TCC - OS DESAFIOS NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A SEXUALIDADE DO IDOSO
Por: Salezio.Francisco • 22/3/2018 • 10.824 Palavras (44 Páginas) • 679 Visualizações
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Para a compreensão do fenômeno envolvendo a sexualidade dos idosos, torna-se fundamental ainda a consideração de fatores socioculturais implicados na vida sexual do idoso, assim como o seu funcionamento fisiológico sexual e psicológico, além de observar o conceito de velhice e como a sexualidade se constrói socialmente.
Começamos essa parte introdutória apresentando as teorias sobre o envelhecimento, a situação social dos idosos no Brasil usando dados demográficos/estatísticos, como eram valorizados em períodos remotos, como são valorizados atualmente, através de Griffa e Moreno (2010). Sua situação de vulnerabilidade sexual relacionada à AIDS, descrita por Perdigão et. al. (2013). Como sua sexualidade é encarada pela sociedade, os preconceitos, os mitos, os tabus, de acordo com Almeida e Lourenço (2009). Sua fisiologia sexual, analisada por Cabodieci (2000). Acreditamos ser importante também verificar através de Mendes et. al. (2005) como é o funcionamento psicossocial da pessoa que está na faixa da velhice e recorrendo a Rodrigues Jr. (1995) como se dá a identidade sexual do ponto de vista da psicologia.
Optamos pelo conceito de sexualidade fundamentado em Foucault (1993) descrito no livro História da sexualidade que analisa a sexualidade como um instrumento de estratégia social, política e econômica, o que se adéqua a proposta do trabalho de compreender as variáveis que envolvem nossa sociedade e investigar quais são os desafios dos profissionais de saúde frente à sexualidade do idoso nos dias atuais.
- Sobre a velhice
Já no período da Antiguidade já havia interesses a respeito do envelhecimento, com preocupações em se prolongar a vida ou a juventude. Autores como Aristóteles consideram o processo do envelhecimento como natural e comum a todos os seres humanos. Sêneca já dizia que a velhice era incurável. Se opondo a essas corroborações, Gáleno de Pérgamo, no século II, dizia que se a velhice era natural, ela não era uma doença, mesmo com seus efeitos nocivos, porque para ele, as doenças agiam contra o natural (GRIFFA E MORENO, 2010).
Ey (1978, apud GRIFFA E MORENO, 2010) não concordava com a associação de enfermidade e velhice, que estar nessa faixa etária não era o mesmo que estar decadente ou senil das funções psicofisiológicas. Para ele a decadência ou senilidade era uma forma anormal ou prejudicada de envelhecer. Em países desenvolvidos, que revelam uma boa qualidade de vida, nota-se que os idosos vivem mais independentes dos outros e menos vulneráveis a desnutrição e doenças, enquanto os idosos de países com menos qualidade de vida já necessitam de mais ajuda, sofrem de mais doenças crônicas e não atingem idade avançada.
A velhice também já foi relacionada à infância, como sendo a segunda infância, porém Guardini (1960, apud GRIFFA E MORENO, 2010) considera essa comparação muito superficial, em vista das diferenças entre as duas fases. A infância é a fase onde o ser ainda é frágil e no começo do seu desenvolvimento; já o idoso está no auge do seu desenvolvimento e é a fase marcada pela decadência, com menores expectativas ou possibilidades de futuro, com menor impressionismo perante aos acontecimentos.
As teorias genéticas afirmam que o processo de envelhecimento é o acúmulo gradual de células alteradas que não funcionam normalmente. As teorias biológicas afirmam ser o acúmulo progressivo de material tóxico nas células e órgãos que interferem em suas funções, o que causa, por exemplo, a elasticidade da pele e dos músculos (GRIFFA E MORENO, 2010).
Outras explicações se baseiam no mau funcionamento da homeostase, alterando as funções orgânicas. As teorias imunológicas argumentam que o envelhecimento é resultado de uma indiscriminada ação dos anticorpos contra células indevidas, que são atacadas como se fossem estranhas ao organismo, matando-as (GRIFFA E MORENO, 2010).
Cummings e Henry (1961, apud GRIFFA E MORENO, 2010) formularam a teoria do desapego, afastamento ou desligamento. Nessa teoria o idoso por se encontrar em um estado de decadência física se afasta e reduz sua interação social, o que acontece reciprocamente entre idoso e sociedade, o que evitaria conflitos com os mais jovens e relações angustiantes; se desapega de papéis e atividades normais dos adultos, centram suas energias em objetos mais significativos e em menor quantidade, volta sua preocupação consigo mesmo. Esse desapego é universal e se caracteriza pelo caráter disfuncional inevitável própria da idade e que ocorre também por um leve condicionamento social. Havighurst et. al. (1969, apud GRIFFA E MORENO, 2010) se contrapõe a essa teoria, dizendo que ela é estigmatizante, afirmando que é possível um envelhecimento mais adequando se o idoso se mantiver ativo, que as necessidades psicossociais entre a velhice e a meia-idade são as mesmas e que o idoso se adapta ao seu novo papel social de acordo com suas capacidades e seus interesses.
A teoria da continuidade já argumenta que a velhice é apenas um processo de continuidade, a pessoa mantém aquilo que conquistou ou adquiriu no decorrer da sua vida. A teoria da descontinuidade já afirma que fatores como a viuvez, aposentadoria, a vulnerabilidade às doenças acabam por estimular seu processo de descontinuidade e passividade perante a vida (DANISH et. al., 1980; BRIN E RIFF, 1980 apud GRIFFA E MORENO, 2010).
Muitos gerontólogos consideram as teorias da atividade, do desapego ou da descontinuidade relativas e categorizantes, porque esses traços de conduta ou personalidade são variáveis de acordo com o estilo de vida dessas pessoas e que a velhice concentra mais essa diversidade (GRIFFA E MORENO, 2010).
Na Antiguidade, de acordo com Griffa e Moreno (2010), os idosos eram seres respeitados por terem atingido uma idade pouco alcançada pela população em geral, a expectativa de vida era de 30 anos para os gregos e romanos.
No Brasil, o aumento da longevidade não se deu apenas pela melhoria na expectativa de vida, mas também pela baixa natalidade, assim a terceira idade se sobressaiu na pirâmide demográfica, sobre a população total. Em 1872, a porcentagem sobre a população total de idosos com 60 anos ou mais era de 0,7 e em 1990 alcançou 7,3. Em 1940, a expectativa de vida era de 39 anos para os homens e 44 para as mulheres. Em 1980, 63 para as mulheres e 56 os homens. Com o aumento da longevidade na terceira idade, começaram a conceituar outras fases, a senescência ou pré-senilidade, senilidade, terceira e quarta idade, que são idosos com mais de 80 anos (GRIFFA E MORENO, 2010).
Devido às mudanças demográficas, o idoso ganhou
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