo”.
- Emprega-se sempre o hífen quando aparecem, na formação das palavras, os elementos aquém, além, recém e sem:
1.5.1. com o elemento aquém: aquém-mar; aquém-Pirineus
1.5.2. com o elemento além: além-mar; além-fronteiras; além-Atlântico
1.5.3. com a preposição sem no papel de prefixo: sem-vergonha; sem-teto; sem-cerimônia
- Emprega-se sempre o hífen — agora em casos específicos de derivação prefixal — quando o segundo termo se inicia ou por vogal idêntica à vogal que termina o prefixo ou o falso prefixo ou, ainda, quando o segundo termo se inicia pela letra h:
- caso de vogais idênticas: micro-ondas; anti-intelectual; contra-almirante; semi-interno; auto-observação; infra-axilar; supra-auricular; anti--ibérico; arqui-inimigo; eletro-ótica
Observação 1: Tal regra não serve nem para o prefixo co- nem para o prefixo re-, aparecendo, assim, da seguinte maneira, as palavras “coordenar”, “coocupante”, “coobrigação”, “reeducar”, “reeleição”, “reempossado”, “reescrita”.
Observação 2: Não havendo coincidência de vogais, em outros casos também (vogal mais consoante ou consoante mais consoante), o hífen desaparece de uma vez por todas dos derivados, como se vê em “contracheque”, “multiuso”, “autoimunidade”, “antiplaca”, “agroindústria”, “contrapé”, “semiárido”, “radiopatrulha”, “microindústria”, “autopeças”, “hidroginástica”, “antivírus”, “hidroavião”, “anticaspa”, “antiácido”, “antiferrugem”, “anteprojeto”, “autoeducativo”, “contragolpe”, “seminovo”, “radiotáxi”, “megaoperação”, “cardiovascular”, “infravermelho”, “macroeconomia”, “radiovitrola”, “seminu”, “antimatéria”, “antigreve”, “microempresário”, “autoestrada”, “autodefesa”, “audiovisual”, “hiperdesconto”, “supermercado”, “intercomunicacional”, “socioeconômico”, “sobreloja” etc. (consultar os itens 2.2.1 e 2.2.2)
Observação 3: A palavra “ensino-aprendizagem”, que apresenta vogais diferentes no fim de uma palavra e no começo da outra (ensino e aprendizagem), não se deixa reger, apesar da aparência formal, por essa regra, porque, aí, em primeiríssimo lugar, não temos prefixo — primeira condição (ver a Observação 1 do item 1.1. deste documento) —, nem essa palavra é um composto da mesma maneira que “hispano-americano” ou “pombo-correio”. É um fenômeno à parte, isolado de todos aqueles que foram comentados até este momento. Note-se que as duas palavras envolvidas — “ensino” e “aprendizagem” — têm completa autonomia mesmo no conjunto a que pertencem, o que não é, evidentemente, o caso de “pombo-correio”, em que “correio” define o tipo de “pombo”, qualificando-o como se fosse um adjetivo. Aqui, em “ensino-aprendizagem”, trata-se tão-somente de uma relação entre termos, como acontece com “estrada Rio-São Paulo”, sequência nominal em que a cidade de São Paulo não determina a cidade do Rio de Janeiro e vice-versa. Indicia, pois, uma relação de trajeto, nas duas direções: do Rio para São Paulo, e de São Paulo para o Rio. O mesmo ocorre com “ensino-aprendizagem”, em que o ensino leva ou não à aprendizagem ou a aprendizagem direciona o tipo de ensino, mas não necessariamente. Antes da reforma ortográfica de 2008, essas cadeias vocabulares eram unidas por travessão, e não por hífen: “estrada Rio—São Paulo” e “processo ensino—aprendizagem”. Com o Acordo, deu-se, acertadamente, a simplificação, com a adoção do hífen.
- caso do aparecimento do h iniciando o segundo elemento da derivação: anti-higiênico; co-herdeiro; contra-harmônico; extra-humano; super-homem; pré-história; sócio-histórico; ultra-hiperbólico; geo-história; semi-hospitalar; sub-hepático; neo-helênico
Observação: Acontece, porém, que há palavras cuja raiz começa por h e, mesmo assim, aglutinaram-se ao prefixo, eliminado o h etimológico, fazendo perder o hífen, a ponto de contrariar a regra dominante. É o caso de “desumano”, “subumano”, “inábil”, “inumano”, de larga tradição na língua.
- Emprega-se o hífen com palavras formadas com os prefixos circum- e pan-, quando a eles se seguem elementos iniciados por vogal, m e n
- com o prefixo circum-: circum-escolar; circum-navegação; circum-murado
- com o prefixo pan-: pan-americano; pan-mágico; pan-negritude
- Emprega-se o hífen
...