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Horror e realismo fantástico no cinema contemporâneo brasileiro

Por:   •  21/5/2018  •  1.135 Palavras (5 Páginas)  •  376 Visualizações

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Dentre esses citados, os longas “Trabalhar Cansa” (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2011) e “O Som ao Redor” (Kléber Mendonça, 2012), e o curta “Um Ramo” (Juliana Rojas e Marcos Dutra, 2007), serão trabalhados com um foco maior, destacando as características do gênero, analisando suas narrativas e elementos visuais e sonoros para traçar um perfil comum em tal linha cinematográfica.

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4.2 UM RAMO (curta metragem): A BUSCA PELO PRIMITIVO

“Um Ramo”, curta metragem de Juliana Rojas e Marco Dutra, retrata a história de uma mulher – mãe e esposa – que passa a sofrer de uma estranha doença, onde ramos nascem em sua pele, após um místico contato com parte da natureza.

Afora algumas interpretações mais espirituais e sobrenaturais acerca do curta, “Um Ramo” se aproxima muito de “Trabalhar Cansa” em suas alegorias. No início do filme, Clarisse é tirada de suas tarefas cotidianas por um pássaro que entra no quarto de seu filho; numa cena muito mística e íntima, ela calmamente pega o animal com as mãos e o permite retornar à natureza. Claramente, esse é o contato mais próximo que ela provavelmente teve com o natural (pelo menos num nível psicológico): surge daí, então, um despertar de próprio lado primitivo interior. Primeiramente, é importante notar o papel tradicional da mulher ao qual a protagonista se vê designada. Esse papel de mãe, esposa e dona de casa em parte do tempo apresenta diversas pressões sociais que são capazes de sufocar uma mulher nesse mundo de obrigações, principalmente quando há falhas (Clarisse falha ao esquecer uma torta no forno e ao se atrasar para buscar o filho num acampamento); porém, o lado primitivo despertado na protagonista no início do filme começa a afastá-la de suas obrigações diárias e, consequentemente, da instituição da família: as falhas citadas são já sinais do distanciamento de Clarisse em relação ao mundo tão estreito em que vive, típico da classe média brasileira.

Há, então, uma clara relação do “homem moderno” com o “homem primitivo” (relação também contemplada em “Trabalhar Cansa”). No caso de Clarisse, o “homem moderno” representa sua vida tradicional e em conforme com as instituições, mas que ao mesmo tempo a deixa sufocada devido à força de seu “homem primitivo”, que ganha ainda mais voz depois do episódio com o pássaro. As folhas e ramos que começam a nascer na pele da protagonista são uma alegoria a seu crescente desejo de escapar, que não consegue mais ser reprimido: tanto que Clarisse não fica assustada quando os ramos aparecem, pois ela sabe que são uma parte dela.

“Um Ramo” é, portanto, uma história do desejo de fuga das instituições vigentes (principalmente sobre a imagem feminina); mais do que isso, é a história da busca pelo retorno ao primitivo, por aquilo que não é capaz de prender através de elementos externos. O filme não trata de exageros ou escândalos, porque esse deveria ser um processo natural a ser buscado, eventualmente, por todos que vivem sob as prisões impostas pelo estilo de vida da classe média.

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