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Fichamento Análise Urbana- Philippe Panerai. Cap

Por:   •  19/9/2018  •  8.982 Palavras (36 Páginas)  •  568 Visualizações

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5. PERÍODOS FICHADOS

“Com 7.300 hectares, o centro histórico de Paris (...) representa hoje uma porcentagem íntima da aglomeração. A mesma constatação pode ser feita em todas as grandes cidades. A Grande Londres ocupa um território de cinquenta quilômetro de diâmetro. Em Brasília, como veremos adiante, a "cidade histórica". Isto é, o Plano Piloto, abriga menos de um quinto da população da aglomeração e representa apenas uma porção menor da área urbanizada.” (p.13)

“Ao longo do século XX. Constata-se nas cidades uma inversão da relação entre o centro antigo e sua periferia, esta última passando a representar em superfície e população, a parcela maior da aglomeração. Tal inversão ocorre não apenas nas grandes metrópoles e nas capitais, mas alcança também cidades de menores.” (p.13)

“[...] essa cidade não é menos urbana que aquela do passado, apenas a sua urbanidade que é de outra ordem. Nele não está proposto um novo modelo urbano tomado emprestado das novas tecnologias de comunicação e informação. Ele trata da forma da cidade e propõe-se a apresentar certo número de ferramentas que permitam a leitura dessa forma, a fim de analisar suas disposições concretas, sua organização material.” (p.14)

“Evidentemente, a cidade (...) não é independente dos grupos sociais que a produzem, que nela vivem e que a transformam.” (p.14)

“Ao falar da forma da cidade, temos uma pretensão ambiciosa: explicar a totalidade do território urbanizado, sem selecionar ou decidir a priori o que seria urbano (...) e o que seria desimportante, banal e mesmo descartável. (...) a cidade é um lugar de acumulação.” (p.14)

A cidade europeia e a permanência do modelo radioconcêntrico (p.14)

“Ainda que não haja um arquétipo que permita reunir todas as cidades europeias em um formato único, pode-se ao menos encontrar inúmeras características comuns à maioria delas que as distingue, em seu conjunto, das cidades de outros continentes, cujo desenvolvimento obedece a histórias diferentes. Por um longo período, as cidades europeias seguiram um modelo radioconcêntrico o qual permite uma interpretação bastante simples ao se associar o controle do crescimento à incorporação das expansões ocorridas ao fio do tempo.” (p.14,15)

“Quase sempre oriundas de uma fundação romana ou de um pequeno burgo celta, as cidades da Europa se enclausuraram na Idade Média, protegendo-se por trás de suas muralhas; estas, por sua vez, foram gradualmente ultrapassadas, sendo substituídas por uma ‘via perimetral’ (...). No período clássico, avenidas e bulevares foram combinados para organizar um território no qual é fácil se orientar e circular.” (p.15)

“O sistema era eficaz, pois permitia que os arrabaldes fossem sucessivamente incorporados à cidade e que surgissem novos limites.” (p.15)

“Contudo, o modelo radioconcêntrico não é universal, urna vez que particularidades de sítio ou de história podem criar outros tipos de organização, de tal modo que Cidades corno Londres, Barcelona, Berlim, Marselha ou Veneza não podem nele ser enquadradas. Porém, trata-se de um modelo suficientemente difundido para dar uma chave de leitura da cidade europeia, pelo menos até sua recente explosão.” (p.15)

“Se a perda da forma urbana tradicional anunciada por Carla Aymonino (1966) testemunha nossa dificuldade em ler a cidade atual e nossa confusão diante de uma situação que não corresponde mais às nossas referências é necessário indagar por que não conseguimos entender a cidade. (...) É preciso perguntar que outros modelos podem nos ajudar, hoje, a pensar a aglomeração como totalidade, a descrever sua forma, a identificar suas partes e a compreender porque o modelo radioconcêntrico - tão idealmente atrelado a uma representação centralizada do mundo e do poder- não funciona mais.” (p.15)

“(...) o modelo radioconcêntrico expressa para um europeu - e, mais ainda, para um francês (...) - não apenas uma representação da cidade, mas também uma representação do mundo e uma representação do mundo e uma representação do poder.” (p.15)

“A representação da cidade europeia é produto de uma longa história, tendo sido constituída gradativamente por acumulações, adições, densificações. O centro, que reúne as instituições do poder e as funções simbólicas, confunde- se com o núcleo histórico, com a parte antiga, com a origem da cidade. Os subúrbios distanciam-se, mas mantêm uma relação evidente com o centro, garantida pela amarração feita pelas vias principais.” (p.16)

“O centro domina a cidade, a cidade domina o território à sua volta (...) A cidade é constituída à imagem e semelhança de um organograma do poder e da sociedade. Por vezes, ela chega mesmo a expressar em sua forma a oposição de poderes (...) porém, mais freqüentemente, ela revela um poder dominante, uma estrutura hierarquizada e centralizada. Henri Lefebvre (1966) definia a cidade como a projeção, no solo, das relações sociais.” (p.16)

“Na França, onde a centralização é um fenômeno antigo, a história na das cidades acompanha e reflete a constituição do país[...] após muitos séculos a centralização abrange o conjunto do país e estabelece Paris como eu único centro. Nos países vizinhos, a unificação mais recente de estados ou províncias tem como resultado esquemas policêntrico.” (p.16,17)

“É essa adequação perfeita e incontestável entre forma da cidade e representação do mundo que está colocada radicalmente em questão hoje em dia.” (p.17)

“(...) o que nos inquieta são os primeiros efeito da globalização. Na França, uma manifestação tangível, no que concerne à forma da cidade, é a perda do modelo radioconcêntrico. Em países cuja história seja diferente, ela assume outras configurações, mas em todos os lugares as mudanças são profundas, desorientadoras, inquietantes. (...) outras formas de cidades vêm-se desenvolvendo há séculos em paralelo com o esquema radioconcêntrico e oferecem situações igualmente urbanas.” (p.17)

O caminho e a colina (p.18)

“Fruto do percurso dos animais, dos homens e de suas caravanas, o caminho organiza o território desde tempos imemoriais (...). O caminho conduz de um ponto a outro (...). O cruzamento, o vau, a parada obrigatória engendram o comércio. Segue-se o sedentarismo. Nasce a cidade. A aldeia-rua primitiva, essa primeira forma de

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