PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL OBSERVAÇÃO DE UMA CRIANÇA

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Nesse período, a criança desenvolve a chamada Atenção Seletiva, onde conseguem prestar mais atenção e se desviar das possíveis e várias distrações ao redor do foco principal, característica que até os 5 anos de idade ainda prevalece. Apresentam um grande desenvolvimento metalinguístico, conhecendo novas palavras e aperfeiçoando a memória de longo prazo que se desenvolve até criar um processo de Automatismo, onde determinadas coisas aprendidas se tornam automáticas ao recorda-las, desnecessitando de um esforço maior e não dependendo mais da memória de curto prazo. Também já conseguem identificar a reversibilidade das coisas, ou seja, que algo pode voltar a se tornar algo que era antes, o que na Primeira Infância ainda não era possível.

A organização do pensamento se torna bem explícito, já conseguem classificar os objetos que pertencem a grupos maiores, a terem diversas interpretações nas demais situações e capacidade de separar as coisas por uma ordem, de maior para menor ou mais para menos. Porém nessa faixa etária ainda não conseguem ter uma habilidade dedutiva no qual se pode imaginar uma situação que ainda não experimentaram, sendo assim ainda estão na fase indutiva, onde esse processo se dá ainda com base em suas próprias experiências para chegar a um aspecto geral.

Todas essas características são de acordo com os Estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget onde em suma, há esse grande avanço na questão locomotiva da criança, na memória e na linguagem.

A compreensão de si mesmo aumenta consideravelmente e isso acarreta, a partir de então, a formação da autoestima da criança. Segundo os Estágios Psicossociais de Erikson, na meninice há o desenvolvimento da produtividade x inferioridade, no qual a partir das influências tanto sociais quanto internas fazem a criança criar essa imagem de si mesma tendendo para o positivo ou negativo. O poder dessas influências sobre a autoestima que vai ser criada depende do quanto ela é importante para a criança e também no quanto ela valoriza determinada coisa, porque aqui ela já tem ideia do quanto ela é boa ou ruim em certa coisa, então se ela for boa em algo que se tem um grande valor para ela, logo aumentará sua autoestima, do mesmo que, se ela for boa em algo que não dá muito valor, isso não a ajudará em nada e apenas focará naquilo que é importante para ela, porém que não desempenha bem.

Vale ressaltar que os pais têm grande função nesse processo já que a criança primeiramente tem que se sentir aceita e amada por eles, sendo isso a base de uma autoestima saudável, além de que é muito importante que ouçam coisas positivas de si mesmas pois se ouvirem que são burras ou feias por exemplo, vão se sentir assim.

Dentro da psicanálise, Freud (1909), explica como a criança na meninice pode interpretar e agir de diferenças formas diante de uma experiência negativa. Por exemplo: uma criança que é zombada pode ficar com muita raiva e insultar quem fez isso com ela, ela pode se inibir e criar até mesmo uma fobia social com base nessa experiência negativa ou ela pode apenas ignorar isso e provar que é bom em determinada coisa para que parem de zombá-la, assim pode-se concluir que os impactos das demais situações negativas variam muito de acordo com a interpretação e respectiva reação que a criança vai dar, impossibilitando que se crie um padrão generalizado de respostas a esses eventos.

O maior fenômeno social na meninice é o ingresso a Escola, a partir desse momento a criança se encontra em um lugar onde não só vai desenvolver suas habilidades de linguagem e lógica como a interação com pessoas além de seus pais e família. A relação com o professor e os colegas de classe é bem mais complexa, onde a criança estará sujeita a regras e normas que é a base de como se viver em sociedade, aqui perde-se um pouco do egocentrismo presente na Primeira Infância, já que precisam aprender a dividir as coisas e a respeitar as diferenças nas pessoas encontradas ali. Também nesse ambiente que elas desenvolvem esse próprio processo avaliativo de suas habilidades, onde buscam sempre aprovação do professor e de seus colegas sobre suas realizações.

A questão do amigo na meninice toma uma ocupação bem maior e mais abrangente, onde há uma ideia de confiança muito forte, vai além de apenas brincarem juntos, é uma relação bem mais íntima. Geralmente, nessa faixa etária, as crianças buscam nas mais velhas, tanto amigos, irmãos ou primos como exemplos, e buscam sempre de alguma maneira chamar a atenção deles para que vejam o quanto ela também está crescida e que pode fazer as mesmas coisas que elas.

A questão midiática é muito importante, já que a criança atual nessa faixa etária está propensa a valorizar mais os aparelhos eletrônicos, como televisão computadores e celulares, então deve se ter uma noção em como esse hábito influência em seu desenvolvimento e isso depende sempre do conteúdo que se está tendo acesso. Uma criança que têm o mínimo acesso a vídeos e jogos de violência já é o bastante para desenvolverem atitudes iguais com as pessoas ao seu redor, a única varável é a intensidade, assim como também se tiverem acesso a conteúdos educativos, de respeito ao próximo e noções de cidadania, por exemplo, a criança também vai absorver isso para sua personalidade e conduta, então tudo sempre depende do conteúdo contido e no controle dos pais.

2.3. Questões de ordem teórico-práticas

Como fora observado, Lucas que está com 6 anos de idade apresenta características não só da meninice como também ainda da Primeira Infância, o que é totalmente normal segundo pesquisadores do desenvolvimento onde a criança com 6 anos ainda apresenta aspectos dos 5 anos.

Lucas se mostra uma criança extrovertida, traços de sua personalidade já em formação, onde conversa com as outras pessoas na sala, brinca com o primo mais velho e com o bebê presente, fazendo-o rir e também se mostra amoroso quando abraça a tia e diz que a ama.

Sua linguagem é bem compreendida soltando ás vezes apenas algumas palavras erradas, usa a chantagem para conseguir o que quer ao perguntar ao primo mais velho se ele largasse o celular que era o que o primo queria, se brincaria com ele de polícia e deixando claro que ele quem lideraria, característica egocêntrica que remete um pouco à Primeira Infância.

Possui já um raciocínio de interpretação do seu ambiente ao dizer que seu primo mais velho só quis ir brincar com ele porque estavam sendo filmados, e também ao perceber que seu primo não havia jogado seu celular no chão como havia alegado