Os novos princípios do urbanismo
Por: Ednelso245 • 22/9/2018 • 6.161 Palavras (25 Páginas) • 366 Visualizações
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2º fase da modernização: revolução industrial, que assiste a produção de bens e serviços , subordinada, em grande medida, as lógicas capitalistas. É a segunda ou média modernidade.
A cada uma das duas primeiras fases da modernização, correspondeu uma mudança profunda na maneira de conceber, produzir, utilizar e gerir, de maneira geral, os territórios e particularmente, as cidades. Esboça uma nova fase de modernização e que as mudanças que se vislumbram no urbanismo atual apontam para uma terceira revolução urbana moderna.
Capitulo 2 – a terceira modernidade
No segundo capítulo, Ascher defende a hipótese da emergência de uma terceira fase de modernização, que abandona o racionalismo simplista e as certezas da anterior fase e que prefigura uma terceira revolução urbana. Esta assenta numa sociedade mais racional, mais individualista e mais diferenciada, que o autor caracteriza:
• por uma complexidade crescente a qual promove a reflexividade da vida social em vez da crença ou da tradição;
• pela emergência de novos paradigmas científicos que o autor considera não o indício da crise da razão moderna mas o sinal do seu desenvolvimento reflexivo, destacando a importância da teoria dos jogos e escolhas limitadas, das ciências cognitivas e da teoria da complexidade, do acaso e do caos, e sublinhando a importância da noção do feedback, das abordagens processuais, das avaliações sucessivas para agir estrategicamente em contextos cada vez mais incertos, onde o conhecimento passa a fazer parte da ação;
• pela construção social do risco que cresce com o processo de modernização mas que é passível de ser identificado e gerido, necessitando de novas regras de ação como o princípio de precaução;
• pela autonomia crescente em relação aos condicionalismos espaciais e temporais, resultantes dos novos meios de transporte e armazenamento de pessoas, bens e informações, em que o local deixa de ser o lugar imprescindível das práticas sociais, com as possibilidades de escolha acrescidas de deslocação, telecomunicação, localização de residência e de trabalho. A escolha não é para todos todavia e como reconhece Ascher esta mobilidade crescente cria novos problemas de coesão social e novas formas de segregação social;
• por uma individualização cada vez mais forte, a multiplicidade de escolhas conduzindo a perfis de vida e consumo cada vez mais diferenciados e singulares, explosão de tipologias, dificultando a categorização social apesar das determinantes econômicas e socioprofissionais
• por uma diferenciação social cada vez mais complexa que se acentua com a divisão do trabalho e a globalização econômica; as práticas tendem a ser mais homogêneas mas a paleta das escolhas larga, as estruturas familiares transformam-se e as histórias de vida diversificam-se, aumenta à mobilidade social, a multipertença, as práticas e os sistemas de valores resultam de socializações e circunstâncias variadas. Outra característica da terceira fase de modernização é a sociedade hipertexto, que Ascher identifica por: uma mudança de natureza, diversificação, maior fragilidade mas também maior elasticidade dos laços sociais; uma estrutura social em redes interconectadas assegurando uma mobilidade crescente entre pessoas, bens e informações, fundando novas solidariedades e permitindo uma solidariedade reflexiva assente na consciência de pertença a sistemas de interesses coletivos; uma multiplicidade de pertenças sociais em que, como as palavras num hipertexto, os indivíduos dão sentido aos distintos textos-campos sociais a que pertencem interagindo com os restantes indivíduos (a análise das desigualdades sociais podendo medir-se pela número de campos sociais de pertença e a mobilidade em passar de um para outro, os excluídos do mercado tendo em geral um número limitado de pertenças).
A passagem do capitalismo industrial ao capitalismo cognitivo é a terceira grande característica da terceira fase de modernização identificada por Ascher. A globalização capitalista e a transferência das regulações para o mercado marcam o fim dos futuros previsíveis e planificáveis, a crise das formas ford-keynesianas e fazem aparecer as incertezas, mas criam para Ascher as condições de emergência de uma nova forma de economia de mercado. Esta engloba os setores de produção das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), da net, da economia cognitiva, é uma economia mais reflexiva, mais individualizada ao nível do consumo e da produção, com maior divisão de trabalho e maior especialização, que assenta na diversificação de parcerias. É uma economia mais urbana, em que as cidades e os territórios se transformam em espaços produtivos, cabendo aos poderes públicos a sua valorização e acessibilidade. Com a globalização, a crise do Estado-Providência e das políticas keynesianas surgem novas formas de regulação deste capitalismo cognitivo, as parcerias público-privadas, que Ascher considera mais adaptadas à sociedade aberta, diversificada, móvel e instável atual. Surgem as instituições supranacionais de regulação e o reforço dos poderes públicos locais num contexto de concorrências interterritoriais.
Capitulo 3 – a terceira revolução urbana moderna
A primeira modernidade e sua revolução urbana suscitaram novas concepções que classificaremos como paleourbanismo. A segunda modernidade e sua revolução urbana produziram os modelos e deram nome ao urbanismo. A terceira modernidade e sua revolução urbana fizeram emergir novas atitudes diante do futuro, novos projetos, modos de pensar e ações diferenciadas, é o que chamaremos de agora em diante de neourbanismo ou de novo urbanismo.
Cinco grandes mudanças parecem caracterizar a terceira revolução urbana moderna: a metapolização, a transformação dos sistemas urbanos de mobilidade, a formação do espaço-tempo individual, a redefinição das relações entre interesses individuais, coletivos e gerais, e as novas relações de riscos.
No terceiro capítulo, o autor caracteriza a terceira revolução urbana moderna que emerge desta terceira fase de modernização. Grandes inovações marcam os 30 últimos anos (os telemóveis, a internet, o TGV) com impactos consideráveis. Ascher retoma o conceito de metapolização já abordado em obra anterior: “conurbações, vastas, descontínuas, heterogêneas e multipolarizadas” que resultam da absorção de cidades, vilas, aldeias, cada vez mais afastadas, diluindo os limites entre cidade e campo. As cidades mudam de escala
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