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A CATEDRAL SÃO FRANCISCO DE PAULA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CIDADE DE PELOTAS

Por:   •  3/5/2018  •  4.159 Palavras (17 Páginas)  •  370 Visualizações

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Keywords: São Francisco de Paula Cathedral, Religious Architecture, Religious Heritage.

INTRODUÇÃO

Quando os edifícios históricos e patrimônio arquitetônico da cidade fazem parte do cotidiano da população, perde-se o hábito de valorizar as edificações e sua importância no âmbito histórico. As fachadas dos prédios, algum ladrilho, esculturas, enfim, detalhes apenas deixam de ser contemplados como marcas da memória coletiva.

A pesquisa bibliográfica contribuiu para a definição das características arquitetônicas e artísticas, dos diferentes tipos de materiais utilizados neste templo, sua localização, origem, história e sua importância para Pelotas. Para complementar a pesquisa foi realizado o registro fotográfico da fachada, dos detalhes em mármore, planta baixa da edificação, assim como a análise da escolha de seu padroeiro.

A valorização destas características constitui também os objetivos da pesquisa: divulgar o patrimônio religioso da cidade de Pelotas, utilizando a Catedral como um dos ícones da história da arquitetura local. A divulgação do patrimônio cultural pode incentivar a sensibilização do olhar para a sua valorização e consequente salvaguarda. Além disso, visa reforçar a importância artística e a manutenção das várias edificações religiosas em nossa região. A população bem informada sobre o patrimônio contribui para sua conservação e o turismo cultural pode ser um meio de favorecer e sustentar este bem cultural.

CONTEXTO HISTÓRICO E RELIGIOSO DA ÉPOCA

As décadas de 1940 e 1950 foram marcadas pelos terrores da Segunda Guerra Mundial. Um período de intensas e contínuas preocupações para toda a população, bem como para os responsáveis da Igreja Católica. Procurando mais segurança e organização em suas atividades e edificações, a Igreja adotou um movimento chamado Ação Católica, que foi criado no século XX. Para isso, possuía auxílio da imprensa católica local, podendo assim alertar o operariado, sobre questões de ordem religiosa, mas também em apoio a Ditadura Militar, instruindo sobre instituição de ensino e matrimônios. (SILVA, 2012)

As riquezas do século XIX provenientes do sucesso das charqueadas, da agricultura e de uma economia diversificada, possibilitaram o surgimento de edificações monumentais, como teatros, conservatório de música e a Biblioteca Pública (que foi de iniciativa particular), demonstrando em sua arquitetura traços de finesse e belle époque (SILVA, 2012). Desta forma, pode-se ressaltar que as iniciativas particulares foram a marca registrada do desenvolvimento da cidade, que obteve melhorias a partir de recursos e da boa vontade de seus cidadãos - uma vez que aparentava estar esquecida pelos governos central.

CATEDRAL SÃO FRANCISCO DE PAULA: da fundação à inauguração em 1950

A história do mais importante edifício religioso de Pelotas pode ser dividida em no mínimo, três fases. A primeira tem seu marco inicial na semana do dia 14 de julho de 1812, quando Padre Felício foi nomeado como primeiro pároco de Pelotas, constando na sua apresentação pelo Príncipe Regente.

Conheço pessoalmente esse clérigo, que está em boa idade para esse trabalho (35 anos) e me parece de muito boa instrução, capacidade e zelo para o ministério paroquial. Aliás, tem atestados elogiosos do pároco de Rio Grande, Padre Inácio Francisco da Silveira que diz “ser um bom e perfeito eclesiástico”; do Padre Pedro Rodrigues Tourem, cura de Canguçu, que louva sua pregação evangélica, assiduidade na administração dos sacramentos, o exemplo e o interesse. Um leigo, Capitão Inácio Antônio da Silveira, atesta que se porta com exemplar conduta e honestidade e faz tudo com desinteresse, sem cobrar estipêndio algum dos moradores. (PRÍNCIPE REGENTE 1812, p. 100[a]).

Em 18 de agosto de 1812, Dom José Caetano da Silva Coutinho, bispo do Rio de Janeiro, regulamentou a paróquia de São Francisco de Paula. Em 13 de outubro de 1812, Padre Felício tomou posse na paróquia, hospedando-se em terras do capitão-mor Antônio Francisco dos Anjos. Este campo, com cinquenta e dois hectares de área continha apenas duas edificações, uma de alvenaria coberta de telhas de barro, onde morava Antônio José Torres, e outra, um rancho coberto com palha santa-fé, que abrigou o Padre Felício. O rancho erguia-se no Sítio dos Coqueiros, lugar próximo da esquina que fazem hoje as ruas Gonçalves Chaves e General Neto. A outra, conhecida como a Casa do Torres, que existente até hoje, foi cadastrada sob o número 201 na Rua Major Cícero Góes Monteiro, que atualmente é uma das construções mais antigas da cidade.

A primeira providência administrativa de Padre Felício foi conseguir um terreno para construir a Igreja Matriz. Interinamente servia como sede paroquial o Oratório de Nossa Senhora da Conceição do Cerro de Sant’Ana na casa do Padre Doutor. Cientes de que a igreja matriz seria o núcleo irradiador da urbanização do povoamento, logo surgiram muitos interessados na localização da igreja. As discussões entre eles davam-se na casa do Torres que oferecia melhores condições de conforto para os convidados, em comparação com o rancho ocupado pelo pároco.

No mês de fevereiro do ano seguinte, 1813, Padre Felício inicia a construção da matriz em terreno cedido pelo capitão-mor, a cem metros em frente da casa de Torres, atual Praça José Bonifácio. A edificação projetada e construída pelo Padre Felício, com apoio financeiro de Antônio dos Anjos, era simples, em alvenaria de um tijolo de espessura trinta centímetros (30 cm), com cobertura de duas águas e telhas de barro, constituída de uma nave de seis metros e sessenta centímetros (6,60m) de largura por treze metros e vinte centímetros de comprimento (13,20m), sem torres e sem sacristia.

Figura 1 – Ilustração da Igreja construída[pic 1]

Fonte: PRIETTO, Pedro Luís Monti

Os fiéis da nova paróquia eram sabedores da existência, na cidade de Mostardas, de uma bela imagem de São Francisco de Paula, talhada em madeira ao estilo barroco, pertencente a Antônio Gomes de Carvalho, oriundo da Colônia do Sacramento. Pressentindo a invasão espanhola de 1776, Antônio emigrou da Colônia trazendo consigo numa carreta a imagem do santo de sua devoção até a vila do Rio Grande, daí se transferindo para Mostardas.

Figura 2 - Imagem vinda da Colônia

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